3.3
(4)

Chernobyl - Sinta a Radiação
Original:Chernobyl
Ano:2012•País:EUA
Direção:Bradley Parker
Roteiro:Oren Peli, Carey Van Dyke, Shane Van Dyke
Produção:Oren Peli, Brian Witten
Elenco:Ingrid Bolsø Berdal, Dimitri Diatchenko, Olivia Dudley, Devin Kelley, Jesse McCartney, Nathan Phillips, Jonathan Sadowski, Milos Timotijevic, Milutin Milosevic

No primeiro semestre de 1986, o mundo parou para acompanhar o maior desastre nuclear da história, o acidente na Usina de Chernobyl. Construída em meados da década de 70 na antiga União Soviética, no distrito de Raion, ela era conduzida por trabalhadores que moravam numa cidade próxima chamada Pripyat, planejada exatamente para abrigar os seus funcionários. No dia 26 de abril de 1986, enquanto faziam testes de segurança, um reator teve problemas técnicos e acabou liberando uma imensa nuvem radioativa que atingiu pessoas, animais e todo o meio ambiente da região e das localidades adjacentes, como a própria Pripyat, obrigando os habitantes a abandoná-la em poucos minutos. Até hoje ainda se discute o número de afetados pela tragédia, mas é certo que muitos ainda sofrem seus efeitos em doenças degenerativas como câncer.

Pripyat é considerada atualmente uma cidade-fantasma. Muitos não conseguiram fugir dela na época do acidente, enquanto outros se recusaram a abandonar seu lar, assumindo os riscos que a contaminação radioativa pode gerar. Entre brinquedos, roupas e objetos pessoais, o local passou a servir de interesse para o cineasta Oren Peli (de Atividade Paranormal), quando ele viu num blog as fotos da motociclista Elena, que atravessou a região afetada e registrou com sua câmera fotográfica todo o aspecto assustador, tétrico e mórbido, apelidado por ela de terra dos lobos.

Peli passou a ideia para Carey Van Dyke (O Dia em que a Terra Parou, de 2008) e Shane Van Dyke (Titanic II) e juntos elaboraram o roteiro do terror psicológico Chernobyl (Chernobyl Diaries), a estreia na direção de Bradley Parker (trabalhou na segunda unidade de Deixe-me Entrar). As filmagens duraram cerca de um mês, entre setembro e outubro de 2011, contando com um elenco de rostos levemente conhecidos como Ingrid Bolsø Berdal (Presos no Gelo 2), Dimitri Diatchenko (Indiana Jones e o Reino da Caveira de Cristal), Olivia Dudley (Chillerama), Devin Kelley (da série Covert Affairs), Jesse McCartney (que faz a voz do esquilo Theodore na franquia Alvin e os Esquilos), Nathan Phillips (Serpentes a Bordo) e Jonathan Sadowski (Sexta-Feira 13, de 2009). Esses sete atores conduzirão seus personagens ao inferno de uma cidade dominada por seres mutantes e famintos…

Chernobyl tem início apresentando a viagem de turistas americanos pela Europa. Fazendo uso da câmera em primeira pessoa – felizmente, só na cena inicial – acompanhamos Chris (McCartney), sua namorada Natalie (Dudley) e a amiga do casal, a fotógrafa Amanda (Kelley) em diversos pontos turísticos. O trio pára em Kiev, onde mora o irmão de Chris, Paul (Sadowski), e ele resolve apresentar o lugar, convidando-os a fazer um passeio extremo pela cidade-fantasma de Pripyat, auxiliados pelo guia Uri (Diatchenko). Antes de embarcar, eles ainda conhecem dois turistas estrangeiros que também estão indo para o local – um australiano e uma norueguesa (Phillips e Berdal).

Sabendo que, devido ao índice radioativo, eles só poderão visitar o ambiente por apenas duas horas para evitar algum contágio, os visitantes seguem à risca as orientações do guia, mesmo quando ele decide fazer algumas bobagens como enfiar a mão num lago ou levá-los para prédios abandonados. Durante a caminhada nas ruas sujas e frias da cidade, eles encontram animais como um peixe mutante, um urso e cães decrépitos, mas não imaginavam que pessoas poderiam ainda viver ali.

Imagine uma versão light de Quadrilha de Sádicos ou seu remake Viagem Maldita e você entenderá como irá se conduzir Chernobyl. Trabalhando mais com o sugerido do que evidenciando monstros, Parker chacoalha sua câmera a cada susto como se fosse um found footage, atrapalhando qualquer possibilidade de identificação do que está acontecendo. Ainda assim é possível que o espectador fique arrepiado, embora não entenda o porquê de algumas ações insanas dos jovens e seu guia controverso. Eles entram em lugares escuros a procura de desaparecidos, resolvem se separar em momentos críticos, invadem um ônibus e atiram para todo lado quando conseguem uma arma.

Uri, por exemplo, em certo momento em que o grupo se encontra isolado num veículo, diz: É só ficarmos aqui que nada vai acontecer. Dois segundos depois, ele ouve um barulho e vai verificar a sua origem, desaparecendo na escuridão com seu revólver, mesmo sabendo que existem pessoas ao redor. A propósito, o guia demonstra saber que existem moradores no local se referindo com o pronome eles, porém ninguém pergunta para ele a respeito disso, como se o roteiro não se atrevesse a julgar os vilões como vítimas da radioatividade. No entanto, perguntas idiotas como o que é Chernobyl? surgem na tela a todo momento, tendo os personagens como informantes, embora não se aprofundem nas respostas.

