Supernatural - 10ª Temporada
Original:Supernatural - 10ª Season
Ano:2014-2015•País:EUA Direção:Robert Singer, Thomas J. Wright, Jensen Ackles, Jeannot Szwarc, Philip Sgriccia Roteiro:Eric Kripke, Jeremy Carver, Andrew Dabb, Brad Buckner, Adam Glass, Robbie Thompson Produção:Todd Philip Aronauer, Serge Ladouceur, Elenco:Jared Padalecki, Jensen Ackles, Misha Collins, Mark Sheppard, Erica Carroll, Travis Aaron Wade, Curtis Armstrong, Ruth Connell, David Nykl, Emily Tennant |
Atenção: O texto contém spoilers da 9ª temporada
Oficialmente uma das mais longevas séries de TV a lidar literalmente com o sobrenatural e o fantástico com 218 episódios produzidos, passando Stargate SG-1 (214 episódios) e Arquivo X (202 episódios), Supernatural consegue um êxito imenso em continuar a ser produzida após tanto tempo, com tantas reviravoltas e dança das cadeiras nos bastidores. Porém no fechamento da décima temporada os maiores problemas da série se repetem da anterior: os roteiristas e produtores continuam a errar a mão na mitologia, colocando “empecilhos temporários” disfarçados de reviravoltas importantes, alternando estas questões com as tramas do monstro da semana que já estamos acostumados a ver.
No fechamento da 9ª temporada vemos que Dean (Jensen Ackles) havia virado um demônio, que não durou quase nada e lá estavam os irmãos novamente dentro do velho Impala fazendo o negócio da família Winchester, como sempre. A diferença é que Dean precisa lutar contra o ímpeto de matar, causado pela maldição da marca de Cain no seu braço, e, enquanto cada vez mais Dean fica furioso e tende a aceitar o próprio destino, Sam (Jared Padalecki) teima na busca por uma cura, nem que para isto precise libertar Metatron (Curtis Armstrong) de sua cela no Paraíso e correr atrás do Livro dos Condenados, uma espécie pobre do Necronomicon de Evil Dead, que supostamente contém uma forma de remover a marca.
Vejamos… A mola motriz da temporada é um Winchester insistindo em curar o outro, nem que para isto tenha que guardar segredos perigosos a sua revelia e colocar seus poucos entes queridos que restam e o planeta inteiro em risco? Onde será que já vimos isto antes? Sim, aqui mesmo… Várias vezes…
No meio tempo, uma subtrama com Castiel prestando mais atenção nos humanos e em seus sentimentos inspirado pela filha de Jimmy Novak (o receptáculo de Castiel) gera alguns momentos tocantes, mas vazios e sem propósito, pois o ritmo volta ao normal rapidinho. E a interação entre Crowley (Mark A. Sheppard) supostamente manipulado pela mãe Rowena (Ruth Connell) no inferno é tão irrelevante quanto, já que eles pouco interagem com os Winchesters no decorrer da trama principal, apenas no final da temporada.
Como em anos anteriores ideias promissoras também são desperdiçadas na 10ª temporada. Se no passado tínhamos os Homens das Letras, que abririam possibilidades novas e que não foram usadas, aqui temos a entrada da linhagem dos Steins, diretamente relacionados com os Frankensteins, poderosos, influentes e políticos, protetores do livro dos condenados. Poderiam render boas tramas, mas só servem de saco de pancada, e para a morte com poucos reflexos de um personagem secundário importante.
Sobre a esperada ducentésima aventura dos Winchester, denominado “Fan Fiction“, havia duas abordagens possíveis: criar uma homenagem leve e descolada do cânone, ou um ponto de virada dramático e poderoso. Esperava o segundo, mas não me surpreende que os produtores tenham preferido o primeiro. Neste episódio estudantes estão produzindo um musical inspirado nos livros do autor e profeta Chuck Shurley (Rob Benedict, que também faz uma ponta), que, por sua vez, são relatos dos casos resolvidos e da relação entre os irmãos, quando pessoas começam a morrer e todo expediente de um típico “monstro da semana“.
Sempre que a série faz piada e explora a metalinguagem do cânone, como em “The Real Ghostbusters” (9º episódio da 5ª temporada) ou “The French Mistake” (15º episódio da 6ª temporada) o resultado é muito divertido, e “Fan Fiction” consegue pelo menos fazer rir e lembrar-nos da alma que move Supernatural, de seus fãs, e de como muito disto se perdeu na estrada até agora.
No final das contas, com tantas histórias já contadas, manter o interesse o tempo todo é tarefa quase impossível, contudo assistir a série (já renovada para a 11ª temporada pelo canal CW) está sendo cada vez mais uma questão de tradição do que propriamente de qualidade. Dado o histórico, não consigo acreditar que a ameaça mostrada como gancho para o próximo ano, inserida com um atropelo imenso e absurdos “Deus ex Machinas” nos últimos episódios, seja tão ou mais relevante que os leviathans, anjos rebeldes e demônios de olhos amarelos do passado.
Se a inspiração de Supernatural vem do Rock’n’roll, como diria o Pink Floyd, Sam e Dean “são apenas duas almas perdidas, nadando em um aquário, ano após ano. Correndo em círculos no mesmo terreno, encontrando sempre os mesmos velhos medos“. Agora talvez o melhor caminho para os Winchesters sejam dar uma de Preacher e ir atrás do próprio Deus para resolver tudo de uma vez.
O Episódio Fan Fiction foi genial.
Acho que durou demais, na quarta temporada já estava repetitivo, os roteiristas começaram a viajar demais na maionese.
Tá de brincadeira né? De longe foi a melhor temporada, voltou as origens e com estilo.