Jogos Mortais: Jigsaw (2017)

3.8
(4)

Jogos Mortais: Jigsaw
Original:Jigsaw
Ano:2017•País:EUA, Canadá
Direção:Michael Spierig, Peter Spierig
Roteiro:Pete Goldfinger, Josh Stolberg
Produção:Mark Burg, Gregg Hoffman, Oren Koules
Elenco:Matt Passmore, Tobin Bell, Callum Keith Rennie, Hannah Emily Anderson, Clé Bennett, Laura Vandervoort, Paul Braunstein, Mandela Van Peebles, Brittany Allen, Josiah Black

A franquia Jogos Mortais foi o verdadeiro carnaval do cinema de terror no século XXI. Utilizamos aqui a festa momesca não apenas pelos filmes terem feito a alegria de muitos fãs, mas principalmente por termos tido um novo filme por ano desde o lançamento do primeiro, em 2004, até o sétimo capítulo, em 2010. Ou seja, bastava sair da sala de cinema, quase como uma quarta-feira de cinzas, para começar a contagem para o próximo carnaval em forma de filme.

Infelizmente, todo carnaval tem seu fim e, no caso de Jogos Mortais, a série foi decaindo vertiginosamente até o seu sofrível e agonizante final no sétimo título da franquia, que para piorar foi lançado em 3D. Relembrando, o primeiro filme foi uma das grandes surpresas do gênero no começo dos anos 2000 e suas duas primeiras sequências eram até assistíveis. O problema começou a partir do quarto filme e só fez piorar com cada nova produção até o sétimo filme.

Para quem não se lembra, o mote girava em torno de John Kramer (Tobin Bell), também conhecido como Jigsaw, que sequestrava pessoas e as colocava nos tais jogos mortais para testar as capacidades de suas vítimas de sobreviverem enquanto buscavam redenção sobre seus pecados e crimes passados. Este enredo funcionou muito bem no primeiro filme com armadilhas simples e boas situações. A partir do segundo tudo começou a soar mais exagerado. Tanto que John logo ganhou não um, mas alguns auxiliares. Basta lembrar que John foi morto no terceiro filme e mesmo assim tivemos mais quatro sequências.

No mundo fílmico passaram-se dez anos desde que John morreu. Por sinal, o nome dele se tornou bastante popular na internet, mais precisamente na deepweb onde muitos admiradores trocam informações. Logo no começo do novo filme acompanhamos cinco pessoas que acordam com correntes no pescoço em um local desconhecido presas em uma armadilha estilo Jigsaw. Ao mesmo tempo, a polícia se esforça, mas parece perdida em descobrir o que está acontecendo e quem seria o imitador de John Kramer.

O roteiro escrito pela dupla Pete Goldfinger e Josh Stolberg, responsável por Piranha 3D e Piranha 2, até tenta criar algum suspense com a investigação de quem pode estar imitando Jigsaw, mas o principal destaque para os saudosos da franquia é acompanhar o grupo de vítimas padecer nas super armadilhas. E bota super nisso. Destaque para uma espécie de cilindro mortal operado por uma moto… Foram-se os dias de pequenas e eficientes serras ou aparelhos presos na mandíbula das vítimas… Desde o segundo filme que um verdadeiro aparato de armadilhas passou a ser construído e o novo capítulo não fica atrás.

De volta ao roteiro, existem falhas gritantes, principalmente para justificar a questão de ainda utilizar um personagem morto (ou nem tanto) desde o terceiro filme. Ao mesmo tempo, os novos personagens não causam interesse e parecem surgir apenas para morrer. Já a direção dos irmãos Spierig, de 2019 – O ano da Extinção – está dentro do trivial do que se esperar de um Jogos Mortais 8. Não é nem de longe melhor do que os três primeiros, mas ao menos não é tão ruim quanto os 4, 5, 6 e 7.

SPOILER!!!! SPOILER!!!! SPOILER!!!! SPOILER!!!! SPOILER!!!! SPOILER!!!!

A justificativa para a participação de Tobin novamente como John Kramer é facilmente descoberta por quem prestar o mínimo de atenção ao filme. Fica claro em diversos momentos que o roteiro trabalha com duas linhas do tempo bastante diferentes. A principal prova acontece quando as vítimas começam a morrer e logo seus corpos são encontrados em diferentes lugares pela polícia. Dentro da narrativa fílmica, não seria possível que isto acontecesse. A mesma prática foi inclusive mais bem utilizada no segundo filme, em 2011. Outra questão obvia é que John Kramer se tornou uma figura famosa altamente conhecida por todos. Estranhamente nenhuma das cinco vítimas que inicialmente estavam acorrentadas faz qualquer questionamento de estarem em uma armadilha do Jigsaw. E nem ao final, quando Anna e Ryan encontram John, nenhum dos dois questiona o fato de John estar vivo. Ou seja, a conclusão nem é tão impactante assim. E colocar mais um ajudante / seguidor / imitador de John Kramer é no mínimo lugar comum.

FIM DO SPOILER!!! FIM DO SPOILER!!! FIM DO SPOILER!!! FIM DO SPOILER!!!  

