2:13
Original:2:13
Ano:2009•País:EUA Direção:Charles Adelman Roteiro:Mark Thompson Produção:Charles Adelman, David A. Armstrong, G. Richard Beddingfield, Mark Thompson, Keith Walley Elenco:Mark Thompson, Mark Pellegrino, Teri Polo, Kevin Pollak, Dwight Yoakam, Jere Burns, Greg Cromer, Lyman Ward, Ken Howard, Rob Moran |
Os assassinos em série já não andam mais criativos. Há tantas produções no estilo que as motivações passaram a ser banais, dando prioridade para o modus operandi, as vítimas e àqueles que irão seguir sua trilha de sangue e mutilações. Podemos dividir o estilo em algumas categorias como os slashers – filmes cujo acumulo de corpos e sangue são mais importantes do que o enredo -, os gialli – estilo italiano de apresentar um serial killer misterioso, mortes e investigações – e os thrillers – voltados mais para as investigações, as motivações, tendo detetives como protagonistas e algumas cenas de perseguição e suspense. Neste último subgênero, há dois longas fundamentais, que marcaram época e serviram de inspiração para os demais: Seven, os Sete Crimes Capitais e Ressurreição – Retalhos de um Crime.
Pode-se dizer que o filme desta análise, 2:13, bebe um pouco dessas fontes, além de se inspirar, em menor escala, em O Silêncio dos Inocentes. São tantas inspirações que a originalidade acaba ficando em segundo plano, ainda que tente algumas alternativas diferentes no terceiro ato. Na verdade, parece novela brasileira ao contar sempre a mesma história alternando apenas o elenco e as motivações. O roteiro funciona mais ou menos assim:
1) Morte Inicial: uma vítima sofre nas mãos do assassino antes mesmo de aparecer o título do filme
2) A Polícia Chega ao Local: com do not cross para todo lado, os investigadores tentam encontrar pistas sobre o autor do crime
3) A Investigação: amargurados por tragédias no passado (seja um crime não bem solucionado, uma separação trágica, uma infância sofrida), os investigadores descobrem pistas novas no mesmo local do crime, enquanto novos corpos surgem para confundi-los.
4) Modus Operandi: as investigações apontam uma motivação maior, com o assassino se inspirando em alguma obra de arte, livro, autores, crimes do passado, algo relacionado à sua infância triste. Assim facilita para eles descobrirem quando será o próximo ataque.
5) Quase Prisão: a polícia quase prende o vilão, que consegue escapar no último segundo. Não é hora dele ainda querer ser preso.
6) Morte Trágica: alguém conhecido dos investigadores irá morrer, deixando-os extremamente irritados e confusos.
7) Conclusão: o assassino é morto ou se mata, mas deixa seu legado para possíveis continuações ou apenas para atormentar a polícia para sempre.
Salvo algumas raras exceções, você até se diverte com tudo o que está vendo mesmo tendo uma leve sensação de já ter visto tudo aquilo antes. Em 2:13, o assassino da vez tem inspiração nas frases de William Shakespeare, enquanto mutila suas vítimas e as prende no teto com uma máscara. Na cena inicial, ele perfura o peito de uma garota com uma agulha, sufoca-a e crava em seu rosto a tal máscara. Chega, então, o detetive Russell Spivey (Mark Thompson, que também escreveu o roteiro), logo relacionando a morte a um possível crime do passado.
Ele é auxiliado por Jeffrey (Jere Burns) e sua amada Amanda Richardson (Teri Polo), que sobreviveu a um ataque do serial killer no passado e tenta se aproximar de seu parceiro. Como a infância não traz boas lembranças para Spivey, ele constantemente é orientado pelo psicólogo Dr. Simmons (Kevin Pollak, de Columbus Circle), alguém que tenta descobrir o que pode estar atormentando o detetive. Há também o marido de uma vítima desaparecida, John Tyler (Mark Pellegrino, de Supernatural), que acredita que sua esposa ainda esteja viva, mesmo que esse não seja o estilo do assassino.
Durante as investigações, Spivey começa a encontrar uma ligação entre os crimes e seu passado, uma tragédia envolvendo a desfiguração da mãe e o seu suicídio, e teme que a sua reaproximação com Amanda pode colocá-la como alvo do assassino. Além de espalhar algumas mortes ocasionais, o tal criminoso costuma mandar e-mails para John Tyler com frases de Shakespeare, que podem ajudar a identificar sua identidade e próximos crimes.
2:13 não traz realmente nada novo para o estilo. Dirigido, com guaraná, por Charles Adelman, que exagera nos cortes rápidos e nas informações arremessadas sobre o público num estilo quase em formato clipe, o filme não cansa o espectador, que digere sem muito esforço o seu conteúdo como um fast-food, já imaginando que irá esquecer logo em seguida. Apesar de começar com algumas boas doses de violência, o conteúdo acaba não seguindo essa regra, fazendo com que a abertura destoe do restante do filme.
A identidade do assassino também não irá surpreender o espectador mais atento até mesmo porque não há grandes reviravoltas e os flashbacks facilitam o trabalho. Talvez o terceiro ato, o interrogatório, traga algumas mudanças nas regras do jogo, mas nada espetacular, surpreendente. Além disso, fica evidente que o assassino precisou contar com a sorte para relacionar o número 2:13 aos crimes, principalmente o último, naquelas coincidências que só funcionam no cinema.
Pela participação de alguns rostos conhecidos no elenco, podia se imaginar que sairia algo novo para o estilo, porém 2:13 opta por seguir a cartilha ao invés de inovar, quase ofendendo a inspiração ao apresentar uma produção apenas trivial. Como diria William Shakespeare: “Não sujes a fonte onde aplacaste tua sede.”
concordo em genero numero e grau com voce,e fiquei contente que voce lembrou do filme retalhos de um crime que para mim é um classico,com cristopher lambert,valeu