Uzumaki (2000)

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Uzumaki
Original:Uzumaki
Ano:2000•País:Japão
Direção:Higuchinsky
Roteiro:Junji Ito, Kengo Kaji, Takao Nitta, Chika Yasuo
Produção:Sumiji Miyake, Dai Miyazaki
Elenco:Eriko Hatsune, Fhi Fan, Hinako Saeki, Eun-Kyung Shin, Keiko Takahashi, Ren Ôsugi, Masami Horiuchi, Tarô Suwa, Toru Tezuka

A primeira vez que assisti Uzumaki estava sentada num sofá bege com estampas de espirais pretas. Imaginem a belezura! Mas conforme o filme ia passando, meus sentimentos quanto a este sofá foram ficando abalados. O motivo? Uzumaki é exatamente isso, em sua tradução literal: espiral. Agora imaginem uma história onde o grande inimigo são as formas espirais. Sim, é isso mesmo.

Entretanto, vamos falar do longa Uzumaki para exemplificar uma péssima pratica japonesa: as adaptações de mangás para o cinema.

Eu não sei o que acontece. Os mangás de horror têm histórias incríveis, medonhas e surpreendentes, pratos cheios para qualquer roteiro de cinema. Está tudo ali, é só moldar para o formato audiovisual e boa! Mas, algo acontece no percurso de adaptação e nós, público esperançoso e no aguardo de boas adaptações e estreias, recebemos nada menos que, vamos colocar de forma educada, lixo.

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A trama acompanha os acontecimentos da cidade de Korouzu, através da visão de Kirie (Eriko Hatsune) aos recentes acontecimentos na vida de seu namorado Suichi (Asumi Miwa). O pai de Suichi está viciado em formas espirais, qualquer uma. Passa horas filmando cascas de caracol, só come sushis com este formato, não fala com as pessoas de jeito normal – sua vida se transformou em função das espirais e na missão de colecioná-las. Um dia, vendo as alterações bizarras de seu pai, Suichi joga toda a sua coleção fora – com certeza não foi uma boa ideia -, resultando no suicídio bizarro de seu pai, na loucura de sua mãe e de estranhos acontecimentos que se alastram por toda a cidade. Tudo isso acompanhado de uma espiral/tornado assustadora, que aparece em cima de um lago, para onde as pessoas são sugadas quando morrem, por uma espécie de entidade creep não explicada no longa.

Na realidade o mistério da obsessão pelas espirais e apenas um dos pontos mal trabalhados em Uzumaki. Vamos começar falando da adaptação do mangá ao roteiro: o mangá, genialmente trabalhado por Junji Ito, possui três volumes de histórias independentes da cidade, unindo-se no terceiro volume, fechando o ciclo e nos explicando os acontecimentos. O filme também é dividido em capítulos, mas eles não seguem a lógica do mangá e parecem, na realidade, não seguir lógica nenhuma! Buscam uma linearidade, mas vários pontos não se conectam e acabam empobrecendo a trama.

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Além disso, vale observação para os (d)efeitos técnicos: já começam na cena de abertura do longa, onde Kirie admira sua cidade, também conhecida como um belíssimo pedaço de papelão impresso. Muito triste, dava para fazer melhor. E vários outros detalhes técnicos, que empobrecem a produção aparecem do início ao fim, como passagem de cena com musiquinhas e fragmentação de tela (estilo efeitos do Power Point, para passar de um slide ao outro).

Outro ponto que vale destaque são os atores. Meu Deus, que falta de sincronia! No mangá de Uzumaki, as personagens são bastante apáticas, o que ganha nossa atenção são suas ações e relacionamento uns com os outros, que acabam desenvolvendo a narrativa e nos levando ao clímax no terceiro volume. Isso não acontece no filme, porque os atores e a direção são muito ruins para isso. O desenvolvimento da narrativa fica horroroso.

Podemos dizer que estas péssimas adaptações de mangás para a tela grande (como podemos ver também em Another) acontecem por uma série de fatores: pela falta de verba envolvida; os filmes são feitos para TV, o que gera menos investimentos já que a intenção da circulação é local; diretores de novelas, sem muita experiência em  cinema; entre vários outros pontos. Entretanto, nada justifica o mau gosto. Realmente precisava ser um papelão nas cenas externas da cidade? Precisava de efeitos Power Point nas passagem de cenas? Só existem atores charlatões no Japão? Partindo como exemplo de diversas outros filmes, sabemos que a resposta para todas essas questões é um incrível NÃO!

Resumindo, se você estiver com um tempinho, procurando um filme legal para assistir, a sua opção não será Uzumaki. Tente o mangá que não irá se arrepender.

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Luana Caroline Damião

Graduada em museologia, fã de faroestes e Christopher Lee, deseja que o mundo acabe com um apocalipse zumbi, onde, certamente, será um dos mortos-vivos.

4 thoughts on “Uzumaki (2000)

  • 07/06/2018 em 16:05
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    O filme é ão ruim que hj em 2018 se vc colocar uzumaki no google só vai aparecer imagem do mangá kkkkkkkkkkk

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  • 03/02/2017 em 05:49
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    Putz… tinha lido o mangá ano passado e ficado fascinado, qnd soube q havia um filme me empolguei tanto, mas ainda bem q me esbarrei com essa crítica… senão talvez a decepção fosse maior hahah

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  • 07/08/2016 em 18:21
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    Pena que eu assisti ao filme antes de ver essa postagem, acabei de assistir e realmente não entendi nada, achei horrível e quando digo horrível me refiro ao fato de que não ter sido assustador, mas sim de filme chato mesmo. Ouvi algumas pessoas comentarem sobre o mangá e me interessei e eu estava procurando um filme de terror japonês para ver, mas me arrependi de ter visto esse filme…

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  • 30/12/2015 em 21:10
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    É uma pena. Nunca assisti o longa. Tenho os 3 volumes de Uzumaki da extinta Conrad.
    O mangá é máravilhoso. Uma arte excelente e uma história fascinante. Parece mesmo sem sentido este tipo de horror (espirais), contudo causa um efeito incrível.

    Recomendo “Amigara Dansô no Kai”. Lindo.

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