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Mama Dracula (1980) (7)

Mama Dracula
Original:Mama Dracula
Ano:1980•País:Bélgica
Direção:Boris Szulzinger
Roteiro:Tony Hendra, Pierre Sterckx, Boris Szulzinger, Marc-Henri Wajnberg
Produção:Boris Szulzinger
Elenco:Louise Fletcher, Maria Schneider, Marc-Henri Wajnberg, Alexander Wajnberg, Jimmy Shuman, Jess Hahn, Michel Israel, Suzy Falk, Vincent Grass

Na última reunião de pauta do Boca do Inferno, confesso que fiquei meio cochilando… Talvez tenha sido uma dor de barriga por causa do panetone mal assado servido, o presente xexelento que ganhei no amigo secreto entre os colaboradores ou a ressaca de cidra barata do réveillon, mas fato é que enquanto todos os outros foram bem ponderados e específicos em relação ao seus temas, no calor do momento de como quem está para abrir a Porta dos Desesperados, gritei “Drive in Movies!“, e todo mundo me olhou como se eu tivesse arriado as calças… Então, de cabeça fria resolvi que, tal qual uma decisão mal feita de uma vítima de Jason, esta também não tem mais volta. E o leitor pode se perguntar: Que disgrama são esses “Drive in Movies”?

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Não existe uma definição específica, se sequer existe tal definição, porém essencialmente “Drive in Movies” são filmes de baixo orçamento, de diversão rasteira, sem preocupação com coerência e complexidade, com nenhum ou poucos nomes de elenco famosos. Tratam-se de filmes americanos (e alguns poucos europeus), realizados por produtoras sem qualquer outro crédito e bagaceiras em sua grande maioria, mas que tem todo um charme nostálgico que só pôde ser visto e apreciado entre os anos 50 e 70 nos tais Drive In’s nos Estados Unidos. Para mim, uma oportunidade de ver se é possível encontrar algum ouro no meio de um monte de carvão nos cantos mais obscuros da sétima arte.

Caso não saiba o que é um drive-in e como eles influenciaram a cultura Yankee e toda uma geração de cinéfilos e cineastas, recomendo dar uma passadinha no artigo “Um Pesadelo Americano: A História do Exploitation – Parte 2” aqui mesmo no Boca do Inferno para saber mais detalhes.

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Sem mais delongas, a obra desta análise é uma comédia com elementos de terror das mais chinfrins que era possível encontrar no mundo pré-multiplexes, feito com a raspa da sola de um orçamento, todavia para impressionar até o público mais cético, possui dois nomes especialmente famosos do cinema considerado “culto“… Este é Mama Drácula, produção Belga de 1980.

O roteiro acompanha o professor Van Bloed (Jimmy Shuman, numa imitação risível de Jerry Lee Lewis), um hematologista que viaja para a Transilvânia a fim de participar de um congresso médico. Só que na realidade é apenas um plano da condessa Drácula (Louise Fletcher) para fazê-lo trabalhar em um projeto secreto.

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Mama Drácula explica ao doutor que mantém a longevidade devido a se banhar no sangue de virgens, fora a alimentação, mas está cada vez mais difícil capturá-las no vilarejo. Ela oferece um milhão de dólares caso ele consiga desenvolver um substituto sintético para o sangue, assim Van Bloed tem a chance de finalmente ganhar uma grana e, quem sabe, ser candidato ao prêmio Nobel.

Os filhos gêmeos da condessa, Vladimir e Ladislas, são destacados para obter matéria prima (ou seja, garotas virgens), para os experimentos do professor. Para tanto usam como fachada a chique loja de roupas da mãe, adequadamente chamada Vamp. Elas vão experimentar uma roupa, são hipnotizadas e levadas até o laboratório no castelo. Mas quando a policial Nancy (Maria Schneider) começa a investigar os desaparecimentos, a condessa a sequestra, porém as coisas se complicam um pouco mais quando Van Bloed se apaixona pela mais nova cativa da vampira.

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Claramente inspirado em obras mais famosas como O Jovem Frankenstein (1974) e Amor a Primeira Mordida (1979), a primeira conclusão é que Mama Drácula não tem a menor graça. Perdido entre a sátira de gênero e o pastelão encontrado em Os Trapalhões, o filme apresenta uma onda de bobeiras, especialmente quando envolve os irmãos vampiros, que tem mais tempo de cena que qualquer outro personagem.

Até gostei que a produção tente (sem muito esforço) tratar a família vampírica com ares de aristocracia misturado com a máfia italiana – sendo a personagem título o equivalente ao Dom Corleone – e tenha se adiantado em quase 30 anos a ideia básica da série True Blood, só que são apenas boas ideias porcamente desenvolvidas, já que o roteiro é muito atrapalhado nas piadinhas.

Outra coisa que incomoda muito é o sotaque forçado dos vampiros. É uma mistura de italiano e romeno falando em inglês, onde a língua enrola tanto que é preciso voltar várias vezes para entender o que raios eles estão dizendo.

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Certamente o maior destaque de Mama Drácula são as atrizes que interpretam o papel principal e a policial investigadora. A condessa é Louise Fletcher, que venceu o Oscar de Melhor Atriz em Um Estranho no Ninho em 1975, também esteve em O Exorcista 2 (1977) e que por algum motivo ignorado começou a aceitar qualquer papel que viesse pela frente nos anos seguintes. Ela é claramente a melhor no ofício em Mama Drácula, dá um contraste tão grande com os demais que chega a dar pena do restante. Seu trabalho é muito mais digno do que o filme merece.

E Nancy (que só aparece lá pelo final) é interpretada por Maria Schneider, famosa pelas cenas picantes com Marlon Brando em O Último Tango em Paris de 1972, quando tinha somente 19 anos. Imediato símbolo sexual de seu tempo, sua carreira de atriz não foi muito longe quando decidiu não se submeter aos “testes do sofá” dos produtores mais influentes.

Também ficou conhecida por abandonar os sets de Calígula (1979) ao se recusar a tirar a roupa para o diretor Tinto Brass. Schneider não lidou bem com a fama repentina e se afundou em drogas nos anos 70, que culminou em uma tentativa de suicídio. Talvez por este motivo em Mama Drácula ela pareça estar tão apática e inexpressiva, parecendo chapada na maioria das cenas. Após largar as drogas e viver uma vida mais tranquila, Maria Schneider morreu em 2011, aos 58 anos, decorrente de um câncer.

Mama Drácula funcionaria muito melhor se fosse resultado de uma animação do que encenado com atores e tivesse algum esforço na construção de um roteiro coerente, pois da forma que está é mais fácil perder o foco das piadinhas para dar uns amassos dentro do carro… Enfim, este não é o objetivo de um drive-in?

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