Le poil de la bête
Original:Le poil de la bête
Ano:2010•País:Canadá Direção:Philippe Gagnon Roteiro:Stéphane J. Bureau, Pierre Daudelin Produção:Real Chabot Elenco:Guillaume Lemay-Thivierge, Viviane Audet, Gilles Renaud, Antoine Bertrand, Marc Beaupré, Mirianne Brulé, Pierre-Luc Lafontaine, Patrick Drolet |
Foi em 1923 que o Loup Garou apareceu pela primeira vez no cinema. De lá para cá, outros lobisomens uivaram com sotaque francês, sem muito destaque entre as espécies inglesas ou americanas. É certo que existe sempre aquele charme, com o olhar sedutor de Julie Delpy de Um Lobisomem Americano em Paris, e com a tradição histórica de O Pacto dos Lobos (2001), mas os exemplares não foram nada além de produções curiosas ou simplesmente divertidas. No caso de Le poil de la bête aka The Hair of the Beast, trata-se de mais um que mescla essas qualidades do cinema francês, com diálogos afinados, um ótimo contexto histórico, atuações carismáticas e uma bela fotografia, pecando apenas na aparição das criaturas, quando as sombras já não são suficientes para escondê-las.
Ambientado em 1665, na Nova França – região do Canadá que foi colonizada pelos franceses e esteve sob seus domínios de 1534 até 1763 -, o filme tem como protagonista o anti-herói Joseph Côté (Guillaume Lemay-Thivierge), condenado à forca por sua fama de mulherengo e pelo envolvimento com a mulher errada. Ao conseguir escapar da prisão, em sua fuga pelos campos, ele encontra o cadáver de um padre jesuíta e resolve vestir suas roupas e assumir a identidade, ainda que não conheça sua fama de “matador de lobisomens“. Como Padre Brind’amour, ele vai a uma comunidade local, onde um grupo de mulheres aguarda a chegada dos nobre franceses, pensando nas possibilidades de conseguir um bom casamento. Quando a noite surge na belíssima fotografia iluminada pela fogueira dos homens da região, ele finalmente descobre que terá que colocar a fama à prova, quando criaturas vorazes iniciarem sua busca por alimento.
Embora faça parte do subgênero licantropia, Le poil de la bête não é propriamente um filme de horror. O longa de Philippe Gagnon traz uma história com elementos épicos, estruturada em situações bem-humoradas, que distanciam o espectador dos arrepios geralmente causados pelos monstros. Eles demoram quase uma hora para aparecer – não chega a ser um problema, já que os lobisomens poderiam ser uma metáfora pela presença de estrangeiros em solo canadense – e quando aparecem…não há como não torcer o focinho pela sua aparência digitalmente artificial. Remete aos exemplares de filmes ruins como Van Helsing e outros subprodutos, embora esta produção francesa possua muitas qualidades que quase abafam as falhas técnicas na concepção das criaturas.
O roteiro, co-escrito por Stéphane J. Bureau e Pierre Daudelin, não se preocupa em seguir a fórmula do subgênero, fazendo as mordidas dos lobisomens não servirem para infectar as vítimas, nem a obrigação da presença da Lua Cheia para as transformações. E ainda brinca com certas tradições poéticas envolvendo a licantropia – e que lembro de ter visto no fabuloso A Companhia dos Lobos (1984) – que dizia que o homem amaldiçoado nunca perde seus pelos, pois estes estão apenas escondidos por baixo da pele. O lobisomem, que desponta dos homens selvagens, é, então, uma manifestação de sua libido, da agressividade e de sua falta de controle.
Vendo desta forma não há como não se apaixonar por esse subgênero que nos tem proporcionado experiências únicas, assustadoras e belas, sob a luz de um luar pleno!
Gostei bastante! Um bom filme, e pende muito para o lado do humor, principalmente para o protagonista,canastrão. Achei que nunca veria uma review desse filme. Parabéns