A Filha do Mal
Original:The Devil Inside
Ano:2012•País:EUA Direção:William Brent Bell Roteiro:William Brent Bell, Matthew Peterman Produção:Morris Paulson, Matthew Peterman Elenco:Fernanda Andrade, Simon Quarterman, Evan Helmuth, Ionut Grama, Suzan Crowley, Bonnie Morgan, Brian Johnson, Jeff Victoroff, Pamela Davis, John Prosky, Claudiu Istodor |
Quando Heather Donahue desceu as escadas daquela casa maldita, o público esperava encontrar uma bruxa horrenda, com sua pele asquerosa e dedos esqueléticos, alimentando-se de Joshua e Michael. No entanto, o final não foi como o público imaginava, permitindo que muitos simplesmente não digerissem a clássica obra moderna de Daniel Myrick e Eduardo Sánchez. O mesmo aconteceu com centenas de outras produções, incluindo o recente O Último Exorcismo, cuja sequência final, fora dos parâmetros comuns, fizeram o longa adquirir críticas negativas até ser massacrado pela massa. É possível que o final de um filme possa salvar ou estragar tudo o que fora exibido no decorrer de uma produção? O especialista em finais surpresas, M. Night Shyamalan, sempre acreditou na potência dos últimos minutos de seus filmes, atraindo fãs e detratores na mesma medida. Se Seven – Os Sete Crimes Capitais terminasse com o assassino John Doe preso ou morto pela polícia, sem aquela sequência decapitante, teria sido visto com os mesmos olhos?
Esses pensamentos podem incluir mais um exemplar do gênero, o terror sobre exorcismos Filha do Mal, lançado nos cinemas brasileiros em 3 de fevereiro, sem qualquer cabine de imprensa ou divulgação fervorosa. Antes mesmo de chegar às telas pelo mundo, o trabalho de William Brent Bell (Stay Alive – Jogo Mortal) era anunciado como um possível substituto da franquia Atividade Paranormal: exibindo trailers e algumas cenas na internet que enfatizavam a câmera em primeira pessoa ou através de circuitos internos, é evidente que a proposta era exatamente essa. Até mesmo um vídeo filmado durante uma pré-estreia do longa numa igreja (!!!) fazia questão de destacar a reação do público, num processo de marketing já utilizado no espanhol [REC] e no filme de Oren Peli…
Os olhares assustados da plateia não são à toa, pois o filme possui realmente momentos angustiantes na performance contorcionista de uma possuída e nas investigações dos assassinatos na cena inicial ou no avanço da protagonista nesse submundo aterrorizante, mas todo o esforço registrado se encerra de forma absolutamente revoltante. Como fã de finais criativos, tão comuns nessa febre de mocumentários, não tive a mesma sensação quando surgiu o primeiro nome nos créditos finais.
Na trama, a gatinha brasileira Fernanda Andrade interpreta Isabella Rossi, uma jovem que não possui boas lembranças da mãe: quando ela era pequena, Maria Rossi (Suzan Crowley) telefonou para a polícia alegando ser a culpada pelo assassinato de três pessoas em sua residência, membros de seu grupo na igreja, com toques de violência extrema. Depois de presa e julgada, estranhamente ela fora mandada para um hospital psiquiátrico na Itália, o que fez sua filha suspeitar que ela pudesse ter feito parte de um ritual de exorcismo. Isabella parte para Roma com o apoio do documentarista Mike (Ionut Grama) com o intuito de desvendar o crime do passado, contando com a ajuda de dois padres Ben (Simon Quarterman) e o paranoico David (Evan Helmuth).
Após uma visita chocante à sua mãe, onde ela repete constantemente conecte os cortes, Isabella começa a se convencer de suas teorias, principalmente quando os padres sugerem que a garota presencie um exorcismo para entender o que pode estar afetando sua progenitora. Nos porões da casa, ela conhece um terror que jamais poderia imaginar: a menina possuída se contorce e sangra, enquanto a chama pelo nome. Não tendo outra solução que não seja realizar um exorcismo não autorizado com sua mãe, o grupo passa a ser influenciado negativamente pela situação, gerando novas possessões e atos insanos.
Filha do Mal não é um filme ruim como muitos apontam, simplesmente pelo repúdio aos minutos finais. Há momentos de tensão e cenas assustadoras ali, sem apelar para sustos fáceis ou trilha sonora exagerada. O pessimismo está presente em suas tomadas depressivas por toda a produção, deixando o público perturbado e com uma constante sensação desconfortante, mesclando ansiedade e arrepio. Com ótimas atuações, principalmente da brasileira, o filme não tenta seguir à risca o subgênero, com sequências de possessão triviais e vômitos – algo que O Último Exorcismo já havia feito de forma eficiente -, embora grande parte dos acontecimentos tenham sido exibidos nos trailers e cenas divulgadas na internet.
No entanto, o final….bom, não é preciso soltar spoilers que possam estragar a surpresa do público para explicar o que acontece: imagina qual seria a sua reação se em O Exorcista, o padre Merrin (Max von Sydow) estivesse prestes a enfrentar o demônio pela última vez, quando, de repente, a casa explodisse, devido a uma influência do Mal, e surgissem os créditos. E se, em O Massacre da Serra Elétrica (1974), a Sally (Marilyn Burns) resolvesse dar uma garfada na cena do jantar e morresse engasgada, terminando o filme com Leatherface com cara de nonsense? E se, em Olhos Famintos, o personagem de Gina Philips terminasse vendo o irmão sendo capturado pela criatura, tendo na última cena o monstro costurando a pele de Darry, antes de colocar seus olhos sobre ela? Ops…
Enfim, não se pode dizer que o final não seja surpreendente, mas caberiam mais dez minutos ali, numa orgia de possuídos, sangue e morte. E ainda traz um grande furo, se levar em consideração que o demônio jamais agiria com o propósito de apenas matar seu hospedeiro. Qual seria seu objetivo, então? Possuir cada pessoa no mundo e matá-la de forma violenta ou disseminar violência e caos? Dê uma chance ao filme, mas não se zangue se o final te deixar possesso!
eu achei ruim pra kramba,foi mal.