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Demência 13
Original:Dementia 13
Ano:1963•País:EUA, Irlanda
Direção:Francis Ford Coppola
Roteiro:Francis Ford Coppola
Produção:Roger Corman
Elenco:William Campbell, Luana Anders, Patrick Magee, Bart Patton, Mary Mitchel, Eithne Dunn, Peter Read, Karl Schanzer, Ron Perry, Derry O´Donovan, Barbara Dowling

O produtor e diretor Roger Corman é conhecido como um dos principais realizadores dos chamados filmes de baixo orçamento, principalmente dos gêneros horror e ficção científica, e mais notavelmente na década de 1960, período mais produtivo e criativo de sua carreira. Ele é o responsável por diversas e eternas pérolas do cinema fantástico, como A Loja dos Horrores (1960), Muralhas do Pavor (1962), O Corvo, O Homem dos Olhos de Raios-X e O Castelo Assombrado (todos de 1963), ou A Máscara Mortal (1964), citando apenas alguns de sua extensa filmografia.

Ele trabalhou com atores veteranos e imortais como Boris Karloff, Vincent Price e Peter Lorre, ou ainda jovens promessas na época como Ellen Burstyn, Jack Nicholson e Robert De Niro – esses dois últimos são considerados hoje entre os maiores atores da indústria de cinema.

Ele também lançou grandes profissionais por detrás das câmeras como Peter Bogdanovich, Martin Scorsese ou Francis Ford Coppola. Este último é um dos mais respeitados diretores da atualidade com obras como a trilogia sobre a máfia O Poderoso Chefão (1972 / 74 / 90), o clássico da Guerra do Vietnã Apocalypse Now (1979), ou ainda o horror de Drácula de Bram Stoker (1992), entre vários outros filmes de grande relevância.

O que poucos sabem é que o primeiro filme de Coppola foi na verdade uma história de horror, justamente quando ele trabalhava na equipe de produção de Roger Corman, que deu a oportunidade para ele dirigir Dementia 13, com roteiro do próprio Coppola. Na época, ele assinava somente como Francis Coppola, sem o nome intermediário “Ford”, que passou a usar somente mais tarde, a partir de seus próximos filmes.

Dementia 13 é um típico filme “B”, filmado em preto e branco em 1963 em locações na Irlanda. Roger Corman estava querendo um roteiro de uma história como elementos similares aos do clássico Psicose (1960), dirigido por Alfred Hitchcock poucos anos antes, algo envolvendo uma maldição familiar.

Coppola escreveu então seu argumento e, ao apresentá-lo à Corman, recebeu a oportunidade de dirigir o seu primeiro filme, que é uma raridade pouco conhecida e que foi lançada em VHS no mercado brasileiro em 1997 pela Continental Home Vídeo, e em DVD em 2006 pela Multi Media Group.

O filme conta a história de uma maldição envolvendo uma nobre família irlandesa que vive no enorme Castelo Haloran, uma edificação de pedra no melhor estilo gótico, e que foi atingida por uma tragédia envolvendo a morte de Kathleen (Barbara Dowling), uma jovem criança que afogou-se no lago da residência quando brincava com seu irmão Billy. Após o acidente fatal, a família se separou ficando apenas a matriarca Lady Haloran (Eithne Dunn) vivendo no castelo com seus criados Arthur (Ron Perry) e Lillian (Derry O´Donovan). Porém, a família, formada ainda pelos irmãos John (Peter Read), o escultor de estátuas Richard (William Campbell) e o jovem Billy Haloran (Bart Patton), se reúne todos os anos para celebrar o memorial da morte da irmã Kathleen, cuja sepultura nos jardins do castelo é mantida sempre revestida de flores por sua mãe, que sente-se culpada pela morte da criança e nunca se recuperou da perda prematura da filha.

Exatamente sete anos mais tarde, a família reúne-se novamente para mais um memorial. Porém, antes de partir para o castelo, John, que sofre do coração, tem um ataque cardíaco e seu corpo é ocultado por sua esposa Louise (Luana Anders) para que Lady Haloran não saiba da morte do filho e possa incluí-la no testamento da família. E para se juntar a eles, a noiva de Richard, Kane (Mary Mitchell), vem de Londres com o objetivo também de se casar o mais rápido possível.

Enquanto a família está novamente reunida, um assassino começa a atuar nas imediações do castelo utilizando um machado para dilacerar suas vítimas. Após o desaparecimento de Louise, mortalmente golpeada com machadadas, e de um vizinho caçador, Simon (Karl Schanzer), decepado violentamente enquanto se arrastava pelo chão à procura de coelhos selvagens, além da loucura se apossar da mente de Lady Haloran, o médico da família, Dr. Justin Cale (Patrick Magee), é chamado para ajudar e ele passa a investigar a maldição que ronda o local envolvendo a morte da jovem Kathleen no lago.

Os destaques ficam por conta das assustadoras locações, o castelo macabro, e a fascinante concepção visual que mesclada a uma trilha sonora sobrenatural combinam perfeitamente para um ambiente de horror. Sem contar a forte violência para a época da produção, com as cenas dos assassinatos de Louise no lago, com seu sangue misturando-se às águas saindo de seu corpo por poderosos golpes de machado, e a decapitação precisa de Simon com sua cabeça rolando também para as águas misteriosas do lago.

Existem similaridades em sua história com o clássico Psicose, na ideia central de uma família atormentada por uma maldição. Em Psicose, um assassino psicopata, Norman Bates (Anthony Perkins), está obcecado pela influência de sua mãe super protetora mesmo após sua morte. Ele guarda o cadáver da mãe e a loucura se apossa de sua mente com ele apresentando uma dupla personalidade, a sua própria e uma doentia influenciada pela mãe morta. Já em Dementia 13, uma família é tragicamente atingida pela morte prematura de uma menina por afogamento num acidente envolvendo um de seus irmãos. Alguns anos mais tarde, a loucura atinge parte de seus membros e um assassino portando um machado começa a rondar o castelo em que vivem. A famosa cena do assassinato do chuveiro em Psicose, onde uma jovem garota (interpretada por Janet Leigh) é violentamente esfaqueada quando tomava o banho, tem o seu paralelo em Dementia 13, na cena onde uma mulher também é violentamente morta com golpes de machado quando saía de um lago.

A década de 1960 foi extremamente significativa para o cinema de horror, num período em que foram produzidos dezenas de filmes de baixo orçamento, porém com qualidades que marcaram para sempre a história do gênero. Um filme como Dementia 13, assinado por Roger Corman e Francis Ford Coppola, fotografado em preto e branco, com uma história de horror clássica, castelo gótico, mortes violentas para a época, e sendo uma obra raríssima que poucos conhecem ou tem acesso… não é preciso dizer mais nada… A diversão é garantida.

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