Seis Mulheres para o Assassino (1964)

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Seis Mulheres para o Assassino (1964)

Seis Mulheres para o Assassino
Original:Sei donne per l'assassino
Ano:1964•País:Itália, França, Mônaco
Direção:Mario Bava
Roteiro:Marcello Fondato, Giuseppe Barilla, Mario Bava
Produção:Alfredo Mirabile, Massimo Patrizi
Elenco:Cameron Mitchell, Eva Bartok, Thomas Reiner, Ariana Gorini, Dante DiPaolo, Mary Arden, Franco Ressel, Claude Dantes, Luciano Pigozzi, Lea Lander, Massimo Righi

Sei Donne per l’Assassino pode tanto ser visto como uma obra seminal para conhecer e entender os filmes de mistério italianos, que convencionou chamar de giallo, quanto pode ser visto como uma das mais belas obras, visualmente falando, do Mestre Mario Bava.

Em 1963 Bava lançou o filme em preto-e-branco Olhos Diabólicos (La Ragazza che Sapeva Tropo), esta co-produção entre Itália e Alemanha embarcava no filão de adaptações de Edgar Wallace (da qual seria também supostamente adaptada) feitas na Alemanha e que ficariam conhecidos como Krimis alemães. Nesta obra de Bava temos uma jovem turista francesa em Roma (Letícia Román) que, com a ajuda de seu interesse amoroso (um jovem John Saxon), tenta desvendar uma série de crimes. Estabelece-se aqui o whodunit, ou se preferir o quem matou?. Bava lançou o conteúdo primordial do giallo.

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No mesmo ano (1963) Bava lançaria As Três Máscaras do Medo, também conhecido como Black Sabbath, filme dividido em três episódios. No segmento conhecido como O Telefone temos uma bela mulher (Michèle Mercier) envolvida com ameaças por telefone que supostamente seria de seu amante que acabou de escapar da cadeia. Embora a trama não seja um whodunit tradicional, temos aqui os clichês visuais que se tornariam signos identificáveis, marcas do giallo: luvas de couro pretas, facas brilhantes, telefones vermelhos, sensualidade. Bava lançou aqui a forma primordial do giallo.

Recapitulando: Bava lançou em 1963 os genes para o subgênero giallo em duas obras, uma com o conteúdo (Olhos Diabólicos) e outra com a forma (As Três Máscaras do Medo). Seria em 1966 que o mestre finalmente uniria forma e conteúdo num filme só e essa obra é justamente Sei Donne per l’Assassino. O giallo só ficaria popular e teria boom mesmo após 1970, com o estrondoso sucesso da estreia de um tal Dario Argento em O Pássaro das Plumas de Cristal, mas aí já é outra história.

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Sei Donne per l’Assassino tem como pano de fundo o ateliê administrado pela condessa Cristina (Eva Bartok) e por Max Marian (Cameron Mitchell). Tudo começa quando uma de suas modelos, a bela Isabella (Francesca Ungaro) é brutalmente assassinada. O inspetor Silvester (Thomas Reiner) se mostra perdido e confuso nas investigações.

Entrementes, outra modelo, Peggy (Mary Arden), encontra um diário da falecida. Todos parecem ter interesse no caderninho. Logo se descobre que Isabella era uma chantagista e tinha guardado segredos de todos do ateliê. Não demora muito para que Peggy seja asssassinada, assim como outras garotas do local. O roteiro trabalha num esquema de efeito dominó, onde uma situação vai levando a outra, e todas desembocam em assassinatos.

O filme é uma explosão de cores. Bava trabalha aqui com cores fortes e chapadas em cenários góticos e barrocos em um visual psicodélico. O resultado é belíssimo. É como se cada enquadramento fosse um quadro, uma pintura. Tão belos quantos outros delírios estéticos do diretor como a já citada As Três Máscaras do Medo e ainda The Whip and the Body e Kill, Baby Kill!.

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O cuidado estético, no entanto, não alivia a violência: aqui temos assassinatos brutais, e até uma cena de tortura envolvendo um fogareiro em brasas. E se Hitchcock popularizou a morte no chuveiro, Bava criou a morte da banheira, que seria usada em outros gialli e filmes de terror italiano.

Se o filme tem um visual de encher os olhos, infelizmente não se pode dizer o mesmo do roteiro que deixa um pouco a desejar. Com direito a absurdos como a cena em que uma moça inocente encontra um cadáver de uma amiga no porta-malas de seu carro. Ao invés da moça chamar a polícia imediatamente, ela resolve esconder a morta dentro de casa, atrás do biombo, um comportamento estranho que o filme não explica. Outro ponto fora é a revelação do assassino, que o espectador mais perspicaz pode descobrir facilmente.

No elenco coadjuvante vale destacar a presença de Lea Lander (aqui usando o pseudônimo de Lea Krüger), que posteriormente trabalharia novamente com Bava na obra-prima Cani Arrabbiati, e a presença de Luciano Pigozzi, o Peter Lorre italiano e figurinha carimbada do cinema de gênero feito no país da bota na época.

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Sei Donne per l’Assassino é uma viagem delirante e atmosférica. Essencial para quem quer entender o tal do giallo.

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Paulo Blob

Nascido em Cachoeirinha, editou o zine punk: Foco de Revolta e criou o Blog do Blob. É colunista do site O Café e do portal Gore Boulevard!

3 thoughts on “Seis Mulheres para o Assassino (1964)

  • 20/08/2015 em 17:52
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    Apesar do roteiro ser um pouco previsível, este é um dos melhores filmes de Bava, uma vez que demonstra seu estilo muito peculiar. Ele realmente um artista capaz de criar uma envolvente atmosfera que chamo de “gótica” a partir de elementos sinistros, embora não desprovidos de forte apelo visual. Neste filme se destacam cenas inesquecíveis, seja a forma como atelie de costura é mostrado em meio a névoa assemelhando-se a um castelo ou quando o misterioso assassino mascarado tortura Peggy queimando seu rosto em um objeto fumegante! Sem dúvida, um filme que estabeleceu as bases do “Giallo” que transita entre o terror e horror, algumas vezes, de forma surpreendente. Vale a pena ser visto.

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  • 13/07/2014 em 20:12
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    Lucas, o Argento popularizou o giallo com o sucesso de “O Pássaro das Plumas de Cristal”, mas foi o Bava que lançou o embrião. Por falar nisso, o Bava tinha uma birra com o Argento, pois ele considerava “O Pássaro” um plagio de seu “Olhos Diabólicos”.

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  • 11/07/2014 em 22:23
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    Pra mim sempre achei que foi o Mestre Dario Argento que criou o giallo , não sabia que suas origens foram pelo Bava , muito obrigado por essa valiosa informação !

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