Boa Noite, Mamãe
Original:ch seh, Ich seh
Ano:2014•País:Áustria Direção:Severin Fiala, Veronika Franz Roteiro:Severin Fiala, Veronika Franz Produção:Ulrich Seidl Elenco:Susanne Wuest, Elias Schwarz, Lukas Schwarz, Hans Escher, Elfriede Schatz, Karl Purker, Georg Deliovsky, Christian Steindl |
Não é fácil distorcer o “senso de verdade” de quem assistiu a muitos filmes na vida, portanto já é de se louvar peças de cinema que tentam criar uma dúvida genuína no espectador, em quem ele deve acreditar, como ele deve se comportar ao “calçar as botas” dos personagens em cena. Quando estas obras não só tentam, mas conseguem, como é o caso da produção austríaca Goodnight Mommy (ou Ich seh, Ich seh, no original), elas devem ser admiradas como exemplo ou, no mínimo, vistas e discutidas.
A época é o verão nórdico, e o local uma enorme residência afastada da população. Os irmãos gêmeos de 9 anos Elias e Lukas (nomes verdadeiros de seus interpretes) passam o tempo explorando e brincando. Sozinhos e esperando sua mãe (Susanne Wuest, O Campeão de Hitler), eles correm pelas matas, vastas plantações de milho nas cercanias. Ela chega com o rosto todo enfaixado após ter passado por uma cirurgia plástica, porém não somente na aparência, tudo nela parece ter mudado.
Antes uma mulher amorosa e compreensiva, hoje agressiva e reclusa, os garotos começam a duvidar que a pessoa que voltou é a mesma que partiu e temem sobre suas verdadeiras intenções. A curiosidade exploratória dos garotos enquanto brincam entre si (sua única forma de entretenimento, afinal) é aos poucos substituída pela desconfiança, e as pistas deixadas no caminho reforçam cada vez mais que a pessoa por trás das bandagens é uma estranha e, pior, o que ela fez com sua verdadeira mãe e o que ela quer com Lukas e Elias?
O filme trata o espectador como um ser pensante, trabalhando com sutilezas narrativas, um perfeito jogo de luzes e escuridão, sons e silêncio (o filme não tem trilha sonora), deixando muito para a imaginação e poucas explicações literais. Sem pressa, os diretores Severin Fiala e Veronika Franz tratam este drama com o propósito não apenas de brincar com os sentimentos de quem assiste em relação aos personagens principais (quem é vilão? Quem é mocinho?), mas também em criar um caminho dramático cujo desfecho é tão esperado quanto inevitável.
Nesta montanha russa de emoções não há espaço para personagens secundários. Dá para contar nos dedos de uma só mão quantas pessoas se envolvem com os gêmeos e a mãe – e por serem personagens corriqueiros que aparecem pouco e não tem rosto nem voz, não criamos uma conexão, da mesma forma que o trio principal também não cria, dando uma amplitude ainda maior de seu isolamento e do impacto de seus atos entre si.
As constantes reviravoltas vão se acumulando constantemente até o terceiro ato, quando já é tarde demais para voltar. A partir daí o filme apela para a violência, que é tão somente uma extrapolação da atmosfera de tensão que é criada até então, consequência pela causa, portanto. Isto ajuda na opção dos diretores de não vilanizá-la, mesmo que apareça de maneira tão brutal, tornando seu impacto tão grande quanto a náusea pela mera glorificação dos efeitos especiais, colocando-o assim bem a frente de outros filmes com premissa parecida como Violência Gratuíta, de Michael Haneke.
Uma pena que no momento em que o filme se liberta para as consequências físicas dos atos opressores psicológicos crescentes é quando ele se perde, desleixa a trama com algumas soluções fáceis, forçadas e insere um grau excessivo de previsibilidade, tanto nas últimas reviravoltas, quanto nos atos das personagens.
Como o encerramento se desloca ainda mais da realidade, ofertando um desfecho até poético, quero crer que esta escorregada é proposital, como uma fábula cuja vontade dos protagonistas não importa, são apenas condutores para suas ações. Embora esta interpretação seja válida, deixa um fundo sabor amargo em quem assiste.
A estética, a narrativa, a escolha do elenco, os momentos de brilho, os efeitos simples e assustadoramente eficientes, o soco no estômago no último ato… Há muito em Boa Noite, Mamãe para se admirar. Se conseguisse se manter intrigante e surpreendente até o final seria digno de nota máxima, porém ainda assim, se existe um sentimento dúbio em relação aos protagonistas, o mesmo não deve existir em relação a sua decisão de assisti-lo: se estiver preparado, veja!
Que filminho horrivi!
Creio eu que a cena final do filme propõe um outro caminho de interpretação da história, um caminho que de certa forma desconstrói todo um trabalho muito bem feito ao longo da obra. Ainda sim um grande filme, só peca por um final marcado pelo excesso o que quebra a sua atmosfera natural e sutil.
