Em comemoração dos 24 anos do Boca do Inferno, no próximo dia 10 de maio, o editor Marcelo Milici pediu a seus colaboradores que elaborassem listas dos 24 filmes que consideram mais marcantes em sua vida. Abaixo segue a de Taison Natarelli, crítico do site, em um cardápio de produções clássicas, divertidas e essenciais!
1º – O Bebê de Rosemary | Roman Polanski | EUA | 1968
A melhor história de terror já contada até hoje. Não consigo pensar em nada mais assustador do que descobrir que o simpático casal de velhinhos que moram no apartamento ao lado faz parte de um coven de bruxos, conspirando para o nascimento do Anticristo na Terra. A história de Ira Levin e a atuação de Mia Farrow fazem deste o filme de terror mais importante para mim.

2º – Esta Noite Encarnarei no Teu Cadáver | José Mojica Marins | Brasil | 1967
Um clássico absoluto do cinema nacional, assim como o seu antecessor, À Meia-Noite Levarei Tua Alma (1964), mas com uma produção melhor. Zé do Caixão se tornou o meu primeiro ícone do terror quando eu assistia ao Cine Trash, na Band, com apenas 6 anos de idade.
3º – Suspiria | Dario Argento | Itália | 1977
A obra-prima do mestre do terror italiano. Uma história sobre bruxaria, recheada de mortes chocantes e sangrentas, além da estética marcada por cores fortes e vibrantes, tornam esse longa uma experiência hipnotizante. Foi esse filme que fez com que Dario Argento se tornasse meu diretor preferido.

4º – Brinquedo Assassino | Tom Holland | EUA | 1988
O primeiro e mais assustador filme de uma das mais importantes franquias de terror. Se meu primeiro contato com o universo de horror foi através do Zé do Caixão, Chucky foi o responsável por me tornar fã de filmes de terror de uma vez por todas. Minha obsessão pela criatura de Don Mancini era tão grande que eu tinha um boneco chamado Andy, que levava por toda parte quando tinha uns 7 anos, e Alex Vincent ser meu primeiro crush da infância.
5º – Psicose | Alfred Hitchcock | EUA | 1960
Como não amar o filme responsável pela famosa cena de Janet Leigh no chuveiro? Poucos filmes causam aquele sentimento único de espanto, como na primeira vez em que você assiste à cena de Norman aparecendo travestido como sua mãe. O sorriso de Gioconda não é nada comparado ao que Anthony Perkins esboça na cena final. Definitivamente, o “Mestre do Suspense” não poderia ficar de fora da minha lista.
6º – Louca Obsessão | Rob Reiner | EUA | 1990
Enquanto enfermeiro, sou totalmente contrário à mania que muitos filmes e novelas têm de colocar uma enfermeira como a “vilã louca” da narrativa, mas Misery é a minha exceção. Além de Louca Obsessão ser a minha história favorita do “Mestre do Terror”, a atuação impecável de Kathy Bates – que trouxe a fanática Annie Wilkes à vida – fez história no Oscar, em uma das poucas vezes em que o cinema de horror foi devidamente respeitado e reconhecido pela Academia.
7º – Pânico | Wes Craven | EUA | 1996
Na década de 90, quando os slashers já estavam em decadência, Wes Craven foi o responsável por reinventar o subgênero. É difícil encontrar um millennial que nunca tenha reunido os amigos para assistir aos filmes da franquia Pânico. Sidney Prescott pode ser considerada uma das maiores final girls, ao lado de Laurie Strode.
8º – O Exorcista | William Friedkin | EUA | 1973
Considerado por muitos o melhor filme de terror de todos os tempos. Destacam-se: a história assustadora de William Peter Blatty, os atores sérios envolvidos e os efeitos especiais inovadores para a época, que até hoje dão um banho em muito CGI por aí. Em 2001, com 11 anos de idade, fiz questão de ir aos três cinemas da minha cidade para assistir à versão do diretor nas telonas.
