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Stranger Things (2016) DESTAQUE

Stranger Things
Original:Stranger Things
Ano:2016•País:EUA
Direção:Matt Duffer, Ross Duffer, Shawn Levy
Roteiro:Matt Duffer, Ross Duffer, Jessica Mecklenburg
Produção:Justin Doble, Alison Tatlock
Elenco:Winona Ryder, David Harbour, Finn Wolfhard, Millie Bobby Brown, Gaten Matarazzo, Caleb McLaughlin, Natalia Dyer, Charlie Heaton, Cara Buono, Matthew Modine, Joe Chrest, Joe Keery, Rob Morgan

O cinema está passando por uma onda de revivals de franquias famosas dos anos 80 e 90 como Exterminador do Futuro, Robocop, Parque dos Dinossauros e, mais recentemente, Caça-Fantasmas. Não levaria muito tempo para que esta onda chegasse à TV, mais especificamente, neste caso, a Netflix. Esse revival oitentista, calcado na nostalgia e em uma estética toda particular, é a principal característica de Stranger Things, série que chegou ao serviço de streaming nesta semana e tomou de assalto as redes sociais e a critica especializada que, em sua grande maioria, tem sido só elogios. Mas a série merece todo este hype ou é só a nostalgia falando?

Stranger Things, desenvolvida para a Netflix pelos irmãos Matt e Ross Duffer, mais conhecidos pelo longa-metragem Hidden (2015) e por seu trabalho na série Wayward Pines (2015), é um drama sobrenatural passado em Montauk, Long Island, na década de 80, que se inicia com o desaparecimento de um menino. Enquanto a família e os amigos tentam entender o que aconteceu, a polícia procura por pistas que possam levá-los ao paradeiro do rapaz. Ao longo das investigações, a polícia depara-se com forças sobrenaturais, experiências supersecretas conduzidas pelo governo e uma garotinha muito estranha.

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O que poderia ser apenas mais um exercício nostálgico vazio como o enfadonho Super 8 (2011) se transforma em diversão pura graças aos personagens e à história que, apesar de possuir um enredo simples, é desenvolvida pelos irmãos Duffer com uma paixão que transparece em cada frame, recheada de referências ao cinema dos anos 80, indo de John Hughes a Steven Spielberg, passando por Stephen King e John Carpenter. É possível identificar cenas inteiras inspiradas em Conta Comigo (1986) e E.T. – O Extraterrestre (1982), pra citar só as mais marcantes. Tudo isso embalado por uma belíssima trilha sonora, toda em sintetizadores, composta por Kyle Dixon e Michael Stein, em seu trabalho de estreia, e muito rock’n’roll oitentista de primeira, com destaque para uma cena acompanhada pela belíssima Elegia do New Order que é de partir o coração.

Como já é característica marcante das séries da Netflix, os aspectos técnicos de Stranger Things são quase impecáveis. A ressalva fica por conta do uso imperdoável do CGI pouco convincente em uma série que busca emular o estilo oitentista de se fazer cinema. Nada que a prejudique, mas criaturas feitas em stop motion deixariam o sabor de nostalgia ainda mais acentuado enriquecendo ainda mais essa experiência de viagem no tempo.

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E já que estamos falando dos (poucos) defeitos de Stranger Things, não podemos deixar de falar do roteiro. Esta história já foi explorada em inúmeras produções do gênero, mas a equipe de roteiristas trabalha muito bem dentro das limitações do conceito. A qualidade da série cai um pouco próximo ao final devido à urgência de se resolver alguns pontos e deixar ganchos para uma segunda temporada, mas o saldo é positivo. O elenco e a ambientação, além da diversão de se identificar as referências escondidas pela trama, sustentam muito bem a história ao longo dos apenas oito episódios dessa primeira temporada.

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Certamente o ponto alto da série é o elenco, encabeçado pelo quatro amigos Mike (Finn Wolfhard), Dustin (Gaten Matarazzo), Lucas (Caleb McLaughlin) e Will (Noah Schnapp), que convence e cativa. Junta-se a eles a pequena e misteriosa Onze vivida por Millie Brown, que entrega uma das melhores atuações infantis vistas no cinema ou TV. Sua personagem é forte, poderosa, sensível e frágil, e Millie consegue passar essa ambiguidade como muito ator veterano ainda não aprendeu a fazer. Outro acerto no casting da série é o resgate de Wynona Ryder, que está muito bem como Joyce, a desesperada mãe do jovem desaparecido que fará de tudo para ter seu filho de volta, atuando no modo surtado e overacted que funciona muito bem para sua personagem.

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Ao final da primeira temporada de Stranger Things, a sensação é de que os irmãos Duffer acertaram em cheio em uma série que poderia ser considerada a melhor adaptação de Stephen King para as telas em muito tempo, mesmo não se tratando de uma obra do autor. Mais ou menos como John Carpenter fez com Lovecraft quando dirigiu À Beira da Loucura (1994). O roteiro é simples e raso em alguns momentos, temos que admitir, mas a densidade dramática e a dinâmica entre os ricos personagens faz com que o telespectador releve quaisquer dos poucos defeitos da série que assusta, emociona e diverte na medida certa. E não é disso que eram feitos os filmes nos anos 80? Diversão?

Se quiser conhecer mais sobre as referências presentes em Stranger Things, clique AQUI.

