3.8
(5)
Aqui Tarados (1981)
O tabu, o mórbido e o grotesco
Aqui, Tarados!
Original:Aqui, Tarados!
Ano:1981•País:Brasil
Direção:David Cardoso, John Doo, Ody Fraga
Roteiro:Ody Fraga
Produção:David Cardoso
Elenco:Zaira Bueno, Luiz Castellini, John Doo, Jair Garcia Duarte, Sonia Garcia, Milton Manzano, Jefferson Pezeta, Antônio C. Ribeiro, Arthur Roveder, Alvamar Taddei

Pelo nome e pela procedência, o cinemão popular da Boca do Lixo paulista acabou sendo falsamente estigmatizado como apenas isso: lixo. Os fãs da Brasileirinhas reclamam de seus pornôs sujos, os aficcionados pela comédia americana atual denigrem as suas pornochanchadas, e muitos supostos fãs de terror descartam várias obras-primas do gore apenas porque foram feitas numa época e lugar em que o cinema nacional estava mais preocupado em ser assistido do que em entrar para a história.

E é exatamente esse o público que vai odiar Aqui, Tarados!, filme que carrega a essência da Boca tanto no título bizarro quanto no conteúdo. Trata-se de uma antologia em três episódios, todos envolvendo algum tipo de perversão sexual proibida. No primeiro episódio, A Tia de André, onde um rapaz adolescente se envolve sexualmente com a tia balzaquiana, parece que o filme ira se tratar apenas disso: uma pornochanchada comum envolvendo temas tabu. O segundo episódio, A Viúva do Dr. Vidal, apresenta um toque de morbidez, ao mostrar uma viúva que decide se vingar do marido abusivo, transando com um amante sobre o caixão no dia do seu funeral.

Mas é no terceiro episódio, O Pasteleiro, que o filme se sagra como um dos grandes, se não o maior, representante do gore brasileiro. O personagem título é um chinês interpretado por John Doo, que traz a prostituta interpretada pela bela Alvamar Tadeu para o seu apartamento. A princípio tímido e gentil, o pasteleiro lhe oferece chá e mostra um altar com fotos de várias mulheres que passaram por suas mãos. O que parecia ser apenas um cliente esquisito acaba se tornando um psicopata cruel e sádico, que reserva assassinato, canibalismo e necrofilia para aquela noite.

Se o primeiro episódio é decamerônico, e o segundo, desconfortável, O Pasteleiro parte para o horror extremo, sem sutileza ou frescura. Exemplar de um cinema sem freios e sem moral, O Pasteleiro destoa completamente tom picante e atrevido dos outros episódios, e oferece cenas difíceis de se apagar da memória, além de um vilão que não deve nada a Zé do Caixão na sua crueldade e sadismo, e uma mistura suja de sangue e violência que o torture porn atual apenas imagina possuir.

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4 Comentários

  1. Ao contrario do que o autor leva a induzir, o gore é bem comportado, levando em conta que Zé do Caixão já fazia gore de pobre nessa epoca, mas o episodio em si, faz jus a tudo que falam dele, justamente por ser bem diferente dos outros dois, toda a parte do terror é muito rapida, o episodio é curtinho, porem, mesmo acelerado, a conclusão é muito boa, os dialogos são bem crus, mostrando todo o racismo da prostituta, bem como a ‘sujeira’ urbana daquele ponto de São Paulo, naquela época, nesse sentido o episodio merece elogios ate pela fotografia, mesmo com uma qualidade risivel de equipamentos.

  2. só pela capa do filme eu já me tornei um fã! eu tenho que assistir esse filme!

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