Grabbers (2012)

5
(1)

Grabbers
Original:Grabbers
Ano:2012•País:UK, Irlanda
Direção:Jon Wright
Roteiro:Kevin Lehane
Produção:Tracy Brimm, Eduardo Levy, James Martin, Kate Myers, Martina Niland, Piers Tempest
Elenco:Richard Coyle, Ruth Bradley, Russell Tovey, David Pearse, Bronagh Gallagher, Louis Dempsey, Micheál O'Gruagain, Ned Dennehy, Stuart Graham, Jonathan Ryan

Desde Street Trash (1987) não se via uma mistura tão divertida de horror e álcool! Geralmente, o cinema faz essa associação de forma negativa, mostrando os estragos da bebida na criação de monstros, zumbis ou na manifestação de demônios, como uma metáfora de controle social. Esta produção irlandesa dirigida por Jon Wright (Distúrbio, 2009) parte para o lado oposto, ao usá-la como recurso de sobrevivência durante uma invasão alienígena, uma ideia que só poderia existir se houvesse alguma base real e Kevin Lehane (The Fourth Wall, 2009) se inspirou numa teoria que teve acesso enquanto cruzava o mundo como um mochileiro: ele ficou sabendo de uma lenda urbana que dizia que pessoas que comem Marmite (alimento tipicamente inglês obtido no mesmo processo da fabricação da cerveja) se previnem de mordidas de mosquitos. Será que os insetos não gostam do sangue de pessoas bêbadas? A partir desse argumento, ele desenvolveu o roteiro e buscou patrocinadores para sua realização.

Grabbers (um termo que pode ser traduzido como agarradores) faz o estilo Banquete no Inferno, Seres Rastejantes, Malditas Aranhas e O Ataque dos Vermes Malditos ao espalhar monstros numa pequena cidade, trabalhando como humor sem exagerar na dose para evitar o pastelão. A ilha pesqueira Erin perdeu sua monotonia quando algo do espaço caiu na água, trazendo seres alienígenas hostis. Uma dor de cabeça para o guarda Ciaran O’Shea (Richard Coyle), um dos bêbados da região com sua história de viuvez para justificar o afogamento constante de suas amarguras. Além das criaturas, chega também ao local a bela policial Lisa Nolan (Ruth Bradley) para passar duas semanas como substituta, mexendo com a cabeça dos moradores e, é claro, de Ciaran.

Animais marinhos e pescadores começam a aparecer mortos, exceto o bêbado Paddy Barrett (Lalor Roddy), que consegue até mesmo capturar uma das criaturas. Elas são como polvos, mas possuem mais tentáculos e vivem à base de sangue e água. Sua reprodução e crescimento são rápidos, o que pede uma ação imediata da segurança local para evitar que a cidade seja consumida pelos monstros, principalmente com a iminente chegada de uma tempestade. Ciaran pede ajuda ao médico local, o inglês Dr. Adam Smith (Russell Tovey), e descobre que o álcool no sangue pode ser prejudicial aos alienígenas, após um teste com a bebedeira de Lisa. Assim, a solução pode ser uma festa regada a muita bebida e armas improvisadas, já que a cidade não costuma ter outras formas de defesa devido à criminalidade praticamente inexistente.

Assim, eles se armam com facas, revistas enroladas (!!!) e uma arma de água – que alguém ousa imaginar que pode transformá-la num lança-chamas. A situação torna-se divertida quando a bebida sobe à cabeça dos personagens, gerando caretas, muitas risadas e atitudes inusitadas no enfrentamento das criaturas. O destaque fica por conta da atuação de Russell Tovey, que faz o público rir com sua coragem imbecil, e, principalmente, Ruth Bradley. Segundo entrevistas na internet, a atriz estava realmente alterada em muitas das cenas protagonizadas, o que justifica a perfeição de suas expressões.

Apesar da bebedeira em massa, o policial Ciaran, acostumado a tomar porres diários, decide ficar sóbrio para controlar a situação, sendo o único consciente quando as criaturas atacam o pub mais tradicional da região. A ideia do descontrole por conta da bebida é interessante, mas poderia ser mais ousado se o roteirista acrescentasse também a solução da bebedeira para os animais e crianças. Seria politicamente incorreto, mas extremamente divertido! Outra questão é o fato de os personagens acharem que é necessário encher a cara, uma vez que poderiam simplesmente se banhar com cachaça, o que já serviria para afastar os inimigos. Mas, tenta explicar para um bebum isso…

Com efeitos especiais eficientes, num CGI que não agride o espectador, Grabbers é um divertido passatempo, com cenas bem-humoradas na dosagem certa, trazendo personagens interessantes em boas atuações. Provavelmente, um filme que pode ter um efeito ainda maior se acompanhado de amigos e algumas cervejas, tornando a experiência mais coerente com o tema proposto. Aprecie, sem moderação!

O que você achou disso?

Clique nas estrelas

Média da classificação 5 / 5. Número de votos: 1

Nenhum voto até agora! Seja o primeiro a avaliar este post.

Avatar photo

Marcelo Milici

Professor e crítico de cinema há vinte anos, fundou o site Boca do Inferno, uma das principais referências do gênero fantástico no Brasil. Foi colunista do site Omelete, articulista da revista Amazing e jurado dos festivais Cinefantasy, Espantomania, SP Terror e do sarau da Casa das Rosas. Possui publicações em diversas antologias como “Terra Morta”, Arquivos do Mal”, “Galáxias Ocultas”, “A Hora Morta” e “Insanidade”, além de composições poéticas no livro “A Sociedade dos Poetas Vivos”. É um dos autores da enciclopédia “Medo de Palhaço”, lançado pela editora Évora.

2 thoughts on “Grabbers (2012)

  • 20/03/2013 em 17:19
    Permalink

    Nossa! só de ler esta crítica fiquei com vontade de rir. Verei com certeza!

    Resposta

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *