Adam Chaplin (2011)

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Adam Chaplin
Original:Adam Chaplin
Ano:2011•País:Itália
Direção:Emanuele De Santi
Roteiro:Emanuele De Santi
Produção:Giulio De Santi
Elenco:Emanuele De Santi, Giulio De Santi, Alessandro Gramanti, Paolo Luciani, Monica Muñoz, Christian Riva, Valeria Sannino

“O cinema de horror italiano foi pródigo em construir na década de 60 um universo repleto de sofisticação visual, dentro de uma atmosfera barroca onde imperou o domínio sobrenatural de forças ocultas. A preocupação com o impacto das cores e das sombras, a convocação de atrizes para o papel de criaturas monstruosas e a ambiguidade dos personagens foram ingredientes peremptórios para a renovação do gênero, que sobrevivia capengando.”
“O horror italiano revisitado”, de Fernando Masini.

O cinema italiano ficou amplamente reconhecido pelo seu cinema fantástico, que há quarenta anos levava milhares de brasileiros ao cinema. Infelizmente as coisas não andam muito bem por lá no que se diz respeito aos famigerados banhos de sangue produzidos por Bava e Argento. Com exceção de algumas produções esparsas eu já havia declarado o óbito deste gênero tão amado até o momento em que descobri uma produção – um tanto obscura – que uniu a modernidade dos efeitos especiais com a violência gráfica do cinema trash.

Adam Chaplin é essencialmente um filme de vingança. Seus principais fundamentos são os elementos do grindhouse oitentista e o escracho gore da Troma, que, juntamente com o derramamento de sangue e violência extrema despejados por todo o filme, chega a lembrar bastante os animes (famigerados desenhos japoneses), mas talvez eu seja mais bem compreendido se eu disser que o filme é uma mistura louca de The Crow (1994) com as histórias em quadrinhos The Darkness (série em quadrinhos criada por Marc Silvestri, Garth Ennis e David Wohl e lançada pela Top Cow Productions em 1996) e Fist of the North Star (mangá escrito por Buronson e desenhado por Tetsuo Hara em 1983).

Ambientado em uma cidade alternativa chamada Heaven Valley, esta produção indie 100% italiana narra a história de um homem, Adam (Emanuele De Santi), que deseja vingar a morte de sua esposa, Emily (Valeria Sannino) – queimada viva em circunstâncias desconhecidas – e que, mediante algumas pistas deixadas no local, acaba por descobrir o envolvimento do chefe da máfia local, o assustador Denny Richards (Chiara Marfella, com a voz de Christian Riva) e seus dois filhos sádicos, o traiçoeiro Ben Richards (Paolo Luciani) e seu irmão andrógino, Derek (Giulio de Santi). Incapaz de confiar na polícia, claramente corrompida e controlada por Danny, o que resta ao pobre homem é deixar que o ódio se torne tão latente ao ponto de invocar um pequeno demônio que lhe dará uma força sobre-humana e poderes das trevas, prometendo levá-lo até o assassino para que possa realizar sua vingança da forma mais brutal possível mesmo que isto custe sua própria alma.

Produzido pela empresa debutante Necrostorm Adam Chaplin é motivo suficiente para antecipar a próxima produção desses italianos e seus projetos loucos. O filme é dirigido pelo estreante Emanuele De Santi que lidera a produção e atua como protagonista. De Santi também produziu uma trilha sonora bastante competente que acrescenta um nível impressionante à trama do filme. De acordo com a equipe de produção do filme os efeitos especiais das cenas sangrentas se devem a uma técnica – até então desconhecida – chamada H.A.B.S. (Hyperrealistic Anime Blood Symulation).

H.A.B.S. é uma técnica inovadora que permite a união da dinâmica dos animes ao realismo do nosso mundo. Graças ao H.A.B.S. é possível ‘esguichar’ uma enorme quantidade de sangue evitando a vaporização de sangue cenográfico, que utiliza um compressor e diferentes tipos de tubos para realização das cenas. A pressão necessária para fazer uma quantidade enorme de sangue cenográfico ser espalhada normalmente altera sua composição e gera uma ‘nuvem roxa’ em torno das próteses porque a cor original do sangue, em contato com a luz local, é alterada de vermelho para rosa. Com a H.A.B.S. cenas bastante sangrentas com um elevado nível de realismo podem ser produzidas e é possível recriar em um filme splatter as lutas e mutilações extremas que normalmente só podemos admirar nos desenhos japoneses.

