O Homem Cobra (1973)

3.9
(9)

O Homem Cobra (1973) (2)

O Homem Cobra
Original:Sssssss
Ano:1973•País:EUA
Direção:Bernard L. Kowalski
Roteiro:Hal Dresner, Daniel C. Striepeke
Produção:Daniel C. Striepeke
Elenco:Strother Martin, Dirk Benedict, Heather Menzies-Urich, Richard B. Shull, Tim O'Connor, Jack Ging, Kathleen King, Reb Brown, Ted Grossman

Assim como nos famosos anos de 1950, onde o cinema fantástico atingiu um novo patamar de excentricidade e projeção, depois de vir desgastado e cansado das duas décadas anteriores, também a partir de 1970 a arte cinematográfica veria uma nova onda de ideias e posições já anteriormente trabalhadas a exaustão, mas agora já contando com os diferentes recursos propiciados pela evolução natural das técnicas de efeitos especiais e recursos narrativos. Se esquisitices das mais diversas, como insetos gigantes, invasões alienígenas, cientistas loucos e monstros mutantes continuariam em alta num segmento particular do cinema fantástico – hoje divulgado como cinema “B“, ou “Trash“, ou, simplesmente, de baixo orçamento – agora, pelo menos, os filmes eram em sua esmagadora maioria coloridos, fato que os tornava ainda mais “camp” e debochados quando feitos com orçamento muito apertado (o preto & branco conseguia camuflar muita coisa, afinal).

Mas alguns, senão pela precariedade de sua produção em geral, até que se saíam muito bem nos quesitos maquiagem e efeitos especiais. Esse O Homem Cobra (Sssss!, 1973), por exemplo, está acima da média, sendo um filme que eu, particularmente, considero divertidíssimo, e bem próximo do “espírito científico” dos anos 50, quando houve a segunda grande avalanche de cientistas loucos querendo mostrar ao mundo suas maravilhosas contribuições à ciência (a primeira “avalanche“, mais modesta, ocorreu nos anos de 1930). Nunca eram compreendidos, os pobres coitados.

O Homem Cobra (1973) (3)

Nesta película, vemos o Dr. Carl Stoner (Strother Martin), um grande especialista em cobras, desenvolver um soro capaz de transmutar seres humanos em cobras, em processos gradativos de transformação. Segundo ele, a raça humana está condenada à morte, pois a tendência do mundo contemporâneo e superpoluído é esfriar cada vez mais, devido a uma escassez de energia que ele prevê para muito breve, de modo que só os animais de sangue frio (como cobras e lagartos) sobreviverão para contar história. Portanto, sentencia ele, viremos todos cobras. Sua intenção até que não é má, segundo a tradição clássica dos cientistas loucos; ele apenas, digamos, se deixa levar pelo entusiasmo…

Logo de início ficamos sabendo que o professor realizara suas ousadas experiências em um jovem ajudante (sem que este soubesse, naturalmente, pois seria um tanto difícil convencê-lo a se tornar voluntário…), sem, contudo, obter sucesso – a metamorfose cessa na metade e o que restou do ajudante meio-homem, meio-cobra é vendido a um circo e passa a ser exibido como atração grotesca. Mas não demora muito e o cientista consegue recrutar David (Dirk Benedict, o “Cara de Pau” do antigo seriado Esquadrão Classe A, lembra?), um novo ajudante, que somente aos poucos vai percebendo a estranha mudança metabólica que vai se processando em seu corpo – como a troca de pele, o frio intenso, a alteração da voz, as tendências rastejantes… – até que chega o momento da modificação final, quando é finalmente – e literalmente – transformado numa cobra (o filme caminha muito bem até chegar nesse ponto, mas daqui em diante se dilui irremediavelmente no ridículo). Mas como tudo que é bom dura pouco, ele não gozará essa sua nova vida por muito tempo: um intrometido Mangusto, o mamífero terror de todas as serpentes, colocará os planos do cientista de dar início a uma nova raça no planeta por água abaixo, devorando o rapaz-cobra momentos depois deste seu “renascimento“. Os mamíferos ainda são os mais espertos. Ou não? O cientista, que tinha a louca mania de duelar com uma cobra Rei, a mais mortífera de todas, acaba levando um bote fatal desta, para a vergonha de toda a imensa galeria dos cientistas loucos.

O Homem Cobra (1973) (1)

Absurda, porém divertidíssima, essa pequena pérola trash que até pouco tempo era reprisada semanalmente na televisão, surpreende, entretanto, em várias das cenas envolvendo as muitas e verdadeiras cobras utilizadas na produção, com os atores (principalmente o próprio Strother Martin, que leva várias picadas verdadeiras no decorrer do filme) se submetendo pra valer àqueles “pequenos desconfortos” que a profissão às vezes exige, principalmente quando não se têm rios de dinheiro à disposição.

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Média da classificação 3.9 / 5. Número de votos: 9

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E R Corrêa

"No edifício do pensamento não encontrei nenhuma categoria na qual pousar a cabeça. Em contrapartida, que belo travesseiro é o Caos!" (Cioran)

10 thoughts on “O Homem Cobra (1973)

  • 29/02/2024 em 15:18
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    “Agora posso morrer em paz”
    Rainha Elizabeth II logo após assistir a esta preciosidade (estou sendo sarcástico) se declarando pronta para enfrentar o inevitável

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  • 22/04/2019 em 06:41
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    Exelente filme,você não tira o olho da tela,do começo ao fim.

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    • 08/04/2020 em 20:22
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      Me impressionou muito na minha infância e sempre falo sobre ele , adoro muito me influenciou para outros filmes dessa epoca e anteriores

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  • 30/04/2018 em 11:21
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    Bom filme reprisado à exaustão nos anos 80 e 90 no SBT e Record. Foi lançado em DVD há alguns anos. É importante fazer uma correção. A cobra que mata o professor é uma outra usada em exibições. A que era o ajudante foi morta pelo mangusto. Heather Menzies, a filha do cientista que se enamora do rapaz, chegou a posar na época para a Playboy americana. Há uma cena no filme em que ela e o namorado tomam banho nus em um lago, mas as cenas, que podiam ser bonitas, foram censuradas.

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  • 09/10/2015 em 09:25
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    assisti várias vezes sensacional

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  • 06/06/2015 em 14:48
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    Assisti uma vez quando criança, não me lembro de muito.Mais na cena final em que o homem se torna uma cobra de tamanho normal, kkkk depois de todo o processo foi algo muito frustante.

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  • 22/04/2015 em 16:34
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    Clássico da minha infância que para mim, só peca, quando, lá pelos minutos finais, apressa a transformação do ajudante do cientista. De resto, um bom filme.

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  • 20/04/2015 em 10:38
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    Filmaço clássico absoluto! sbt então passava aos montes, já o dvd é quase impossivel encontrar..

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    • 21/06/2022 em 22:20
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      Filme bom, mas o final apressado e ruim não me faz dar 5 estrelas.

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