Feriados (2016)

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Feriados
Original:Holidays
Ano:2016•País:EUA
Direção:Anthony Scott Burns, Kevin Kolsch, Nicholas McCarthy, Adam Egypt Mortimer, Ellen Reid, Gary Shore, Kevin Smith, Sarah Adina Smith, Scott Stewart, Dennis Widmyer
Roteiro:Anthony Scott Burns, Kevin Kolsch, Nicholas McCarthy, Gary Shore, Kevin Smith, Sarah Adina Smith, Scott Stewart, Dennis Widmyer
Produção:Tim Connors, Jonako Donley, Kyle Franke, John Hegeman, Jonathan Loughran, Gabriela Revilla Lugo, Jordan Monsanto, Jordan Monsanto, Adam Egypt Mortimer, Amanda Mortimer
Elenco:Harley Quinn Smith, Kevin Smith, Seth Green, Lorenza Izzo, Michael Gross, Clare Grant, Aleksa Palladino, Ruth Bradley, Ava Acres, Jocelin Donahue, Shawn Parsons, Harley Morenstein, Michael Sun Lee, Andrew Bowen, Scott Stewart, Mark Steger, Jennifer Lafleur

Contos do Dia das Bruxas, V/H/S, O ABC da Morte, As Fábulas Negras, 13 Histórias Estranhas…Pequenos segmentos conduzidos por um fio temático, as antologias voltaram ainda mais inspiradas. Bastante comuns no século passado, estrelada por grandes ícones do gênero, muitas se espelhavam nos contos de horror das HQs da EC Comics e se mostravam um interessante custo benefício, uma vez que envolviam inúmeros produtores e recursos reduzidos para narrar suas histórias com poucos personagens e cenários. Além do curioso envolvimento de vários diretores, com seus estilos próprios, e atores consagrados, o tema que estabelece a ligação entre os contos também é um valioso atrativo. É o caso da antologia Holidays, com pequenas narrativas que trazem como tema os principais Feriados, o grande motivador dos slashers das décadas de 70 e 80.

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O conto que abre a antologia é sobre o Dia dos Namorados, que serviu de inspiração para o slasher Dia dos Namorados Macabro, de 1981, de George Mihalka. Lembrando o clássico de Brian De Palma, Carrie a Estranha, de 1976, Maxine (Madeleine Coghlan) é uma jovem esquisita que sofre constantemente bullying, principalmente pela paixão que nutre pelo professor de natação Rockwell (Rick Peters). Sofrendo de problemas cardíacos que só podem ser sanados por um transplante de coração, ele terá o apoio sangrento de Max, numa cena final antológica como as das antigas HQs fantásticas. A direção onírica de Kevin Kolsch e Dennis Widmyer, ambos do sensacional Starry Eyes (2014), é bem adequada à proposta, embora o enredo seja bastante óbvio.

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Diferente do bizarro segmento sobre o Dia de São Patrício, de Gary Shore (Drácula: A História Nunca Contada, 2014) a respeito de uma professora que não conseguia engravidar até conhecer uma nova aluna, Grainne (Isolt McCaffrey). Em sua tentativa de aproximação, a partir do protagonismo escolar, ela não imaginava que seu intento está prestes a se tornar realidade, ainda que não do jeito como ela gostaria. Com uma narrativa rápida, entre cortes bruscos e pouca explicação pelas imagens que traduzem mais do que os diálogos, o conteúdo só é abalado pelo humor nonsense na representação dos mitos irlandeses, embora os últimos frames estabeleçam uma conexão adequada com O Homem de Palha, de 1973.

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A terceira história é a mais bem realizada da antologia, como uma lenda fantástica sobre a Páscoa. Antes de dormir, uma garotinha (a talentosa Ava Acres) questiona à mãe sobre a relação entre Coelho da Páscoa e Jesus, uma confusão divertida entre os pequenos. Durante a madrugada, ao caminhar pela casa, ela flagra o próprio representante da Páscoa, depositando ovos e pintinhos no local, em uma belíssima e assustadora maquiagem provida pelo especialista Jason Collins para o Coelho, interpretado pelo ótimo Mark Steger (o Judas de Pesadelos do Passado). Um conto maldito, dirigido com maestria por Nicholas McCarthy (de Pesadelos do Passado e do ótimo At the Devil´s Door), com um final aterrador, daqueles que não saciarão as necessidades do espectador.

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Dia das Mães é o mote do próximo episódio, que me remeteu levemente ao excelente novo curta de Fernando Rick Embaraço. Kate (Sophie Traub) está sofrendo de um terrível mal: ela engravida todas as vezes em que faz sexo. Mesmo se o namorado usar três preservativos e ela se prevenir com pílulas e adesivos, ela está amaldiçoada pelo dom da gravidez, o que a obriga a interromper a gestação constantemente. Ela é aconselhada por uma amiga a buscar auxílio num grupo espiritual residente no deserto da Califórnia envolvendo garotas que não conseguem engravidar. O ritual realizado e a revelação de uma líder mística já preparam o espectador para o final impactante, daqueles que impressionam pela ousadia, ainda que se encerre de maneira abrupta. A direção de Sarah Adina Smith e Ellen Reid é bem feita, instigando o público a pensar sobre o desfecho.

