Logan
Original:Logan
Ano:2017•País:EUA Direção:James Mangold Roteiro:David James Kelly , Michael Green Produção:Lauren Shuler Donner, Simon Kinberg, Hutch Parker Elenco:Hugh Jackman, Dafne Keen, Patrick Stewart, Richard E. Grant, Boyd Holbrook, Stephen Merchant |
Logo na cena de abertura de Logan, vemos de cara nosso herói caído enquanto um grupo de mexicanos rouba seu carro. De cara pensamos: “Uau, ele vai botar as garras pra fora e já descer o cacete naquela luta bem coreografada de sempre”, mas a batalha extremamente sangrenta que se segue (finalmente aquelas lâminas fazem jorrar sangue) não termina lá muito bem. Vemos ali um homem envelhecido e bastante abatido. Logan não é mais o Wolverine.
Num mundo ambientado em um futuro próximo, os mutantes praticamente deixaram de existir. Nenhum nascimento com o gene X foi registrado nos últimos anos e Logan leva a vida bem longe do glamour heroico dos X-Men, agora como motorista particular no Texas, dividindo seu tempo entre o alcoolismo e a cuidar de Charles Xavier, mantido isolado na região da fronteira com o México por ainda ser a mente mais poderosa do mundo, mas tomado pelo Alzheimer, o que também o tornou a mente mais perigosa do mundo devido a sua instabilidade.
O dia a dia de Logan muda quando uma enfermeira mexicana cruza seu caminho pedindo para que ele a ajude a salvar uma criança. Laura, de 11 anos, é ninguém menos que X-23, o famoso projeto de clonagem de Logan, que criou uma menina com habilidades extremamente poderosas, ao mesmo tempo que perigosas.
Logan tem o tom que os fãs de Wolverine sempre quiseram para os filmes solo do herói. Os desastrosos Origens e Imortal finalmente podem ser esquecidos. O mais famoso X-Men tem aqui seu filme próprio mais digno, mesmo que a aclamada HQ que o inspire, Velho Logan, tenha um número mínimo de referências e as comparações com o jogo The Last of Us realmente façam mais sentido.
Quando Logan, Charles e Laura precisam fugir da caçada dos Carniceiros, o filme adota um tom de road movie e nos embala constantemente entre ação e emoção.
Sim, é um filme extremamente emotivo. Charles, mesmo doente e com vagas memórias do que aconteceu com os outros X-Men, quer salvar a todos. Já Logan, cansado de uma vida de tantas frustrações e notáveis sacrifícios visivelmente em vão, não quer mais tantos problemas porque simplesmente não possuí mais capacidade para aguentá-los.
O roteiro é um feito. Com diálogos muito bem escritos, temos aqui finalmente um filme dos mutantes que não agride a inteligência do público. Um punhado de referências ao personagem podem ser encontradas sem serem escancaradas ao espectador e muito da história é deixado apenas de modo subentendido, ou entregue aos pedaços, sem aquele didatismo típico dos filmes de super-heróis. Some a isso um total clima de pessimismo e melancolia durante toda a obra.
Intercalando cenas da viagem com momentos de ação pesada, o filme segue uma crescente de qualidade, embora derrape um pouco no final, quando ao chegarem ao seu objetivo, os protagonistas tenham uma mudança de cenário e narrativa drástica antes de seu desfecho.
E se Logan é um grande filme, definitivamente é porque seu elenco entrega grandes atuações. Patrick Stewart está sensacional como um confuso e dependente Charles Xavier, arrancando sentimentos dúbios de todos nós. Boyd Holbrook, como o líder dos Carniceiros, também não deixa nada a desejar, mesmo que o temido grupo da saga mutante tenha virado um bando de mercenários que não fariam muita diferença no filme se fosse qualquer outro grupo paramilitar. E Dafne Keen nos deixa de queixo caído. A garota, que quase não fala, passa através de sua face todas as emoções da personagem de forma impressionante, além das cenas de luta onde você ficará embasbacado pensando “Como botaram uma criança pra gravar um negócio desses?”.
Mas o filme é de Hugh Jackman. Após quase 20 anos interpretando Wolverine, o ator entrega aqui sua melhor performance a ponto de ser constantemente chamado pela imprensa e público brasileiro da gíria do momento: “homão da porra”. Logan é o reconhecimento que Hugh Jackman precisava por esse papel icônico. Sua despedida em grande estilo, mesmo sob momentos altos e baixos, vai deixar saudades em todos os fãs do mutante casca grossa, mas de grande coração.
Aki, vocês sabem que na verdade não é a menina que faz todas aquelas cenas de ação e carnificina, né? É uma dublê né meu pessoal!!! Portanto eles não “botaram uma criança pra fazer um negócio desse”. Eles botaram uma dublê muito boa e ginasta, tá? Só pra esclarecer