Sem Face (1987)

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Sem Face (1987) (4)

Sem Face
Original:Faceless
Ano:1987•País:Espanha, França
Direção:Jesús Franco
Roteiro:René Chateau, Pierre Ripert, Jean Mazarin, Michel Lebrun
Produção:René Chateau
Elenco:Helmut Berger, Brigitte Lahaie, Telly Savalas, Christopher Mitchum, Stéphane Audran, Caroline Munro, Christiane Jean, Anton Diffring, Tilda Thamar, Howard Vernon, Florence Guérin

Colocando em conceito, o subgênero Eurotrash, apesar do nome, é muito diferente do trash americano ao que o termo faz lembrar. Apesar de ambos compartilharem baixos orçamentos, produção furiosa e distribuição limitada, o Eurotrash se destaca por ser muito mais elegante, não raro com nomes conhecidos do público típico hollywoodiano e explorando alguns pontos que normalmente não se via nos típicos exploitations estadunidenses, especialmente erotismo e sangue em profusão. Este movimento envolveu vários países europeus dos anos 60 aos 80, mas mais notadamente estão a Espanha, Reino Unido, Itália e França.

Um dos mestres desta arte perdida é o prolífico espanhol Jesús Franco, que entre produções de terror B e pornôs hardcore, dirigiu mais de 170 filmes até morrer em 2013. E dentre todas estas dezenas, vários são favoritos dos fãs de obras obscuras, uma das mais lembradas está Sem Face (Faceless ou Les Predateurs de la Nuit), que Jess dirigiu na França em 1987, um dos únicos que rodou inteiramente em inglês (normalmente seus filmes eram em espanhol ou francês) que nada mais é do que uma versão “jessiana” (com supercloses, sangue e sexo softcore) do clássico francês Os Olhos Sem Rosto (1960).

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Sem Face abre com o cirurgião plástico Frank Flamand (Helmut Berger, O Poderoso Chefão III), que acompanha sua irmã Ingrid (Christiane Jean) e sua colega Nathalie (Brigitte Lahaie) depois de uma noite na cidade. Quase chegando ao carro no estacionamento, os três são confrontados por uma antiga paciente de Flamand, alegando que ele destruiu seu rosto numa operação mal feita e tenta vingança jogando ácido na direção do médico. Entretanto, Ingrid toma a frente e recebe todo o efeito do ácido em seu rosto.

Daí para diante, Flamand se torna obcecado com a ideia de restaurar a beleza de sua irmã, com Nathalie se aventurando pelos clubes parisienses para atrair jovens belas para a casa do doutor com a promessa de sexo, mas que acabam se tornando cativas para os experimentos do médico, que são mantidas trancadas pelo bruto Gordon (Gerard Zalcberg).

Enquanto isto, Helen (Caroline Munro, 007 – O Espião Que Me Amava e O Maníaco) é uma garota americana com família rica que está em Paris para trabalhar como modelo e tem um passado com Flamand, que fez uma cirurgia em seu nariz pelo uso abusivo de cocaína. Nathalie sabe que ela é um alvo fácil e também a rapta. Ela seria a doadora forçada em um transplante de rosto para a irmã desfigurada do médico, se não fosse uma tentativa frustrada de estupro por Gordon, que acabou cortando o rosto de Helen, tornando-a incompatível para a cirurgia.

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Porém não é Flamand quem vai colocar a “mão na massa” neste experimento, mas o celebrado médico da Alemanha nazista Karl Moser (Anton Diffring, Fahrenheit 451), indicado pelo Dr. Orloff (Howard Vernon, O Lago dos Zumbis), que já havia realizado a operação com judeus na Segunda Guerra e aparentemente é o único no mundo capaz em restaurar a beleza de Ingrid. Cabe a Nathalie cooptar mais garotas incautas.

É neste cenário que o influente executivo Terry (Telly Savalas, o Kojak), que calha de ser pai de Helen, contrata o detetive particular Sam (Chris Mitchum, Tombstone) para encontrar a filha desaparecida do outro lado do atlântico. Sam cruza o oceano para começar sua busca e usa de métodos intimidadores para alcançar seu objetivo, mas será que sua busca terá êxito quando topar com a crueldade conduzida por Flamand?

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Aparentemente com um orçamento melhor do que boa parte de seus filmes típicos, a primeira coisa que chama a atenção é o expressivo elenco, cheio de nomes relativamente conhecidos do público mainstream, uma razão importante para o sucesso de Sem Face.

Sobre a forma como a trama é conduzida, este é Franco puro, o que pode dar nos nervos de quem não está acostumado ao Eurotrash ou seus outros trabalhos. O longo plano sequência na abertura, a música cafona, closes abusivos, a enrolação nas tramas paralelas do investigador, de Karl Moser e de Gordon (que não são citados por longos minutos antes de voltarem) intercalado por cenas de conteúdo sexual softcore são característicos do diretor.

A única coisa que me incomodou de fato é a trama paralela que envolve uma paciente do doutor Flamand que “descobre” os experimentos escusos realizados na clínica. A senhora em questão passa o tempo todo falando para o próprio médico que vai contar pra polícia o que está acontecendo. Suas ameaças são tão gratuitas e enchem tanto o saco que é até um alívio quando ela morre de fato.

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A violência é bem feita localizada em momentos esparsos, ficando com foco muito maior no erotismo, contudo é inegável como a cena da cirurgia feita por Karl é realista – o filme inteiro vale a pena só por causa dela. O final do filme, aberto e corajoso, também é um destaque. Curiosamente, o desfecho original era mais convencional, mas Franco resolveu mudar o roteiro para o bem da produção.

Através de Sem Face (lançado no Brasil em DVD pela Continental) Jess Franco entrega excelentes valores de produção e nos leva nesta viagem louca que serve como uma perfeita introdução de tudo o que é bom e ruim no Eurotrash. A recomendação é certa e a diversão é garantida.

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Gabriel Paixão

Colaborador e fã de bagaceiras de gosto duvidoso. Um Floydiano de carteirinha que tem em casa estantes repletas de vinis riscados e VHS's embolorados. Co-autor do livro Medo de Palhaço, produz as Horreviews e Fevericídios no Canal do Inferno!

3 thoughts on “Sem Face (1987)

  • 20/06/2017 em 12:11
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    Excelente texto! Vou procurar para assistir

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  • 07/03/2015 em 21:06
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    disponibiliza o link do filme,pra download ou assistir online por favor!

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  • 03/03/2015 em 13:00
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    Ótimo texto! Vou atrás desse filme…

    Resposta

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