![]() A Torre Negra
Original:The Dark Tower
Ano:2017•País:EUA Direção:Nikolaj Arcel Roteiro:Nikolaj Arcel, Akiva Goldsman, Jeff Pinkner, Anders Thomas Jensen Produção:Akiva Goldsman, Ron Howard, Erica Huggins Elenco:Idris Elba, Matthew McConaughey, Tom Taylor, Dennis Haysbert, Ben Gavin, Claudia Kim, Jackie Earle Haley, Fran Kranz, Abbey Lee, Katheryn Winnick |
“O Homem de Preto fugia pelo deserto, e o pistoleiro ia atrás”. Com esta frase, iniciava uma série de livros de Stephen King, o prolífico escritor que talvez seja o mais adaptado para o cinema. King, que levou em torno de trinta anos para concluir os sete livros, constrói um universo onde mundos paralelos têm como equilíbrio a Torre, que dá título à obra inspirada no poema “Childe Roland, a Torre Negra Chegou”, de Robert Browning. O universo de A Torre Negra se estendeu aos quadrinhos e outro livro chamado “O Vento pela Fechadura”; além de ligações com várias obras de King. Resumindo – “A Torre Negra” funciona como um projeto ambicioso, uma compilação de tudo o que ele construiu durante toda a sua carreira. Levar esta obra para os cinemas seria uma tarefa difícil, e foi. O projeto passou por alguns produtores, mas nunca ia pra frente – caiu nas mãos de Ron Howard (Mente Brilhante, Código Da Vinci), e também de Akiva Goldsman (que assina também o roteiro), além de claro, do próprio King. Para a direção foi escalado o novato Nicolaj Arcel, que trabalhou como roteirista na versão sueca de Os Homens que não amavam as Mulheres. A verdade é que A Torre Negra, comercialmente falando, é violento e complexo, e nesse primeiro momento, o projeto deveria alcançar um público maior, e não só os fãs do autor, porém o próprio que, apesar e ter gostado da adaptação, revelou o desejo que o próximo filme seja para maiores de 18.
Ao longo da produção, detalhes da mesma foram se revelando. E o que mais preocupou os fãs foi o fato de o filme não ser uma adaptação direta de nenhum dos livros, e sim, seria inspirado no universo criado por King, uma continuação dos livros, uma vez que a conclusão permitia esta opção. A produção passou por vários adiamentos, que só contribuíam para o aumento da ansiedade dos fãs, porém aumentava também a descrença e a desconfiança. Após vários cortes exigidos pela produtora, o tempo do filme foi para 90 minutos, intensificando os sentimentos descritos acima.
O enredo do filme é basicamente sobre a tentativa de O Homem de Preto destruir a Torre, onde o caos entre os mundos paralelos seria instaurado e controlado por ele. Roland é o último pistoleiro vivo do mundo médio, um dos mundos paralelos regidos pela Torre, uma mistura entre futuro e passado de nosso mundo. Os pistoleiros eram um clã de guerreiros que juraram proteger a Torre, porém Roland quer apenas vingança contra o Homem de Preto. Jake surge como um garoto com talentos psíquicos especiais, e pode ser a salvação, ou a destruição da Torre.

O grande problema do filme é que tudo é muito rápido, não há espaço de desenvolvimento das relações entre os personagens. A construção destas relações é a chave para a narrativa fluir naturalmente. Mas o pouco tempo destinado não foi suficiente para a quantidade de informações necessárias para o desenvolvimento do que a produção propôs, mesmo com um bom início, onde somos apresentados aos protagonistas, e a construção entre as relações é iniciada, tendo como grande mérito as atuações do trio de protagonistas. Tom Taylor é Jake, o garoto que sofre com os pesadelos que revelam a ameaça de a Torre ser destruída, um personagem angustiado e sozinho em suas convicções. Idris Elba, escolhido para viver Roland, o pistoleiro sem esperança, amargurado pelo passado, movido apenas pelo sentimento de vingança. Já O Homem de Preto retrata bem o personagem descrito no livro: irônico, debochado, traiçoeiro e poderoso em sua magia – embora caricato em certos momentos, Matthew MacConaughey constrói bem o personagem, entregando um vilão icônico. O desenrolar da trama vira uma bagunça generalizada, o ritmo do filme é visivelmente prejudicado pelos cortes, onde até cenas vistas no trailer não estão mais na produção. A luta no Dixie Pig é bem arquitetada, porém o confronto entre Roland e o Homem de Preto, que talvez fosse a principal cartada da produção (já que os livros ficam devendo este confronto) é decepcionante.
O futuro de A Torre Negra dependerá do desempenho desta primeira investida nas telas do cinema. O filme vai bem nas bilheterias, mas vem sofrendo duras críticas, tanto da imprensa quanto do público. Já se fala sobre uma série que adaptaria o quarto livro “Mago e Vidro”. A espera foi longa, e fica o sentimento final de que faltou orçamento, faltou construção, faltou desenvolvimento, faltou emoção, faltou vida ao projeto. Talvez Ron Howard devesse bater um papo com Frank Darabont, e pegar algumas dicas de como realizar uma adaptação decente, ou quem sabe, contratá-lo para as próximas adaptações. Fica a expectativa de que o futuro da Torre seja salva por Roland, Jake, e quem sabe Eddie e Susannah; que seja feita “A Escolha dos Três”; que cheguem as “Terras Devastadas”; que a história de Roland seja contada assim como em “Mago e Vidro”; que enfrentem “Os Lobos de Calla”; que ouçam a “Canção de Susannah”, e que cheguem “À Torre Negra”. Longos dias e Belas Noites.

























