Neonomicon (2012)

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Neonomicon (2012)

Neonomicon
Original:Neonomicon
Ano:2012•País:EUA
Direção:
Roteiro:
Produção:Panini Comics - 184 páginas (R$24,90)
Elenco:

Conhecido como uma das mentes mais brilhantes e geniais a se aventurar pelo universo dos criadores de quadrinhos, Alan Moore (Watchmen, V de Vingança) é um daqueles poucos casos unânimes. Você pode não gostar do cara, mas sua genialidade como escritor é indiscutível. Longe dos quadrinhos há algum tempo, Moore voltou aos tópicos de conversa entre nerds com suas declarações polêmicas quanto às novas histórias por outros autores envolvendo personagens que criou nos anos 80 para Watchmen.

Genialidade e rabugice à parte. Alan Moore pode soar um tanto hipócrita. Pelo menos duas de suas grandes obras bebem nas fontes de outros autores. A Liga Extraordinária e Lost Girls se apropriam de personagens criados para a literatura e os transporta para outra realidade. Extrapolando os acontecimentos de seus livros originais e continuando o legado de seus criadores. A diferença é que Moore faz isso muito bem.

Neonomicon é o caso mais recente dessa habilidade de Moore em apanhar um universo criado e estabelecido por outro autor, neste caso o mestre do horror H. P. Lovecraft, e criar sua própria obra.

Neonomicon gerou polêmica nos EUA quando donos de comic shops se recusaram a comercializar o gibi, alegando ser um material muito “pesado” e quando uma garotinha retirou o material de uma biblioteca pública, mesmo com o aviso de que o material é apropriado para maiores de 18 anos.
A base desta polêmica toda é o ponto mais interessante de Neonomicon. Moore pega o universo assexuado, quase asséptico de Lovecraft, onde o sexo permanece nas trevas, inominável como as criaturas de seus contos, e dá o seu olhar de velho mago safado. Neonomicon está recheado de sexo, perversões, estupro e toda uma variedade de elementos que fariam a alegria do Marquês de Sade.

Outro contraponto interessante é o feito ao aspecto racista e preconceituoso de Lovecraft (vale a pena contextualizar a obra no período em que foi escrita e lembrar que o autor americano se declarou arrependido por isso já no final de sua carreira) quando Moore escolhe para um dos protagonistas um agente do FBI negro.

Polêmicas à parte, Neonomicon realmente não está entre os melhores e mais marcantes escritos de Moore, mas mostra como um autor talentoso como ele, mesmo quando opta por algo banal (neste caso uma minissérie de horror escrita para uma editora menor), consegue ser genial nos pequenos detalhes. Durante a cena do estupro, Moore escolhe uma maneira simples e eficaz de fazer mistério, literalmente à vista!

Este mérito também é do ilustrador da hq,  Jacen Burrows, que mesmo não ousando muito em seus painéis, consegue criar um bom clima com sua arte cheia de pequenos detalhes espalhados pelos quadros.

A edição da Panini é bem acabada e traz, a hq O Pátio – uma espécie de prelúdio da história de Moore – escrita por  Antony Johnston, e uma introdução de Gilherme Braga, tradutor de diversos livros de Lovecraft para a editora Hedra e responsável pela tradução também das hqs deste volume. O único senão é a capa escolhida para a edição. Um grande spoiler!

É fato que Neonomicon está a anos luz de Lost Girls e A Liga Extraordinária, mas um Moore mediano ainda consegue superar de longe o marasmo dos quadrinhos mainstream das grandes editoras americanas e ser criativo e inteligente mesmo quando quer, talvez, apenas gerar polêmica.

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Rodrigo Ramos

Designer por formação e apaixonado por HQs e Cinema de Horror desde pequeno. Ao contrário do que parece ele é um sujeito normal... a não ser quando é Lua Cheia. Contato: rodrigoramos@bocadoinferno.com.br

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