9º – Hellraiser 2 – Renascido das Trevas | Tony Randel | Reino Unido, EUA | 1988
Hellraiser é a minha franquia favorita, e nela – diferente do que acontece na maioria das vezes – a sequência foi capaz de superar o original. A mitologia criada por Clive Barker alcançou outro patamar em Hellbound, que, em vez de apenas invocar os cenobitas, desta vez optou por levar o espectador ao inferno. Agregando com maestria elementos do sobrenatural à sangria desenfreada dos slashers, a saga de Pinhead – o Sacerdote do Inferno – não fica atrás de outras mais famosas como A Hora do Pesadelo e Sexta-Feira 13.
10º – O Massacre da Serra Elétrica | Tobe Hooper | EUA | 1974
Lembro de assistir ao primeiro filme de Leatherface com muita expectativa, de tanto ouvir pessoas elogiando e o colocando como um dos filmes mais sangrentos e brutais de todos os tempos, o que assino em baixo. Ainda que o impacto que teve na época do seu lançamento não seja o mesmo para quem o assiste pela primeira vez hoje em dia, é inegável que foi um marco na história do cinema de terror e, especialmente, dos slashers.
11º – Halloween – A Noite do Terror | John Carpenter | EUA | 1978
Um dos primeiros slashers a atingir o mainstream, talvez o principal responsável pelo sucesso e disseminação do subgênero. Michael Myers é, sem dúvida, um dos mais notórios serial killers fictícios da história. A imagem do assassino de babás, que usava uma máscara branca e empunhava uma faca de cozinha, é emblemática e marcou a época em que morei nos EUA, quando trabalhava como babysitter.
12º – Quando Eu Era Vivo | Marco Dutra | Brasil | 2014
Conhecido pela maioria das pessoas como “o filme de terror da Sandy“, mas, para mim, é o melhor exemplar do terror nacional moderno. Marco Dutra conseguiu contar uma história de assombração legitimamente brasileira, ao trazer elementos da nossa cultura e do ocultismo, sem caricaturas.
13º – A Noiva de Chucky | Ronny Yu | EUA | 1998
Se Brinquedo Assassino (1988) deu o pontapé inicial, A Noiva de Chucky (1998) foi responsável por alavancar a franquia, que andava mal das pernas. A introdução de Tiffany Valentine, com seu estilo e personalidade camp, representou um ganho imensurável para a série de filmes Child’s Play, que tomou um caminho sem volta rumo ao humor ácido. Além disso, Jennifer Tilly – um indiscutível ícone gay – foi a cereja no bolo que faltava para que crianças queer, como eu, se apaixonassem mais ainda pela franquia.
14º – Um Estranho no Lago | Alain Guiraudie | França | 2013
Um filme repleto de suspense, com morte, sangue, erotismo e um assassino à solta, matando nas margens de um lago, tendo como cenário de fundo um matagal claustrofóbico. Ainda assim, há quem não o considere um filme de terror no sentido estrito da palavra. De qualquer forma continua sendo, ao menos para mim, o melhor exemplar LGBTQIAPN+ do gênero.
15º – Violência Gratuita | Michael Haneke | Áustria | 1997
Se eu já havia gostado do remake estadunidense, depois que assisti ao original austríaco passei a idolatrá-lo. Detentor do título de “a melhor abertura de um filme de terror”, conferido por mim mesmo. Logo no início, quando vemos a cena da família feliz viajando de carro e, ao fundo, começa a tocar um metal pesadíssimo, sabemos que vem coisa boa por aí – para o telespectador, não para os personagens.
16º – Sleepaway Camp | Robert Hiltzik | EUA | 1983
Pode não ser tão famoso quanto outros slashers dos anos 80 – lembrando que nem chegou a ser lançado oficialmente no Brasil na época –, entretanto, foi pioneiro ao abordar temas delicados, como a transexualidade, com muito sangue e mortes criativas. Um slasher divertido e lendário.
17º – Terrifier 2 | Damien Leone | EUA | 2022
Após o lançamento de Pânico em 1996, os fãs de slashers ficaram órfãos de um serial killer/monstro icônico – até a chegada de Art. O palhaço de Aterrorizante (2016) pode ser facilmente colocado ao lado de Freddy, Jason, Ghostface e companhia como um dos maiores ícones do horror de todos os tempos. A continuação (Terrifier 2), uma verdadeira homenagem ao próprio subgênero e aos seus antecessores, acabou superando o primeiro filme e é, até o momento, o melhor da franquia.
18º – Pearl | Ti West | EUA | 2022
Polêmicas e memes à parte, Mia Goth – “a neta da atriz brasileira Maria Gladys” – é a scream queen mais importante da atualidade. A aclamada trilogia de Ti West, que começou com o excepcional X – A Marca da Morte (2022), foi responsável por reviver os slashers nos anos 2020. O prequel, apresentando ao público as origens da psicopata Pearl, seria o seu ápice.
19º – Wolf Creek – Viagem ao Inferno | Greg Mclean | Austrália | 2005
O melhor slasher australiano já lançado. Assisti pela primeira vez quando tinha 15 anos e rapidamente incluí a cratera de Wolfe Creek na minha lista de lugares que preciso conhecer antes de morrer. Levemente inspirado em casos reais de assassinatos de mochileiros, o filme ganhou uma sequência, uma série de televisão e, ao que tudo indica, em breve veremos Mick Taylor atacando novamente.
20º – Torso | Sergio Martino | Itália | 1973
Foi o primeiro giallo que assisti. Também considerado o precursor dos slashers americanos, foi o assassino desse filme que caminhou para que, somente 1 ano depois, Leatherface pudesse correr com sua serra elétrica. Um assassino mascarado, uma final girl, jovens inconsequentes passando tempo em um local isolado, além de muitas mortes, com altas doses de sangue, violência e erotismo – ou seja, todos os elementos que se tornariam regra para um bom slasher.
21º – #Alive | Il Cho | Coreia do Sul | 2020
O ano de 2020 foi marcado pelo início da pandemia de COVID-19 e, em meio ao isolamento social, não me restavam muitas alternativas a não ser desfrutar do cinema de horror. Foi esse filme coreano que mais me marcou durante essa fase. Enquanto torcia para que Oh Joon-woo (Yoo Ah-in) sobrevivesse ao apocalipse zumbi, eu travava minha própria batalha contra o SARS-CoV-2 e pela minha saúde mental.
22º – [REC] | Jaume Balagueró, Paco Plaza | Espanha | 2007
Como esquecer a história da menina Medeiros e da repórter Ángela Vidal (Manuela Velasco), que colocou os holofotes no cinema de horror espanhol? Em 2012, conheci meu marido e, no início do relacionamento, nossa ideia de date perfeito era pedir pizza e maratonar franquias de terror, nossa preferida: [REC]. Afinal de contas, nada mais romântico do que ver zumbis espanhóis dilacerando pessoas.
23º – Atividade Paranormal 3 | Henry Joost, Ariel Schulman | EUA | 2011
A franquia de Atividade Paranormal foi uma das mais bem sucedidas, comercialmente falando, entre os anos 2000-2010. Minha irmã e eu íamos religiosamente ao cinema para assistir a todas as continuações. A terceira parte, ambientada nos anos 80, é o meu exemplar preferido da trama envolvendo Katie, Kristi e Toby. Tem coisa melhor para fortalecer o laço entre irmãos do que ir ao cinema para ver duas irmãs sendo assombradas por uma entidade paranormal? Sem mencionar que o plot twist das bruxas no final é um dos meus momentos favoritos de toda a franquia.
24º – O Mutilador | Buddy Cooper | EUA | 1984
Descobri a VHS empoeirada de O Mutilador nas prateleiras de uma locadora que estava fechando na minha cidade. Foi amor à primeira vista: no momento em que li o quase poético slogan “By sword, by pick, by axe, bye bye”, sabia que teria que desembolsar os R$5,00 do meu lanche da escola para conferir essa pérola em casa. Não só curti como assistia quase todos os dias quando voltava da escola, além de forçar meus amigos a fazerem a brincadeira à la “gato mia” que acontece no filme. No momento, aguardo ansiosamente pelo lançamento oficial da tão aguardada sequência, Mutilator 2 (2023), que já está finalizada.