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23 Comentários

  1. Cara, a cena que toca Elegia me fez chorar por dentro, a música é incrível e a cena é muito tocante, mesmo como espectador e sabendo de alguns detalhes, aquela cena tem um significado todo diferente para a trama. A série é fantástica, adorei ela no inicio ao fim, estou louco para saber mais sobre O Outro Lado. Outro ponto é que você cita que a história acontece em Montauk, Long Island, que fica em NY, quando ela na verdade acontece em Hawkins, Indiana.

  2. Gostaria de levantar alguns pontos negativos da série, talvez alguém se identifique comigo, pois a maioria dos comentários foram positivos, embora tenha achado a série interessante.
    Os nostálgicos Goonies, Conta Comigo, Herois não tem Idade, dentre outros, tinham como elenco principal adolescentes, no entanto, Stranger things eram crianças. Isso me afastou duma experiência mais interessante com a série.
    Outro ponto negativo foi a premissa, muito pouco explorada, da existência do “mundo invertido” e da tal entidade (com um CGI desmerecedor). Eu gostaria de ver mais esse mundo: uma experiência mais detalhada e mais imaginativa.
    O destaque às referências aos anos 80 através da trilha sonora, posters de filmes da época e outros elementos não foram suficientes para uma imersão aos anos 80 – a dinâmica da série está no formato atual.

  3. Adorei a serie, mas achei o núcleo adolescente muito chato e obvio teria sido melhor se não tivesse focado tanto na Nancy, não aguentava mais ver ela ficar amassando a testa, ela falava amassava a testa, respirava amassava a testa, ficava feliz amassava a testa, ficava triste amassava a testa,ficava com medo amassava a testa ou seja tenho problema em assistir atores que só sabem interpretar amassando a testa. Agora o núcleo infantil deu um show interpretaram como gente grande.

  4. Engraçado , eu gostei da série , mas n curti a perfomance da Winona c vc falou muito overacting , e ela ta muito detonada era tri gata nos anos 90 ! O CGI das criaturas n é legal !

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      Eu ainda a acho lindíssima! Ela tá maquiada pra fazer o tipo “mãe sofrida que tem que se desdobrar em duas pra sustentar dois filhos já que o marido violento a abandonou”.

      Dá uma procurada nas fotos dela no IMDB mais recentes… Recomendo! 😀

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          Não consegui postar o link… A ferramenta não permite! :/

      1. Ponto para a atuação da Winona Ryder. Boa atriz convence! Realmente é impressionante o realismo do abatimento e desespero dela. E há uma transição até nisto, muito sutil e bem explorada por ela e pela direção. Maravilhosa!

  5. pessoal essa análise/critica do Rodrigo Ramos exemplifica exatamente o que é esse filme, foi uma critica excelente da série…vale a pena ler até o fim a critica antes de assistir ( eu só li depois de assistir e de postar meu comentário sobre a série) uma mistura de tudo de bom dos anos 80 e 90 com uma atualização para nosso tempo…saudosismo e nostalgia são os dois maiores sentimentos que tive quando assisti…e repito, vou assistir novamente, novamente, novamente…e que venham mais temporadas..

  6. Uma grande e grata surpresa para esse ano. Havia visto apenas uma foto mostrando a Winona e não tinha expectativa alguma sobre essa série, não sabia o que esperar. Simplesmente é uma série divina. Parecia que estava assistindo um Goonies de 8 horas, fantástico. Estava ansioso para algo assim, para uma Série oitentista de de terror/ficção de qualidade, a trilha sonora está muito boa, ótimo enredo, ótimos diálogos, e todos atores estão muito bem. Acabei de assistir e vou assistir novamente. Recomendo que apaguem as luzes, coloquem um fone de ouvido e assistam do inicio ao fim, vale muito a pena.

  7. Você chama de enfadonho um filme que ganhou 4 caveiras na análise do Boca do Inferno, na opinião de um dos poucos coerentes por aqui.

      1. Pois você deveria respeitar a análise que temos disponível para mantermos a coerência aqui no site. Isso pelo menos até que você faça a sua crítica oficial. Quando você cita o filme o chamando de enfadonho o link para o qual somos direcionados é o da critica dele. Estamos longe de ter um portal que é meramente a soma de muitos egos, temos, isso sim, a maior referência de horror no país.

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          Somos em quase quinze editores, não dá pra um se pautar pelo outro quando for fazer o review. Assim fica mais fácil de você identificar quem são os resenhistas que mais batem com o seu gosto ou dar uma olhada naquela opinião diferente, o que é sempre bom, pra ver outros lados das coisas.

  8. Achei essa série incrível! Nostálgica porém original, apesar de Winona mandar bem, as crianças são quem fazem a série ser tão boa! 10/10 pra mim, bem refrescante pra Netflix que tá com uma porrada de séries ruins estreando.

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      Pra mim a Netflix se redimiu de suas duas séries sobrenaturais anteriores: Hemlock Grove e Um Drink No Inferno!

      1. Concordo plenamente com vocês dois, Italo e Rodrigo…Netflix ta de Parabens..

  9. Parque dos Dinossauros é dos anos 90!!

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      Eu podia jurar que havia inserido um “e 90” ali no texto. De qualquer forma, está corrigido!

  10. Faço minhas as suas palavras, também me decepcionei com o CGI, acho que o suspense de não mostrar seria muito mais interessante. Parabéns! ?

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      Pois é… Mas ainda assim, é bem legal!

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