Bom filme. Tem desenvolvimento lento e o “mistério” é fácil de perceber logo no início, deixando com a impressão que será só isso até o fim. No entanto, a sequência final de acontecimentos pega de surpresa em um desfecho inesperado e violento mudando o que parecia que se encaminhava para uma coisa e termina por outro caminho.
Fiquei com algumas dúvidas, quem quiser debater esteja a vontade:
*****************************CUIDADO – SPOILERS*************************************
1) EM QUE ACIDENTE LUKAS MORREU (AFOGADO, QUEIMADO, ACIDENTE DE CARRO)? JÁ LI VÁRIAS TEORIAS MAS NÃO ME DECIDI POR NENHUMA, AO MEU PONTO DE VISTA FOI AFOGADO, COMO MOSTRADO OU SUGERIDO NO INÍCIO DO FILME…..
2) PORQUE A MÃE FEZ CIRURGIA (FOI DEVIDO A ALGUM ACIDENTE OU ESTÉTICA)? TEORIAS DIZEM QUE FOI NUM INCÊNDIO PROVOCADO PELO LUKAS ANTES DELE SE AFOGAR….
3) QUEM ERA A OUTRA MULHER QUE APARECE NA FOTO?? TEORIAS DIZEM QUE ERA IRMÃ GÊMEA DA MÃE!
Quem quiser comenta aí!!!!
Eu quero ver o 2014 eu vi só uma cena
O filme é bom, apesar de ser arrastado e sem diálogos uma boa parte do tempo. Um das “charadas” do filme é facilmente perceptível logo no começo, mas mesmo assim ele te prende até o final para ver o que vai dar. Acredito que algumas coisas poderiam ter sido melhor trabalhadas (a desconfiança em relação à mãe, as investigações dos garotos), mas o saldo final é positivo.
Quando?
Antes de começar a ler a crítica, sentenciei assim: “vou direto para a visualização das caveiras… Se a nota apresentar de TRÊS caveiras para menos, nem vou ler!”
Quatro caveiras e meia. Nada mal! Pena que não foram CINCO, mas beleza!
…Não creio, em absoluto, que o roteiro nos entregue “soluções fáceis”. Eles foram inteligentes o suficiente para nos DISTRAIR, nos apresentaram um motivo consistente o suficiente para que nos focássemos em algo que, ao final das contas, nem era o X da questão, apesar de ORGÂNICO, dentro do enredo!
Eu abriria uma exceção, e daria SEIS caveiras a esse filme.
Abraço.
O filme é muito bom, pois foge dos esquemas comuns, é sutil, se constrói devagar. Para quem é cinéfilo há muito tempo não vai demorar para entender o “segredo”da história, restando a expectativa de saber como as coisas vão terminar. Exige alguma paciência, mas vale a pena.
É justamente onde o filme me perdeu… Logo logo já havíamos matado a charada aqui em casa… Ainda bem que o filme vira outro completamente diferente no final e ainda consegue arrancar alguma surpresa.
Esse filme é um lixo , chato , em menos de 10 minutos já da p/sacar a “virada” do filme….minha opinião.
Simples e fantastico,comparar esse filme a corrente do mal é um sacrilégio!kk
Ótimo filme, mas muitas pontas ficaram soltas (quem pediu as pizzas ?? Por exemplo), mas não tira o brilho do filme, que, pra mim, se junta a I Saw the Devil como os melhores de 2010 pra cá…
Confesso que assisti com um pé atras, no começo achei meio arrastado porém o clima sutil, como você disse, “sem trilha sonora” nos leva a fundo ao universo depressivo e solitário daquela família. O final achei foda, não irei comentar para não soltar Spoilers, mas pra mim é o que faz valer a pena, fecha o contexto do filme com chave de ouro. Eu não esperava por aquilo, o filme te leva para um lado e depois te mostra que é totalmente o oposto, muito bom.
Digno de ser apreciado, não ha melhor expressão a ser digitada!
O único aspecto negativo é que no meio do enredo se você não estiver muito animado, o filme cria um pouco de sono, mas os últimos 30 minutos de êxtase compensa maravilhosamente!
Excelente filme!! esse sim merece o lugar no Melhores filmes de terror da década, ao contrário super valorizado Corrente do Mal
Na minha humilde opinião, Goodnight Mommy e Corrente do Mal são os dois grandes filmes da década, cada um com estilos diferentes, mas ambos cumprindo sua função “Assustar Muito!!!” de modo ORIGINAL. Bruno Pessoa respeito a sua opinião, todavia, não desmereça Corrente do Mal que é um excelente filme, apresentando uma visão fantasmagórica inusitada e com a ausência de sangue, que ao meu ver é um filme melhor do que Goodnight Mommy.
Velha mania de desmerecer um para falar bem de outro.