Um Dia é da Vida, o Outro da Morte
Original:Um Dia é da Vida, o Outro da Morte
Ano:2017•País:Brasil Direção:Calebe Lopes Roteiro:Calebe Lopes Produção:Klaus Hastenreiter, Erdman Correia Elenco:Elcian Gabriel, Klaus Hastenreiter, Maria Kamilly, Luan Gusmão, Gustavo Busson, Paulo Papel, Calebe Lopes, Alan Leonel, Nicole Passos, Marcus Barbosa |
Dentre os vários agradecimentos constantes nos créditos finais do curta-metragem Um Dia é da Vida, o Outro da Morte, o nome de Anita Rocha da Silveira é mencionado. Não se trata de mera coincidência, pois os traços da cineasta carioca (Mate-me Por Favor) saltam aos olhos durante a projeção do sexto trabalho de Calebe Lopes, que passeia entre várias temáticas, dentre as quais se destacam a apatia juvenil, o individualismo e o imediatismo das redes sociais, tudo isso sem abrir mão do bom e velho horror.
Embalado por uma boa trilha sonora de Pablo Contijo, que aposta em tons eletrônicos que remetem diretamente a bons exemplares oitentistas do gênero, o roteiro, também assinado por Lopes, trata da repercussão entre várias personagens, acerca da morte violenta de uma jovem nos arredores do campus da Universidade Federal da Bahia (na qual o filme foi gravado). Enquanto uns personagens apresentam uma apatia tremenda, comentando casualmente o assassinato sem dar maior importância, fazendo jus à sinopse (“ninguém liga”); outros até se preocupam – mas consigo mesmos – como o estudante de cinema que está mais interessado em fazer um filme de horror com a situação do que preocupado ou chocado com a morte da garota. Nesse sentido, a fotografia, que aposta numa paleta dessaturada, ajuda na construção de um clima de desolamento e frieza. Por outro lado, o excesso caricatural em algumas atuações ora funciona como trunfo, ora acaba aborrecendo, sobretudo por causa de alguns diálogos quase inaudíveis. O curta é esperto, no entanto, ao manter o mistério (nunca vemos o que, de fato, ocorreu com a moça) e no seu desfecho elegantemente aterrador.
Tendo participado de inúmeros festivais até a presente data, incluindo o prestigiado Cannes, Um Dia é da Vida, o Outro da Morte pode até desagradar cinéfilos de horror mais conservadores, mas aponta um caminho que, para o bem ou para o mal, parece ser o futuro do horror no cinema.