Dahmer - O Canibal de Milwaukee
Original:The Secret Life: Jeffrey Dahmer
Ano:1993•País:EUA Direção:David R. Bowen Roteiro:Carl Crew Produção:David R. Bowen, Carl Crew Elenco:Carl Crew, Cassidy Phillips, Donna Stewart Bowen, Jeanne Bascom, G-Jo Reed, David Angelis, Rowdy Jackson, Andrew Christian English |
“Depois que o medo e o terror do que eu fiz se foi, o que levou um mês ou dois, eu comecei mais uma vez. Eu sentia uma espécie de fome, eu não sei como descrevê-la, uma compulsão e eu apenas continuei fazendo, fazendo e fazendo novamente, sempre que a oportunidade aparecia.” – Jeffrey Dahmer
Uma vez alguém me disse que todos os assassinos que chocaram a humanidade em algum momento da história mereciam uma biografia, já que se não fosse possível alterar as barbaridades do passado ao menos serviria de homenagens às vitimas e, quem sabe, influenciar o futuro. Concordo plenamente, entretanto a maioria destes registros no cinema foram decepcionantes e caminharam para a mediocridade, sem respeitar os verdadeiros fatos e amortecendo o impacto, sem a consciência de que, quando se escolhe um tema chocante como este, os eventos devem ser contados por completo.
Uma pequena e barata produção de 1993, pessimamente lançada no Brasil e por isso desconhecida do grande público, Dahmer – O Canibal de Milwaukee (favor não confundir com Dahmer – Mente Assassina de 2000 e que é infinitamente inferior) tem o mérito de tratar a história de um dos famosos sádicos assassinos seriais dos Estados Unidos utilizando o máximo de fatos e veracidade no que está passando, mostrando que a repugnância de um ser humano nada tem a ver com a aparência física. O nome do monstro é Jeffrey Lionel Dahmer e, antes de falar sobre a cinebiografia, vamos saber resumidamente o que ele fez e porque foi tão temido.
Na infância, Jeffrey Dahmer já realizava experiências com animais, dissecando-os, mas, ao contrário da maioria dos assassinos em série, não era molestado ou repreendido de maneira negativa por seus pais. Quando Dahmer tinha 18 anos, seu divórcio fez com que o jovem se tornasse mais recluso com suas fantasias, e, com esta mesma idade, cometeu seu primeiro assassinato.
Somando todas as suas vitimas Dahmer matou 17 pessoas, todos homens e a maioria negros. Sua motivação para matar era que não suportava a solidão, comia partes de suas presas para que elas fizessem parte dele e chegou a tentar fazer uma espécie de lobotomia em algumas das presas para obter um escravo sexual, um zumbi que o servisse para sempre.
O roteiro do filme conta o período desde a primeira morte em junho de 1978, enquanto Dahmer ainda morava com sua avó, até sua prisão em julho de 1991 e conta com a propriedade que este tipo de biografia tem que ter, sem emitir fatos, mas com respeito aos envolvidos.
O filme começa pelo fim, com o Dahmer fictício (Carl Crew, em um trabalho completamente avesso ao que desempenhou no trash Um Jantar Sangrento) recém capturado pela polícia passando toda sua trajetória através de um flashback como uma crônica. Já no começo, dá-se para ter uma noção de como o filme se comportará daí para frente: Dahmer anda com seu carro pela estrada quando um homem pede carona. Dahmer cede a carona ao rapaz até sua casa. Entretanto o medo e o desejo o encorajam a matá-lo utilizando um halteres. Todas suas vitimas seguintes teriam a mesma motivação.
Iniciando sua vontade de matar, Jeffrey Dahmer estabelece um modus operandi que o faria atrair quase todas as suas presas: o maníaco abordava homens, normalmente em bares e oferecia dinheiro a eles em troca de uma sessão de fotos nus. Quando chegavam ao seu apartamento, Dahmer drogava e os matava das maneiras mais sórdidas e variadas possíveis. Até que em uma ocasião, sentindo que o fim estava chegando, resolveu variar atraindo Tracey Edwards (Aaron Baxton), mas o jovem conseguiu fugir e chamar a polícia, que ficou absolutamente perplexa com o que foi encontrado no imóvel.