Técnicas à parte, Adam Chaplin não é um filme a ser levado a sério como uma peça fundamental da sétima arte e sim como uma espécie de entretenimento perverso. A história possui grotescos furos cronológicos e os excessos de CGI chegam a incomodar, mas quem se importa quando o que queremos é diversão sem se preocupar com um didatismo cafona que atualmente assola o cinema de gênero? Assistir a este filme é o mesmo que se deliciar com as porcarias produzidas pela Troma: tudo e todos são caricaturados como personagens de uma história de Ranxerox (personagem de quadrinhos criado em 1978 por Stefano Tamburini e Tanino Liberatore). A decadência da cidade é espelhada em seus habitantes sob a forma de deformidades físicas e morais e a maquiagem de Giovanni D., Cinzia Paffella e Silvia Romani não nos deixa esquecer disto. Desde os mendigos até a Força Policial têm seus rostos carregados de uma maquiagem pesada bastante semelhante a dos personagens do filme Hanger, de Ryan Nicholson.

Como nem tudo são rosas, o filme também tem seus momentos ruins. As cenas onde o protagonista é acometido por flashbacks do seu passado chegam a beirar o crepusculismo e em alguns momentos cheguei a perceber elementos homoeróticos (nada contra isso, mas estas cenas me pareceram mais uma apelação ao mulheril – ou não!) que chegam a desvincular a trama original. Como por exemplo: eu matei uma dúzia de pessoas, me lavei em seu sangue e tomo uma ducha esfregando meu corpo saradão em câmera lenta. Fala sério!!!

Outra coisa que eu também achei descartável foi a participação do assassino do cutelo Mike Carrera, contratado pelo vilão deformado para destruir Adam, mas qual não foi a minha surpresa ao descobrir que debaixo de toda aquela maquiagem e próteses estaria uma mulher (Monica Muñoz) sob a voz sintetizada de Wilmar Z., que não foi creditado em quase todas as mídias virtuais que consultei.

Em suma, se você pretende assistir um filme super sangrento (e divertido!) sem se preocupar com blá-blá-blás sobre técnica e estilo Adam Chaplin é uma ótima pedida principalmente se for pra assistir com aquela namorada/amiga metidinha ou aquele amigo fresquinho que não aguenta cenas de sangue, morte e mutilação e caso você curta este filme tanto quanto eu aqui vai mais uma surpresa. A Necrostorm aproveitou o sucesso do seu debut e lançou mais uma podreira super bacana em DVD, a ficção-científica-gore chamada Taeter City. O filme foi lançado em setembro de 2012 e de acordo com o trailer promete ser tão sangrento quanto seu antecessor. Segue abaixo um pequeno release de Taeter City.

Em Taeter City tudo é gerenciado pela mão de ferro dos membros da ditadura conhecida como A Autoridade. Eles usam um sistema especial de onda de rádio chamado Zeed que lhes permite distinguir os criminosos de cidadãos cumpridores da lei. Estas ondas de rádio especiais alteram o cérebro demente dos criminosos forçando-os a cometer suicídio das formas mais horríveis. Por causa de uma pane desconhecida o sistema Zeed já não funciona da maneira ao qual foi criado: os criminosos não estão mais se matando e sim se tornando mais fortes! Numa missão suicida três oficiais da força policial conhecida como The Bikers (Razor, Shock e Wank) são encarregados de consertar esta situação caótica.

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Iam Godoy

Escritor, colunista, fotógrafo, libertino, subversivo e um porra-louca sem noção do perigo. Comanda desde 2013 o site Gore Boulevard, antro de clássicos e bagaceiras sangrentas.

6 thoughts on “Adam Chaplin (2011)

  • 27/02/2018 em 17:21
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    É, realmente tem alguns bons momentos…

    Resposta
  • 30/07/2013 em 03:21
    Permalink

    Um dos meus filmes preferidos, extremamente divertido !!!
    Espero que a suposta continuação a qual foi mencionado no site da Necrostorm seja ainda melhor !!!

    Resposta
  • 31/03/2013 em 23:08
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    que trash,mas parece ser no mínimo interessante.

    Resposta

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