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Mas nenhum instiga mais do que o segmento que homenageia o Dia dos Pais, até mesmo depois de sua conclusão. Na data-tema, a jovem Carol (Jocelin Donahue, de Escavadores, 2008, e A Casa do Diabo, 2009) recebe pelo correio uma caixa com uma fita cassete. Nela, seu pai (Michael Gross, o astro da franquia O Ataque dos Vermes Malditos), desaparecido desde sua infância e que lhe trazia boas recordações, demonstra interesse em uma reaproximação, pedindo que ela siga uns procedimentos para ir ao seu encontro. Anthony Scott Burns não dará ao público todas as respostas, apenas algumas pistas, e o manterá atento nessa jornada pelo passado que conduzirá a garota a um encontro com seu destino. Apesar do tom incerto e misterioso, é o melhor conto da antologia pelas reflexões despertadas, pela atuação de Donahue e, principalmente, pela ambientação.

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Depois do melhor, eis o mais fraco da série, não justificando a homenagem ao Halloween. Em busca por mais uma camgirl, aquelas garotas que se exibem pela webcam, um homem se vê num confronto com suas funcionárias que querem um dia de folga para curtir a data. Elas encontrarão um meio de se vingar do “gigolô virtual“, dando-lhe uma dose de seu próprio veneno. Kevin Smith anda perdido em sua necessidade de brincar com o gênero fantástico, como fez em Tusk e Seita Mortal. E ainda traz um personagem extremamente burro, pois recebe uma faca para se auto-mutilar e esquece que poderia usá-la para cortar determinado fio condutor de seu desespero. Completamente descartável e chato.

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O Natal ficou a cargo de Scott Stewart (de Legião, 2010, Padre, 2011, e Os Escolhidos, 2013). Pete Gunderson (Seth Green, de Krampus: O Terror do Natal, 2015) não quer decepcionar a esposa (Clare Grant, de The Graves, 2009) e nem o filho na compra do grande lançamento do momento, os óculos LUV, que conduzem o usuário a uma realidade virtual ativada pelo subconsciente. Conseguindo o produto ao deixar para trás o moribundo último comprador, ele presenteia a família, mas descobre que o acessório pode trazer revelações surpreendentes, seja na apresentação de seu recente crime como naqueles que ele nem sabia que existiam. Um interessante episódio ao estilo Além da Imaginação, com possibilidades imensuráveis.

Holidays (2016) (7)

Para encerrar a antologia, o Ano-Novo é representado pelo assassino em série Reggie (Andrew Bowen, de Conjurer, 2008) que costuma buscar suas vítimas através de anúncios da internet. Sua nova aposta é a solitária Jean (Lorenza Izzo, esposa de Eli Roth, e que esteve em The Green Inferno, 2013), tímida e com suas próprias complicações. Apesar da falta de surpresas, lembrando filmes como A Vingança de Julia (Julia X, 2011) e Maus Companheiros (1995), é um segmento curto e com boa dose de sangue, na direção acertada de Adam Egypt Mortimer (de Some Kind of Hate, 2015), encerrando de maneira satisfatória a antologia.

Com contos mais divertidos do que problemáticos, Holidays merece uma recomendação pela mistura bem dosada de elementos mitológicos e fantásticos, na condução de bons diretores em ascensão. Alguns feriados ficaram de fora como o Dia de Ação de Graças e o da Independência americana, provavelmente para evitar estender o longa para além das duas horas. Excluindo o patético  Halloween, de Kevin Smith, todas as demais representam o gênero de maneira satisfatória, provendo os fãs de horror a uma forma diversificada de observar um dia de descanso na semana.

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Marcelo Milici

Professor e crítico de cinema há vinte anos, fundou o site Boca do Inferno, uma das principais referências do gênero fantástico no Brasil. Foi colunista do site Omelete, articulista da revista Amazing e jurado dos festivais Cinefantasy, Espantomania, SP Terror e do sarau da Casa das Rosas. Possui publicações em diversas antologias como “Terra Morta”, Arquivos do Mal”, “Galáxias Ocultas”, “A Hora Morta” e “Insanidade”, além de composições poéticas no livro “A Sociedade dos Poetas Vivos”. É um dos autores da enciclopédia “Medo de Palhaço”, lançado pela editora Évora.

3 thoughts on “Feriados (2016)

  • 29/05/2020 em 02:44
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    Nossa gente eu realmente nao consegui assistir mais depois do historia da cobra, serio nada ave com nada. Eu ja tinha esse receio de assistir e achar ruim quando criei coragem para ver so comprovei minha teoria! Nota 0

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  • 13/08/2016 em 19:31
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    O da cobra é ridículo e totalmente dispensável. Esperava bem mais!!!

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  • 29/06/2016 em 22:11
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    É um tanto complicado analisar esse filme num geral por ser antologia, mais fácil mesmo é falar separadamente. O primeiro do dia dos namorados é de longe o pior de todos, temos as referencias a Carrie, mas é só. O segundo também não é tão interessante, talvez pelo fato de não termos tanta familiaridade com o feriado de São Patrício.
    O terceiro é genial e assustador, a visão da menina que mistura o Coelhinho da Páscoa com Jesus é muito bom, e deixa todo mais maluco e macabro. O quarto te conquista pelo clima de suspense crescente, apesar do jumpscare meio fajuto no final, mas a tensão construída é ótima.
    O quinta é com certeza o melhor , uma mistura de humor negro com um subtexto social bem feito, além do gore e da aflição que dá. O de natal é totalmente dispensável, assim como o de Ano Novo, não são ruins, apenas ok.

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