A Mansão da Meia-Noite (1983)

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A Mansão da Meia-Noite (1983) (1)

A Mansão da Meia-Noite
Original:House of the Long Shadows
Ano:1983•País:UK
Direção:Pete Walker
Roteiro:Michael Armstrong, Earl Derr Biggers, George M. Cohan
Produção:Yoram Globus, Menahem Golan
Elenco:Vincent Price, Christopher Lee, Peter Cushing, Desi Arnaz Jr., John Carradine, Richard Todd, Louise English, Norman Rossington

Atenção! O texto abaixo contém spoilers, inclusive sobre o final do filme

O elenco principal do filme A Mansão da Meia-Noite (House of the Long Shadows, 1983) é formado por John Carradine, Vincent Price, Peter Cushing e Christopher Lee. Esclarecido este fato, eu não precisaria escrever mais nada; o inigualavelmente poderoso elenco fala por si só. Mas, como um filme de terror sem precedentes na história e de uma importância sentimental ao gênero única, quero, aqui, deixar minha impressão.

Digo sem precedentes, pois foi o único filme a reunir os eternos astros da escola clássica de terror da segunda geração (a primeira, também igualmente poderosa, é formada, creio eu, por: Lon Chaney, Bela Lugosi, Boris Karloff e Lon Chaney Jr., mas devo citar também outra galeria do horror, esta formada pelos geniais Peter Lorre, Basil Rathbone e Donald Pleasense, entre outros, que ajudaram a fortalecer ainda mais este gênero inigualável). Na realidade, A Mansão da Meia-Noite é saudado pelos fãs como um tesouro riquíssimo e um presente emocionante, visto que seu objetivo principal é justamente este, levando-se também em consideração a sua história, no verdadeiro estilo Old Dark House, que ajuda ainda mais a fechar com chave de ouro a era dourada do cinema clássico de horror.

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Baseada na clássica novela Seven Keys to Baldpate, a primeira história do prolífico escritor Earl Derr Biggers, publicada em 1913 e adaptada posteriormente por George M. Cohan, A Mansão da Meia-Noite apresenta uma atmosfera gótica perfeita, vindo já desde os primórdios do cinema, pois a primeira versão desta história consta de 1917, passando por outras adaptações em 1925, 1929, 1935 e 1947. Porém, todas versões raríssimas.

A sua ambientação no filme de 1983 é considerada totalmente gótica, apesar de que as produções da década de 80 preferiam uma caracterização mais realista, servindo para provar que a arte de se dar sustos cabe a quem sabe fazê-lo; o que é o caso de nossos idolatrados atores.

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Em geral, o elenco deste filme está muito bom, com destaque também para o ator Desi Arnaz Jr., que interpretou o personagem Kenneth MaGee, um bem sucedido escritor comercial. Durante um almoço com seu editor Sam Allyson (Richard Todd), MaGee resolve fazer uma aposta de 20 mil dólares com ele, para provar que poderia escrever uma história de terror, nos moldes dos antigos clássicos, em 24 horas, bastando achar um lugar conveniente. Seu editor, além de concordar, ainda lhe indica um local mais que perfeito, a famosa mansão de Baldpater Manor, conhecida por sua fama de amaldiçoada (não fosse por ser uma das primeiras do gênero, essa história poderia ser considerada apenas mais um clichê).

Chegando à mansão, MaGee começa a perceber o clima denso, perfeito para um conto fantástico, principalmente quando o escritor descobre a presença de caseiros, John Carradine e Sheila Keith, tendo sido informado anteriormente que a mansão se encontrava vazia. Quando a jovem Mary Norton (Julie Peasgood) aparece, o clima fica ainda mais misterioso para o escritor, principalmente quando ela tenta adverti-lo a abandonar imediatamente a mansão, pois corre perigo de vida.