Tudo é explicado com uma narração do próprio Jeffrey Dahmer cinematográfico: como atraia seus cativos, suas motivações, medos e compulsões. Uma das vantagens é não mostrar Dahmer apenas pelo seu lado animalesco, mas também como amava sua avó e como era sociável na vida rotineira, dando uma tridimensionalidade à personagem e apresentando-o como uma pessoa inteligente, em plenas faculdades mentais, e não um retardado como o Ted Bundy do cinema. Claro que existem “nuances” tão sórdidas na verdadeira história que elas não podem ser exibidas na tela (para os interessados sugiro novamente as artes escritas), mas o que não é mostrado não torna o resultado final menos chocante.
A ironia das narrações de Dahmer em muitos momentos, principalmente quando ele fala sobre a inocência e a incredulidade das pessoas é realmente assustadora. Eu não poderia deixar de comentar duas cenas em particular que fazem a procura valer a pena: a primeira é quando Dahmer se aproxima de sua próxima vítima por trás e passa a ameaçá-la com uma espécie de serra elétrica extremamente barulhenta proferindo frases como “você sabe que eu vou cortar sua cabeça? Não, não sabe…” – é crescente a aflição causada pelo seu fatídico e inevitável destino, pois esta pessoa em particular é surda e muda.
E também existe a incrível cena final, filmada com apenas dois atores, efeitos simples de vídeo e nenhum pingo de sangue, sustentado apenas no talento da equipe técnica, e que podem causar desconforto no público pelo fato de ser quase tudo verdade… E em uma atitude de profundo respeito por todos aqueles que padeceram nas mãos deste assassino implacável, o diretor dedica a obra a todas as vitimas reais em especial à figura de Tracey Edwards, que sobreviveu para testemunhar e por um ponto final na trilha de sangue de Dahmer. Nestes aspectos todos os méritos vão para Carl Crew, que, além de ser convincente como Dahmer (até na aparência física), assina o roteiro e a produção, e, é claro, também para o desconhecido diretor David R. Bowen, em seu único trabalho nesta posição.
O aspecto granulado da imagem passa um ar documental, mas existem algumas falhas técnicas que não podem deixar de ser ditas, a maioria delas relacionada com a limitação dos recursos, como a falsidade de alguns efeitos especiais. Também existem “escapadas da direção e roteiro” com cenas fora de contexto, que atrapalham um pouco. Como uma em que Dahmer recebe uma ligação telefônica de um padre enquanto está no bar.
O filme foi lançado em 1993, quando Dahmer ainda estava preso, um pouco antes de morrer assassinado na prisão, em 1994, e é um retrato honesto e uma visão séria de um dos serial killers mais lembrados dos Estados Unidos. Como achar esta produção em VHS é coisa rara, fica o recado para o caso de algum dono de distribuidora desavisado passar por aqui: este filme merece seguramente um lançamento em DVD.
Curiosidades sobre Jeffrey Dahmer:
– Lionel Dahmer, pai de Jeffrey Dahmer, publicou um livro chamado “A Father’s Story“, que conta a história de seu relacionamento com seu filho. Uma parte dos lucros foi doado as vitimas e suas famílias;
– Dahmer foi um dos serial killers emulados pelo vilão do filme Copycat (1995). Como Dahmer, o vilão se dirige para um bar gay e drogou sua presa;
– No filme O Demolidor (1995), o criminoso Simon Phoenix (interpretado por Wesley Snipes) descobre o nome de Jeffrey Dahmer em uma lista de criminosos congelados e decide libertá-lo declarando: “Jeffrey Dahmer? Eu amo este cara!“;
– Jeffrey Dahmer também possui referencias claras em músicas de diversas bandas, entre elas: Bobaflex, Macabre, Violent Femmes, Venetian Snares, Freestyle Fellowship, GGFH, Slayer, Cradle of Filth, Pearl Jam e Public Enemy;
Quem tem a dublagem desse filme?, tenho o DVD-rip!
Curiosamente Dahmer foi preso no mesmo ano em que outro célebre canibal estreou no cinema: Hannibal Lecter. Ah, esse filme sobre Dahmer tem completo no YouTube, mas sem legenda.
Assisti essa perola em VHS .. tento acha-la em VHS para te-la em minha Videoteca.. mas ate hoje não consegui acha-la .. pena que as nossas distribuidoras não estão lançando nada que preste ultimamente.. esse era um dos filmes que eles poderiam realmente ter coragem de lança-lo aqui .. mas fica no sonho ,pois a realidade é outra por aqui.
Eu o assisti uma vez no canal da Band faz muito tempo. E até hoje não esqueço a cena do primeiro assassinato.. um filme chocante por ser despretensioso e simples e com uma força dramática marcante.