O Mistério de Grace (2009)

4.2
(5)
O Mistério de Grace (2009)
Amor só de Mãe!
O Mistério de Grace
Original:Grace
Ano:2009•País:EUA, Canadá
Direção:Paul Solet
Roteiro:Paul Solet
Produção:Kevin DeWalt, Adam Green, Ingo Vollkammer, Cory Neal,
Elenco:Jordan Ladd, Stephen Park, Gabrielle Rose, Serge Houde, Samantha Ferris, Kate Herriot, Troy Skog, Malcolm Stewart, Jeff Stone, Jamie Stephenson, Tenai Cam Measmer, Chris Cunningham, Mark D. Claxton

A maternidade é um tema bastante comum e recorrente em filmes de terror. De clássicos como Psicose (Psycho, 1960) e O Exorcista (The Exorcist, 1973), os relacionamentos entre filhos e filhas com as suas mães, ou o oposto, conseguiram gerar boas produções do gênero através dos anos. Um dos mais recentes representantes desta categoria responde pelo título de O Mistério de Grace e tem colecionado boas críticas entre público e jornalistas.

O enredo é sobre Madeline (Jordan Ladd), que, após várias tentativas, finalmente consegue engravidar. Quando o filme começa, a futura mamãe está com oito meses de gestação. Após um acidente de carro, Madeline recebe a notícia de que o bebê não nascido está morto, mas ela decide manter a criança dentro de si para que aconteça um parto natural. Para isso, ela conta com a ajuda de uma amiga que possui uma clínica na qual os bebês nascem dentro de uma banheira com água. Após o parto, a menina morta volta a vida e recebe o nome de Grace. O que parece um milagre se torna uma maldição quando Madeline percebe que a sua filhinha não gosta de leite materno, mas, sim, de sangue.

Assim como a maioria dos filmes de terror que tratam da maternidade, o diretor Paul Solet criou, em O Mistério de Grace, um conto que perambula entre o horror e o drama. Primeiro, é possível perceber a ideia da criança não nascida e morta e como tudo isso é trabalhado na forma de tristeza sentida por uma mãe desesperada. Em um segundo momento, Madeline vai ter de volta a sua filha, mas manter a criança viva vai fazer com essa mulher precise fazer verdadeiros sacrifícios.
Desta forma, Paul Solet foi além do drama e conseguiu criar sequencias que vão agradar aos fãs do gênero terror, especialmente nas cenas entre mãe e filha. A ideia de um bebê recém-nascido que se alimenta com sangue é por si só forte o suficiente para convidar a audiência para assistir ao filme. Aqui, o diretor fez de O Mistério de Grace uma obra perturbadora.

O Mistério de Grace (2009) (1)

SUNDANCE E ALGUNS EXAGEROS

Parte do sucesso de O Mistério de Grace se deu quando o filme foi exibido pela primeira vez no Sundance Festival em 2009. O evento é conhecido por ser porta de entrada no mercado de diversos filmes independentes. Robert Rodriguez e Quentin Tarantino são figuras que já passaram pelo mesmo. Pois com O Mistério de Grace, de acordo com o que foi publicado nos jornais, duas pessoas desmaiaram durante a projeção, o que fez com que a obra saísse do festival com o status de filme mais assustador de todos os tempos.

Na verdade, apesar de todo o bom trabalho feito por Paul Solet, O Mistério de Grace não deve ser considerado esse filme mais assustador de todos os tempos. Se pensarmos que a tal exibição aconteceu em um festival que recebe toda a espécie de produção, é fácil entender que algumas das pessoas da plateia não eram fãs de obras de terror, o que pode fazer com que seja até comum encontrar casos de pessoas que possam passar mal diante de certas tramas. Imaginem qual seria o resultado de uma vovó assistindo Viagem Maldita (The Hills Have Eyes, 2003)? Um desmaio seria até normal.

O Mistério de Grace (2009) (4)

Mas de nada teria adiantado todo o bom trabalho de Paul Solet se a atriz escolhida para ser a mãe de Grace não fosse suficientemente capaz de viver essa personagem. E Jordan Ladd parece ter entendido exatamente como mostrar essa mulher, que não é uma vilã, mas uma mãe desesperada. Quem viu a moça em Cabana do Inferno (Cabin Fever, 2002), ou mesmo em A Prova de Morte (Death Proof, 2007), vai se surpreender com o bom desempenho dela em O Mistério de Grace. Algumas das melhores cenas da atriz são as do pós acidente.

