A Entidade 2 (2015)

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A Entidade 2 (2015) (1)

A Entidade 2
Original:Sinister 2
Ano:2015•País:EUA
Direção:Ciarán Foy
Roteiro:Scott Derrickson, C. Robert Cargill
Produção:Jason Blum, Scott Derrickson, Brian Kavanaugh-Jones
Elenco:James Ransone, Shannyn Sossamon, Robert Daniel, Dartanian Sloan, Lea Coco, Tate Ellington, John Beasley Lucas Jade Zumann, Jaden Klein, Laila Haley, Caden M. Fritz

Quando escrevi sobre o primeiro filme em 2012, sugeri ao leitor que observasse a carreira do diretor e roteirista Scott Derrickson, pois os tropeços iniciais (Lenda Urbana 2 e Hellraiser: Inferno) já podiam ser ignorados pelos acertos posteriores (O Exorcismo de Emily Rose e A Entidade). E não é que valeu a pena? Após o primeiro encontro com o demônio Bagul, ele foi um dos roteiristas do interessante thriller Sem Evidências (Devil’s Knot, 2013) e dirigiu e trabalhou no argumento de Livrai-nos do Mal (Deliver Us from Evil, 2014), deixando de lado a possibilidade – apontada na época – de se envolver com a refilmagem de Poltergeist. Ficando apenas com o roteiro de A Entidade 2, Derrickson agora, segundo o IMDB, tem seu nome envolvido em Two Eyes Staring e irá partir para outro gênero com a adaptação dos quadrinhos de Doutor Estranho, com lançamento previsto para 2016.

Também vale mencionar uma curiosidade interessante: minha análise sobre A Entidade não foi bem aceita por boa parte dos leitores do site, com opiniões que diziam que o filme é “péssimo“, “fraco” e “bonzinho“. Será que minhas palavras foram exageradas, escritas numa empolgação imediata, e o longa é apenas mediano ou ruim? Para acompanhar a estreia da parte 2, revisitei o original, com a visão mais abrandada pela passagem de quase três anos desde seu lançamento. Bom, minha opinião permanece a mesma: A Entidade não só é um horror eficiente e criativo, pelo desenvolvimento de uma assombração perturbadora, como tem um roteiro bem amarrado, com informações pingadas lentamente para o público até o seu final depressivo e pessimista. Não é assustador realmente para quem está acostumado com saltos na cadeira do cinema, com o som elevado pela acústica, mas é incômodo, se levar em consideração de que tudo envolve as ações de crianças, acompanhadas por uma “entidade“, e o modo frio e violento de eliminação de seus entes familiares como um sacrifício ao Mal absoluto.

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Foi com essa expectativa em alta que conferi A Entidade 2, que traz o retorno dos roteiristas Derrickson e C. Robert Cargill, para o comando de Ciarán Foy – um outro nome a ser observado, depois de comandar o elogiado Hotel Darklight (2009) e o mediano Citadel (2012). E o veredicto? Apesar da boa produção, com uma sintonia correta com o primeiro, A Entidade 2 é apenas razoável, com muitas apostas nos sustos falsos, alguns furos no roteiro, além do exagero da aparição do demônio e das fitas macabras, numa tentativa óbvia (e falha) de chocar novamente o espectador, já acostumado com o modus operandi do vilão.

A sintonia se deve à presença do ex-policial e assistente do xerife (James Ransone repetindo o papel), que no primeiro filme ajudou o escritor Ellison Oswalt (Ethan Hawke) a realizar sua pesquisa sobre os múltiplos assassinatos ocorridos em sua nova residência. Obcecado pelo final trágico da investigação, que culminou com o massacre da família do escritor assim que se mudaram para uma nova casa, e com a intenção de evitar que algo parecido volte a acontecer, ele queimara o local e está em busca de conexões que possam evitar outras tragédias. Desse modo, ele encontra uma outra morada, palco de um círculo de morte numa capela, e decide destruí-la para impedir as ações do demônio, mas ela já está ocupada.

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Com as intenções de fugir do marido violento – Clint (Lea Coco) -, Courtney Collins (Shannyn Sossamon, de Wayward Pines) foge para o tal lugar desabitado com seus dois filhos, Dylan e Zach (Robert Daniel Sloan e Dartanian Sloan). O ambiente é adequado para quem procura sossego: rural, silencioso, distante da cidade grande e com um passado trágico, capaz de afastar curiosos, porém precisa ignorar os pesadelos constantes com uma entidade maléfica, além de um grupo de assombrações-mirins. São eles que criam os terrores noturnos de Dylan, obrigando-o a assistir as fitas macabras, como um curso preparatório para se tornar o próximo assassino, bastando para a família a obrigação de simplesmente não se mudar dali, já que as mortes sempre acontecem na tentativa de buscar um novo abrigo.