Outra falha grave em Chernobyl está nas atuações de seu elenco limitado. Poucos personagens conseguem transmitir o desespero de uma situação aguda como aquela, se a própria condição de passar a noite numa cidade abandonada a mercê da radioatividade e animais da região já seria extremamente assustadora. Chega a ser engraçado vê-los correndo de um lado para outro, fugindo de cães, preocupados com o aumento do nível de radiação, mesmo tendo já ficado muito mais de duas horas ali, interagido com o ambiente, caindo em rios e inalado a poeira do local.

Além disso, as cenas que poderiam causar mais arrepios não foram bem exploradas. Cito como exemplo a fotografia tirada por Amanda, que traz uma figura sinistra observando-os de uma janela. Mesmo vendo aquele estranho na foto – não apresentado de forma adequada pelo diretor -, a garota não se assusta o suficiente, nem a mostra para os amigos, como se não fosse algo para justificar uma fuga rápida do local. Também há o episódio em que encontram uma criancinha de costas – algo que me fez realmente ficar arrepiado -, apesar da conclusão dessa cena não ter feito jus às expectativas.

Apesar dos problemas, Chernobyl, o filme, não é um desastre. Chega próximo disso, mas as cenas de tensão podem até deixar o espectador com a impressão de que teve medo. Um ambiente assustador não é o suficiente para tornar uma produção assustadora, principalmente se não houver ousadia ou um roteiro que explore o terror de forma plena, não apenas superficial.

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17 Comentários

  1. Achei legal.  Filme diferente. Só queria que o Paul tivesse sobrevivido. Ele tem pinta de principal. O melhor personagem foi o Paul. Se destacou entre todos. Os outros personagens foram fracos em suas atuações. Se teve algo de bom nesse filme é por causa do Jonathan Sadowiski. Só ele soube atuar. Se não fosse ele eu teria parado de assistir no meio do filme. Ele salvou. Se alguém sobrevivesse com certeza seria ele. Roteiro foi meio pobre, faltou drama. Amei sua observação.

  2. É mais interessante pela ambientação do que pela história. Algumas cenas ficaram na minha cabeça por causa dos locais, especialmente pela vegetação que tomou conta deles. Foi uma boa ideia, não muito bem explorada.

  3. Graças à Deus não fui ao cinema assistir, pq se não teria tido um treco com esse filme! Eu tento relevar algumas coisas idiotas que acontecem em filmes, mas nesse foi difícil, principalmente com um final daquele.

  4. É um filme divertido e bem tenso em alguns momentos,mas tem muitos erros e o final eu achei brochante.

  5. Eu gostei deste filme, talvez pela ambientação e locações perfeitas para se desenvolver uma trama com muito suspense, fazendo-me lembrar de alguns clássicos “Survival Horror” dos tempos do PlayStation One. É inegável que a idéia em si tem sim uma certa originalidade, e o local escolhido para a condução da trama também traz um ineditismo, dando pontos positivos ao longa. Claro que embora eu tenha gostado, admito que achei apenas um filme mediano, não chegando a se destacar em meio à outras produções do gênero, como o citado “Viagem Maldita”, que na minha opinião, é um dos melhores filmes de terror já feitos.

  6. Eu fiquei decepcionado com esse filme. Esperava melhores efeitos especiais, MORTOS-VIVOS GROTESCOS, muitos. Sustos e uma boa dose de drama. Porém nada disso veio, e se não fosse a boa atuação deve Jesse McCartney, o filme seria um fiasco total.

    PS.: O trailer é melhor que o filme inteiro.

  7. Assisti e achei muito fraco também. O tema é bem livre para explorar, como aconteceu no citado The hills have eyes, principalmente o remake que pra mim é o melhor do gênero deformados por radiação. Filminho dispensável.

  8. Eu não vi no cinema, mas, vou deixar ESTREAR na TV por Assinatura…
    Mas, todos falam que o filme é ruim, e se outro CARA BOM, conseguir fazer a mesma história com atores competentes e algo mais… ASSUSTADOR, até que vou no cinema ver…

  9. eu gostei 🙂
    do começo á metade o filme é perfeito , depois começa fica meio tontinho , mas eu amei o final =]

  10. NEM VI ,E AGORA É QUE VAI SER DIFÍCIO DEPOIS DE LER ESSA CRÍTICA.

      1. achei o filme legal ate a parte em que a van nao funciona
        dps as cenas de suspense foram boas porem podeiam ser mais bem aproveitadas
        eo final deveriam ter os 2 regatados para poder dar uma continuaçao nota 6.5

  11. Este filme é muito ruim. Conseguiram destruir uma ótima idéia que poderia idealizar um clássico do gênero. Atores ruins, direçã péssima, enfim, tudo errado. O pior é aquele final sem qualquer nexo. Deixou o telespectador à deriva.

    1. É msm. Eu realmente esperava mais dele! O filme tinha tudo para dar certo, mas ficou totalmente estúpido! Mas, fazer o que, né?

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