Wayward Pines – 2ª Temporada (2016)

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Wayward Pines - 2ª Temporada
Original:Wayward Pines - Season 2
Ano:2016•País:EUA
Direção:Jeff T. Thomas, Ti West, Mathias Herndl, John Krokidas, Jennifer Chambers Lynch, Vincenzo Natali, David Petrarca, Alrick Riley, Brad Turner
Roteiro:Blake Crouch, Mark Friedman, Anna Fricke, Nazrin Choudhury, Seamus Kevin Fahey, Tyler Hisel, Michael R. Perry
Produção:Shawn Williamson, Patrick Aison, Ron French,
Elenco:Siobhan Fallon Hogan, Toby Jones, Shannyn Sossamon, Hope Davis, Tom Stevens, Carla Gugino, Charlie Tahan, Melissa Leo, Jason Patric, Nimrat Kaur, Josh Helman, Kacey Rohl, Djimon Hounsou, Tim Griffin, Christopher Meyer

Os mistérios envolvendo a sinistra cidade Wayward Pines pareciam ter se encerrado na primeira temporada. A série, desenvolvida por M. Night Shyamalan e que bebia muito da fonte de A Vila (The Village, 2004), não fez tanto sucesso para que fosse promovida a uma segunda temporada, ainda que tenha suas qualidades tanto nos aspectos técnicos quanto na criatividade de um enredo sempre inovador. E foi com uma certa estranheza que acompanhei as novidades sobre uma improvável continuação, imaginando o que mais teria para contar, tendo em vista o final correto e que não necessitava de uma nova história. Quem visitou o local, em 2015, deve lembrar que Wayward Pines teve como protagonista Matt Dillon, de Crash: No Limite, atuando como Ethan Burke, um estranho que sofre um acidente de carro e acorda às proximidades da cidade, sem entender as razões para tal.

Sem encontrar escapatória e consciente de que as gigantescas paredes que circundam a cidade servem para evitar que monstros entrem, Ethan – e o telespectador – descobre que Wayward Pines representa tudo o que sobrou da humanidade, devastada pela sua própria evolução. Passaram-se séculos desde que David Pilcher (Toby Jones) planejou uma cidade-abrigo para o futuro, preservando pessoas selecionadas em um processo de criogenia. A primeira temporada mantinha o mistério sobre a localização de Wayward Pines e sua condição futurista, como acontecera com o vilarejo em A Vila, enquanto mostrava um ambiente com leis rígidas, punindo os habitantes que contrariassem o sistema com a morte por enforcamento em praça pública. Do lado de fora, a evolução da espécie humana era representada por criaturas apelidadas de abbies: animalescas, elas se alimentavam da carne dos que se aventurassem cruzar seu caminho, buscando meios de invadir a cidade pelas mínimas oportunidades apresentadas.

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Ao final, com a invasão dos abbies à cidade, a população busca abrigo na morada de David, e Ethan é levado a um sacrifício pelo bem dos poucos humanos restantes. Com a morte de David, a cidade passa ao domínio dos jovens da Primeira Geração – aqueles que nasceram na nova realidade -, e a temporada se encerra com essa falta de perspectiva sobre o futuro. Mesmo não agradando à crítica e ao público, a Fox deu luz verde a uma segunda temporada, espalhando cartazes que mostravam que a nova teria novos personagens e exploraria os abbies.

Wayward Pines não foi completamente dominada pelos abbies, mas a Primeira Geração, sob o comando de Jason Higgins (Tom Stevens), a sobrevivente Megan Fisher (Hope Davis), agora cadeirante, Kerry Campbell (Kacey Rohl) e CJ Mitchum (Djimon Hounsou), assumiu as rédeas e controlou o avanço das criaturas, temporariamente. Nesse novo cenário, Dr. Theo Yedlin (Jason Patric, Os Garotos Perdidos, 1987) é desperto para ajudar a cuidar dos feridos, uma vez que a enfermeira Pam (Melissa Leo) aparentemente desapareceu. Diferente da primeira temporada em que a realidade é mantida sob sigilo – algo nunca bem explicado -, Theo logo descobre que foi vítima de um sequestro no passado, e que sua companheira Rebecca (Nimrat Kaur) também está no local, mas foi despertada há anos.

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Jason tenta seguir as normas estabelecidas no passado por David, tendo que enfrentar os novos rebeldes, como o filho de Ethan, Ben (Charlie Tahan), para desespero de sua mãe Theresa (Shannyn Sossamon). Como novo protagonista, Theo desafia as leis da cidade, e não aceita facilmente que sua esposa, a arquiteta de Wayward Pines, tenha vivido os últimos anos com um outro marido. Os conflitos se ampliam com a necessidade dos cidadãos de chegar a uma plantação no lado exterior, mesmo sabendo que o local é habitado pelas criaturas.

Wayward Pines (2016) (5)Estas começam a evidenciar uma capacidade intelectual avançada, fazendo planos de avanço contra a cidade. Uma versão feminina dos abbies chega à cidade, e novas descobertas, assim como a escassez de alimento decorrente do incêndio provocado, dão o tom dos problemas. Mais informações sobre o passado são apresentadas ao público, como a função de CJ como sentinela dos corpos congelados, em um dos episódios mais interessantes da temporada.

A primeira metade da segunda temporada é bem parecida com a primeira, quase um remake. Contudo, quando os personagens antigos começam a morrer ocasionalmente e os novos apresentam suas cartas, incluindo a evolução dos abbies, a série ganha uma nova roupagem, bem mais interessante. Questões como gravidez na adolescência, maturidade e até incesto são discutidas nesse ano, com possibilidades ainda mais ousadas. Os episódios tiveram a direção de Jennifer Chambers Lynch (Encaixotando Helena), Vincenzo Natali (Splice – A Nova Espécie), Brad Turner (da série 24 Horas) e novamente de Ti West (Hotel da Morte), mas ficou faltando o de M. Night Shyamalan.

Wayward Pines (2016) (4)Mais divertida do que a primeira, mas com menos mistérios, a segunda temporada de Wayward Pines teve um final bem fraco, exigindo uma continuidade – algo que até o momento não se confirmou. Se haverá uma nova visita a Wayward Pines, em uma realidade diferente, somente o futuro poderá responder. Não me recusaria a passear pelo local em 2017, desde que tenha novas histórias para contar.

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Marcelo Milici

Professor e crítico de cinema há vinte anos, fundou o site Boca do Inferno, uma das principais referências do gênero fantástico no Brasil. Foi colunista do site Omelete, articulista da revista Amazing e jurado dos festivais Cinefantasy, Espantomania, SP Terror e do sarau da Casa das Rosas. Possui publicações em diversas antologias como “Terra Morta”, Arquivos do Mal”, “Galáxias Ocultas”, “A Hora Morta” e “Insanidade”, além de composições poéticas no livro “A Sociedade dos Poetas Vivos”. É um dos autores da enciclopédia “Medo de Palhaço”, lançado pela editora Évora.

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