Para não se tornar apenas um remake do filme original, a trama apresenta novos detalhes sobre a mitologia de Bagul, como a trilha sonora que acompanha as gravações em vídeo, o porquê da necessidade de filmar os crimes (algo como o demônio se apresentando nas artes), um rádio com a captação de som branco e como funcionaria esse sacrifício. No entanto, é exatamente nessa ampliação que surgem os tais furos, quando não existem explicações sobre a forma como uma criança consegue armar o cenário de morte, seja para produzir cruzes, encontrar ratos e até força suficiente para erguer corpos de adultos sobre uma lagoa de jacarés.

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Além de explorar seus próprios clichês, A Entidade 2 faz uso de outros como aparições repentinas com o som elevado ou a personagem que esconde o que sabe para aqueles que pretende salvar, sendo que um alerta evitaria toda a sequência final. Também atrapalha o resultado a obviedade do enredo, abrindo as portas para um terceiro ato já compreendido pelo espectador: ora, é claro que o pai iria conseguir o mandado da justiça para levar as crianças embora, assim como a esposa. Por outro lado, vale a pena pelo retorno das crianças do primeiro filme e pelas fitas sombrias – embora, o uso excessivo incomode um pouco -, assim como as referências constantes à franquia Colheita Maldita.

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Apesar de suas falhas, A Entidade 2 é bem dirigido e tem boas cenas de suspense, sendo até agradável para quem não exige muito. Contudo, não deve ser melhor do que o filme do ursinho falante, que também acompanhou o lançamento do primeiro.

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Marcelo Milici

Professor e crítico de cinema há vinte anos, fundou o site Boca do Inferno, uma das principais referências do gênero fantástico no Brasil. Foi colunista do site Omelete, articulista da revista Amazing e jurado dos festivais Cinefantasy, Espantomania, SP Terror e do sarau da Casa das Rosas. Possui publicações em diversas antologias como “Terra Morta”, Arquivos do Mal”, “Galáxias Ocultas”, “A Hora Morta” e “Insanidade”, além de composições poéticas no livro “A Sociedade dos Poetas Vivos”. É um dos autores da enciclopédia “Medo de Palhaço”, lançado pela editora Évora.

7 thoughts on “A Entidade 2 (2015)

  • 06/11/2017 em 19:38
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    Realmente algumas coisas pendem de explicação. Só que acho que as crianças subjugadas pelo Bagul ajuda a próxima criança, como vimos na hora em que a mãe tenta sair de casa com o outro filho e as portas são fechadas por algo. Creio que quem fechou foram as crianças. Por isso talvez elas tivessem ajudado, por exemplo, a levantar os corpos que foram atacados pelos jacarés.
    No mais, o primeiro foi melhor. Mas esse n é ruim.

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  • 02/06/2016 em 03:54
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    Aquela cena da igreja foi digna de Oscar!! Fodastica!!!!

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  • 20/09/2015 em 13:29
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    Amei o filme! Ele é muito bom, tanto no roteiro, na produção. Filme digno de Oscar! Parabéns, aos diretores, atores, equipe técnica, equipe de filmagem, roteiristas e equipe de filmagem ! Gostaria muito que lançassem o três!

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    • 18/12/2020 em 13:05
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      Muito bom esse filme assustei algumas vezes com.bons sustos esse filme tão bom quanto o primeiro.
      Tenho ele em bluray original

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  • 16/09/2015 em 00:43
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    Gostei do filme lembrou muito o ambiente de a colheita maldita , nas cenas dos milharal..

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  • 14/09/2015 em 08:20
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    Realmente, esse filme usou muito daqueles sustos fáceis (por aqui eu aprendi o nome “técnico” desse tipo de susto, mas agora não me lembro, hahaha…), o que acaba inclusive tirando o crédito do filme como um todo, apesar de seus pontos fortes (por exemplo a trilha sonora, que apesar de em alguns momentos também apelar para mudanças bruscas no volume, é tenebrosa e claustrofóbica!).
    Se por um lado a quantidade de videos dos assassinatos está talvez excessiva, por outro eles se mantém de maneira até que bem original (dentro do apresentado nos dois filmes), condizendo com a crueldade que se espera da entidade Bagul. E a cena final eu achei muito boa! Mas imagino a frustração geral dos expectadores que dão de ombros enquanto dizem “E aí!?”
    Hahahahahaha…

    E ótima crítica, Marcelo. o/

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