Marcas da Possessão
Original:Ava’s Possessions
Ano:2015•País:EUA Direção:Jordan Galland Roteiro:Jordan Galland Produção:Jordan Galland, Maren Olson, Carlos Velasquez, Douglas Weiser Elenco:Louisa Krause, Carol Kane, Jemima Kirke, Alysia Reiner, William Sadler, Dan Fogler, Lou Taylor Pucci, Zachary Booth |
Chamado apenas de “R” pela mídia na época, um garoto de 13 anos conseguiu finalmente se livrar do demônio que havia consumido sua alma. Era 1949, um período complicado para a divulgação de acontecimentos estranhos, mas houve um esforço sobrenatural para que sua identidade e todo o seu sofrimento, testemunhado por 26 pessoas, fossem mantidos em sigilo para preservar seu futuro. Alguns apontam como Ronald, outros como Robert, e até já chegaram a traçar teorias sobre o hospedeiro da entidade maléfica, como se essa informação servisse como algo mais do que simplesmente ampliar a dor dos envolvidos. Todavia, a curiosidade permanece – não pelo nome, mas pela vontade de saber como ele encarou seu passado -, e um criativo longa, de 2015, resolveu propor algumas sugestões para a página seguinte.
Marcas da Possessão começa onde muitas produções sobre exorcismo terminam, propondo um caminho diferente. Auxiliada pelo padre Merrino (John Ventimiglia) – em uma óbvia citação ao famoso Merrin, que ajudou Regan em 1973 -, a jovem Ava (Louisa Krause) está livre do demônio, mas distante da tranquilidade. Tanto sua família, que permite ao espectador o reconhecimento de William Sadler como pai da garota, quanto a vida social está extremamente abalada: sem emprego, namorado, amigos e ainda tendo a responsabilidade por todos os danos causados! Para evitar a prisão, uma vez que a lei não reconhece a prática do exorcismo, seu advogado JJ Samson (Dan Fogler) sugere que ela procure um grupo de apoio às pessoas que foram possuídas pelo demônio. O tal Spirit Possession Anonymous, cuja sigla já forma o interessante SPA, possibilita que os ex-possuídos possam desabafar e encontrar meios de impedir que o demônio retorne ao corpo.
De acordo com dados estatísticos do divertido enredo de Jordan Galland, 10% das pessoas que sofreram algum tipo de possessão acabam sendo novamente possuídas. Ava só decide procurar ajuda quando começa a ter visões assustadoras da entidade, e percebe que não terá uma vida normal, nem conseguirá emprego, enquanto não dominar o Mal. No grupo, ela aprende a rosnar para o inimigo sobrenatural, houve os desabafos e a tarefa final, a utilização de uma coleira que traz para o corpo o demônio de volta. Se a pessoa possuída tiver controle sobre suas ações e conseguir tirá-la por conta própria, pode-se considerar finalmente livre de qualquer chance de uma nova possessão. No entanto, essa jornada inclui uma conversa com as pessoas que foram feridas por ela, e uma tentativa de descobrir porque ela recebeu o demônio: fez algum ritual, participou de alguma brincadeira espiritual, usou drogas ou está com problemas na família?
Tendo como base esse conceito, imagina-se que o longa seja uma comédia besteirol que tira onda dos filmes de exorcismo. Até tem algumas brincadeiras com o tema, como uma sátira sem o apelo do humor gratuito, como a jovem Hazel (Annabelle Dexter-Jones), que, contrariando as expectativas, quer voltar a ser possuída, mas o longa trabalha o tema de maneira até dramática. Ava sofre o diabo (sem trocadilhos) para entender o que aconteceu durante o período em que esteve apagada, e a descoberta pode ser ainda mais dolorosa do que tudo o que sofreu. Jordan Galland prova que, mesmo com todo desgaste do subgênero, ainda é possível desenvolver um enredo que se distancie dos clichês básicos para apresentar um respiro de novidade!
Eu curti muito a abordagem desse filme.