A partir daí começa a acontecer o verdadeiro desenrolar de toda a trama e, mostrando um argumento no mínimo curioso, os nossos astros começam a chegar, um por um, cada qual a sua maneira. Sebastian Grisbane (Peter Cushing) é o primeiro, seguido por Lionel Grisbane (Vincent Price) e tendo por último o senhor Corrigan (Christopher Lee).

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O escritor MaGee acha muito estranho, pois acreditava ser o único a possuir a chave da porta principal, por onde todos entraram. Quando estão todos finalmente reunidos, já a certa altura do filme, podemos sentir a verdadeira áurea de mistério que envolve esta produção. Imaginem o clima: uma mansão perdida nos confins da Grã-Bretanha, num lugar isolado e misterioso, um frio arrebatador e uma chuva que parece não ter fim, tendo em seu interior nomes dos quais é melhor nem se pronunciar. Imaginaram? Tal é a atmosfera deste filme.

Finalmente Kenneth MaGee e sua inesperada companheira Mary Norton, através de antigos quadros, descobrem a verdade sobre o grupo de pessoas que se encontram na mansão. Trata-se de uma reunião muito importante da família Grisbane, sendo os supostos caseiros, nada mais, nada menos do que o chefe Lord Grisbane e sua filha Victória, irmã de Sebastian e Lionel. Corrigan diz ser um rico empresário que está a ponto de comprar a propriedade da agora decadente família, para revendê-la a um polo industrial.

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O mais assustador, no entanto, é o objetivo da reunião do outrora poderoso clã Grisbane: a libertação do filho mais novo do velho Lord, Roderick Grisbane, trancado em seu próprio quarto durante 40 anos por decisão da família, já que cometera atos de violência e brutalidade no passado. A partir daí começam as mortes, todas causadas pelo furioso e vingativo Roderick. O primeiro a morrer é o próprio Lord, sendo acompanhado por sua filha Victória e seus filhos Sebastian e Lionel respectivamente. Mas tudo com uma áurea de mistério e terror extremamente bem apurada, digna dos bons tempos de Roger Corman na década de 60.

Pouco tempo antes de morrer, Lionel descobre a verdade a respeito do senhor Corrigan, seu irmão, o próprio Roderick, fato que para os velhos fãs do terror clássico é previsível, mas que pega de surpresa aqueles que não estão acostumados a este tipo de filme. Finalmente, após os fatos esclarecidos e as mortes consumadas, o escritor MaGee, durante uma luta com Roderick, acaba matando-o acidentalmente com um enorme machado. Mas logo em seguida toda a trama é esclarecida como uma brincadeira do seu editor, ninguém morreu na realidade, foi tudo uma farsa encenada magnificamente pelos atores contratados pelo editor Sam, tendo até a cômica presença de um casalzinho em crise matrimonial. Mas, na verdade, toda esta aventura ocorrida durante a presença do escritor MaGee na velha mansão é a história de seu próprio conto; nada ocorreu de fato, ele pode agora escrever durante toda a madrugada sem a mínima interrupção. O mistério que nos deixamos envolver é a história que renderá a MaGee 20 mil dólares (conquanto ele venha a rasgar o cheque no final do filme)… nada mais.

Um ótimo filme, com um elenco brilhante, o qual é impossível fazer apenas um breve comentário sem deixar-se envolver por sua história. É um marco na produção de horror, reunindo pela primeira e última vez os atores que modelaram o gênero ao qual serão eternamente ligados. Inclusive o personagem Lionel Grisbane (Vincent Price), já a certa altura do filme, diz a seu irmão Sebastian (Peter Cushing) pouco antes de morrer:

– O último encontro marcado pelo destino, certo, irmão?

Jamais esta frase passaria desapercebida para um verdadeiro fã, pois, de fato, foi o último encontro de antigos e eternos irmãos de trabalho… a última estirpe de um clã que acabou para sempre!

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E R Corrêa

"No edifício do pensamento não encontrei nenhuma categoria na qual pousar a cabeça. Em contrapartida, que belo travesseiro é o Caos!" (Cioran)

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