Lobos
Original:Wolves
Ano:2014•País:França, Canadá Direção:David Hayter Roteiro:David Hayter Produção:Steven Hoban Elenco:Lucas Till, Stephen McHattie, John Pyper-Ferguson, Merritt Patterson, Jason Momoa, Janet-Laine Green, Melanie Scrofano, Adam Butcher, Philip Maurice Hayes |
Durante décadas, o lobisomem foi uma criatura solitária. Assim como os co-irmãos Múmia, Monstro da Lagoa Negra e Criatura de Frankenstein, os peludos se sentiam únicos, buscando uma identidade própria e tendo que enfrentar uma sociedade que não aceitava o diferente. Nas proximidades, em seu castelo envolto em neblinas, vivendo (ou morrendo) em companhia, Drácula se vangloriava de seus servos, das crianças da noite e de suas noivas. As histórias de lobisomens basicamente mostravam um único exemplar – quando amaldiçoava alguém, o monstro era assassinado, como se passasse o bastão (ou bengala) para outra vítima -, muitas vezes justificado pelas dificuldades técnicas e no excessivo trabalho de maquiagem. E pensar que o pioneiro da Universal, O Lobisomem de Londres, chegou a apresentar o primeiro confronto entre mais de uma criatura, deixando evidente que uma alcateia seria possível.
Lobos (1981), de Michael Wadleigh, trazia exemplares de quatro patas em Nova Iorque; depois viria A Companhia dos Lobos, de 84, e Lobo, de Mike Nichols, lançado em 1994, também com batalhas lupinas pela supremacia da Lua Cheia. Contudo, foi somente no novo milênio, que produções envolvendo vários lobisomens se tornaram mais populares, principalmente com a evolução dos efeitos digitais. Dog Soldiers (2002), a franquia Anjos da Noite, iniciada em 2003, Possuída: O Início (2004), Sangue e Chocolate (2007), a Saga Crepúsculo, Red: A Caçadora de Lobisomens, a comédia Lobos de Arga (2011), enfim, um prato saboroso para quem gosta de ver um canil assassino cena. Para alguns, a partir dos romances de suas tramas, houve a banalização do subgênero; já para outros uma nova ramificação do estilo, permitindo que até mesmo quem não fosse fã de horror se interessasse em saber mais sobre sua mitologia.
Em Wolves, a impressão inicial é a mesma. A própria capa já traz um casal em destaque, enquanto vários lobisomens podiam ser vistos ao fundo. Mais um bastardo do estilo “Romeu e Julieta“, misturando raças e um amor impossível? Há um pouco disso, mas o resultado é, surpreendentemente, positivo; um respiro a um estilo já desgastado por produções similares e mal realizadas. O longa tem direção e roteiro de David Hayter, em sua estreia em longas já que sua filmografia possui mais de quarenta trabalhos como dublador e narrador de animações e produções diversas como X-Men (2000) e Watchmen (2009).
Sofrendo de pesadelos estranhos, o adolescente Clayden Richards (Lucas Till, de Segredos de Sangue, 2013) está passando por um período de grandes mudanças hormonais. Popular no esporte, com uma bela namorada, sua vida se transforma quando novas habilidades e uma aparente agressividade passam a fazer parte de sua rotina. Depois de ferir sua garota num momento de tensão sexual, Clayden acorda na manhã seguinte com os pais mutilados e se vê obrigado a fugir em busca de respostas. Como um andarilho, perdido, ele conhece num bar o misterioso Wild Joe (John Pyper-Ferguson, de Drive, 2011), que lhe orienta a conhecer o vilarejo Lupine Ridge para entender o próprio passado, já que os noticiários indicam que ele foi adotado – talvez, o motivo de sua rebeldia e violência na região.
Após salvar uma prostituta do ataque de dois motoqueiros, ele rouba a moto e viaja à pequena cidade, onde será mal recebido no bar Angel´s, comandado pela belíssima Angelina Timmins (Merritt Patterson, de O Buraco, 2009) e sua irmã, a insana Gail (Melanie Scrofano, de Robocop, 2014). Lá, ele verá outros cidadãos importantes como John Tollerman (Stephen McHattie, de O Homem das Sombras, 2012), que o contratará para trabalhar em sua fazenda, e o temível Connor (o grandalhão Jason Momoa, de Conan, 2012, e Game of Thrones), além de saber que existem duas raças de lobisomens – os puros e os transformados -, sendo que a primeira é a mais forte e conceituada, enquanto a segunda é considerada a escória entre os animais.
Connor tem relação direta com o passado de Clayden, e aguarda o momento certo para estuprar Angelina em busca de um herdeiro. É claro que Clayden se envolverá intimamente com a garota e tentará evitar o seu destino, mesmo que para isso tenha que enfrentar todo o clã em confrontos mortais. Assim como em Sangue e Chocolate e Red: A Caçadora de Lobisomens, aqui também existe uma espécie de “jogo do lobisomem“, onde um tentará fugir pela mata enquanto é perseguido pelos demais, correndo em duas ou quatro patas.
Com todos esses clichês, ainda Wolves pode ser recomendado, seja pela bela fotografia, com fundo artificial em pintura, ou pelo enredo interessante, com bom elenco e atuações satisfatórias. Não há nenhuma cena impressionante de transformação, enquanto o visual dos monstros não traz nada de inovador, além do fato deles se transformarem em qualquer momento, independente da noite ou da Lua Cheia. Ainda assim, o maior atrativo, sem dúvida, é o enredo dinâmico, sem apelos exageradamente amorosos, apostando numa narrativa cativante, apesar do lugar-comum.
Talvez os mais exigentes não enxerguem vantagens nessa trama repetida, mas, dentre um subgênero atualmente açucarado, Wolves é um entretenimento mediano e facilmente digerível.
O filme é assistível? ué.. vou baixar e conferir.
Adorei a crítica! Vou procurar o filme para assistir. Gosto muito de filmes de lobisomens!
Esse critico é um saudosista chato e incoerente ora ele elogia clichês ora os critica, porra da pra levar essas criticas a sério?
Não tem como elogiar clichês, meu caro! O que acontece é que, às vezes, eles são abafados por uma narrativa interessante, como é o caso de Wolves.
Abs
A narrativa e a história em si são clichês para jogados em cima do clichê… não sei pq esse review pegou tão leve… Não merecia meia caveira… estou surpreso. Geralmente as reviews que vejo aqui são mais precisas.
Não estou criticando… aliás, respeito sua opinião… mas, nossa hein… Será que não está confundindo um bom dia pessoal seu com o filme não??? Talvez vc estivesse demasiadamente feliz no dia que viu o filme…casou, ganhou na mega ou algo assim… só com essa lente excessivamente otimista esse filme é digerível…