Ao final, O Mistério de Grace consegue se sobressair entre as centenas de produções que chegam ao mercado anualmente. Mesmo não sendo o filme mais assustador de todos os tempos, merece sim ser conferido. A obra vai além de quem é o vilão ou vítima. Para este caso, a ideia da mãe que fará o que for necessário para proteger a sua filha única é a justificativa perfeita do enredo.

Conheça algumas mães famosas dos filmes de terror e suspense:

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Senhora Bates. Psicose (Psycho, 1960). A mãe de Norman Bates (Anthony Perkins) é uma das figuras mais conhecidas entre os filmes de suspense e graças a mente brilhante de Alfred Hitchcock, plateias de diferentes gerações temeram essa mulher mesmo sem vê-la direito em cena. A relação doentia dela com o filho Norman aumentou ainda mais o interesse pelo filme. A revelação sobre o mistério em torno da personagem é, depois da cena do chuveiro, o melhor momento de Psicose.

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Chris MacNeil. O Exorcista (The Exorcist, 1973). Cabeça rodando, menina descendo as escadas feito uma aranha, masturbação com um crucifixo. Não há dúvidas de como essas cenas marcaram uma geração. Mas o fato de termos a mãe Chris MacNeil, magnificamente interpretada por Ellen Burstyn, acompanhando o calvário da filha Regan (Linda Blair) parece ter tornado a história mais real e, por isso, mais assustadora. Como não pensar no sofrimento desta mulher, que simplesmente não sabe o que fazer diante de tamanho mal. A cena na qual ela abre a porta da casa para receber o padre Merrin (Max von Sydow) nos mostra o esgotamento físico e psicológico desta mãe.

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Diane Freeling. Poltergeist – O Fenômeno (Poltergeist, 1982). Quem teria forças suficientes para deixar este mundo e resgatar a filha Carol Anne (Heather O’Rourke) em um plano espiritual desconhecido? Apenas a mãe da garota poderia conseguir isso. JoBeth Williams nos mostrou uma mulher sensível e ao mesmo tempo forte. Para ela, a família representa algo sagrado. Em um ato de desespero, Diane desafia os espíritos ao ordenar que os mesmos fiquem longe dos filhos dela.

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Senhora Voorhees. Sexta-feira 13 (Friday The 13th, 1980). A maioria das mães faria qualquer coisa para proteger os seus filhos. Já a Senhora Voorhees (Betsy Palmer) faz qualquer coisa para matar as pessoas. Perturbada após o afogamento do seu herdeiro Jason, a mama decidiu se vingar não apenas do casal que deveria ter evitado a tragédia, como qualquer pessoa que se aproximasse do lago Cristal. Nós adoramos Jason, mas a mãe dele é um dos melhores personagens de toda a saga Sexta-feira 13. Três atrizes diferentes já a interpretaram, mas o nosso voto vai mesmo para a querida Betsy, que estava em busca de alguns trocados para comprar um carro novo e por isso topou participar do filme.

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Filipe Falcão

Jornalista formado e Doutor em Comunicação. Fã de filmes de terror, pesquisa academicamente o gênero desde 2006. Autor dos livros Fronteiras do Medo e A Aceleração do Medo e co-autor do livro Medo de Palhaço.

6 thoughts on “O Mistério de Grace (2009)

  • 01/07/2013 em 13:32
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    Não é um lixo nem ao menos é o filme mais assustador de todos os tempos, como poderia ter indicado os incautos espectadores na sessão do Festival Sundance. Também não consideraria este um filme que poderia ser classificado como horror/terror, afinal, por seu ritmo lento e sua narrativa que se firma na atuação dos personagens e em como eles reagem de acordo com as situações que vão sendo apresentadas, a melhor maneira de classificá-lo é como uma boa obra de suspense. E este não é um filme feito para todos os públicos, por ser mais intimista ao que os fãs do gênero estão acostumados (ou querem/esperam ver) em um tipo de filme que mostra a estranha relação entre pais e filhos.

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  • 22/06/2013 em 18:01
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    Eu achei este filme tão fraquinho… A única coisa boa está na atuação da protagonista e nas poucas cenas de sangue. Achei o acidente bem mal feito, o filme arrastado como um lesma com reumatismo e não acredito q uma mãe possa chegar ao extremismo apresentado. O final tbm foi bem sem graça. Particularmente, não gostei.

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  • 21/06/2013 em 22:14
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    bem legal esse artigo,quanto ao filme eu até gostei,mas está longe de ser o mais assustador de todos os tempos

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