Por fim, o novo Jogos Mortais talvez até faça a alegria dos fãs mais xiitas de John Kramer. Aqueles que vão ao cinema muito mais para verem armadilhas super elaboradas, cabeças e membros decepados do que necessariamente um bom roteiro, bons personagens e um super final. Seria pedir muito? Basta lembrar que o primeiro filme trouxe justamente a combinação perfeita entre suspense, roteiro, armadilhas, membros decepados, personagens interessantes e um final surpresa. O problema foi que para os produtores, os jogos estavam apenas começando com o primeiro filme. Vamos aguardar agora pelo próximo carnaval.

O que você achou disso?

Clique nas estrelas

Média da classificação 3.8 / 5. Número de votos: 4

Nenhum voto até agora! Seja o primeiro a avaliar este post.

Avatar photo

Filipe Falcão

Jornalista formado e Doutor em Comunicação. Fã de filmes de terror, pesquisa academicamente o gênero desde 2006. Autor dos livros Fronteiras do Medo e A Aceleração do Medo e co-autor do livro Medo de Palhaço.

10 thoughts on “Jogos Mortais: Jigsaw (2017)

  • 25/10/2023 em 07:29
    Permalink

    Só pelo fato de não ter mais aquele sangue rosinha e aquela imagem horrorosa de filme amador do sétimo filme já é um imenso progresso pra esse JM: Jigsaw. Curti essa sequência apesar das mortes e armadilhas não serem muito criativas.

    Resposta
  • 28/09/2018 em 16:56
    Permalink

    Eu esperava algo muito melhor! O único aspecto positivo talvez seja o facto de acabar relativamente depressa. Vale lembrar que diretor James Wan e o roteirista Leigh Whannell (do óptimo Sobrenatural: A Última Chave) , ambos do filme original, estão à bordo como produtores executivos. Com “Jigsaw” tinham aqui a tentativa de fazer um soft reboot à saga, ou pelo menos tentar progredir e criar algo de novo e original, mas nota-se que faltou a coragem, e o produto final é uma cópia de tudo o que já vimos antes. As reviravoltas são esperadas e óbvias, as armadilhas são fracas e já não têm qualquer impacto e há momentos com tantas lacunas em lógica e coerência que simplesmente desisti de prestar atenção. Existem óbvios problemas de contraste entre as duas narrativas e o momentum é perdido várias vezes quando saltamos de uma para outra. O diálogo é ridículo e embaraçoso, e há imensos momentos forçados e clichés que rapidamente se tornam irritantes e frustrantes. Mas o mais absurdo talvez seja a seriedade com que o filme tenta abordar o elemento dramático que nunca chega realmente a existir.

    Resposta
  • 17/04/2018 em 12:38
    Permalink

    COM ALGUNS SPOILERS:

    Eu não coloco entre os melhores, mas não achei essa coisa ruim que a galera tem pintado. É facilmente melhor que os filmes 5 e 7, talvez até melhor que o 4 (que eu gosto pela brincadeira que fazem com o tempo, mas já rola uns exageros); o 6º é o melhor da fase pós Saw 4.

    Disseram por aí que as armadilhas estão pouco inspiradas, mas eu já gostei por serem mais simples justamente por serem as primeiras. A mais exagerada é aquela da moto, mas não é de longe exagerada como aquelas armadilhas do 7. Também gostei de terem tirado aquela edição epiléptica e barulhenta demais da franquia, que já estava me cansando depois do quarto filme.

    Pontos fracos: Personagens pouco carismáticos da parte dos investigadores (as vítimas eu até gostei, cheguei a torcer pelos três restantes, pelo menos até saber o que fizeram). Algumas conveniências do roteiro. As revelações não são das mais chocantes, até achei anti-climáticas.

    Mas achei interessante como fizeram para dar continuidade à franquia, ainda que caia no lugar comum do seguidor de Jigsaw. Não transformando o personagem num Hoffman da vida, tá ótimo. E que eles não ignorem a existência dos outros seguidores anteriores, apesar do filme ter dado indícios de que seja por aí o caminho, sendo uma continuação mais parecida com um reboot. Vamos ver o que vai rolar, né.

    Resposta
  • 21/12/2017 em 12:12
    Permalink

    Não concordo que seja melhor que as partes 4,5,6 e 7. Concordo que é o pior filme da série. A essência da franquia, que era a violência extrema, com litros e mais litros de sangue sendo derramado, em armadilhas bem sádicas, aqui se perdeu. A história todos sabem que não era lá essas coisas. Depois do terceiro filme, começaram a inventar e forçar muito a barra; mas a essência continuava, com muito sangue e violência. As armadilhas aqui são muito pouco criativas, e quando você acha que “agora o sangue vai rolar”, se decepciona.

    Resposta
    • 06/05/2021 em 00:07
      Permalink

      concordo plenamente com vc, esse pior da franquia até o 4 que na minha opinião é mais fraquinho de todos e melhor que esse.

      Resposta
  • 12/12/2017 em 01:20
    Permalink

    Discordo muito. Filme péssimo, 2º pior da franquia, e o 6º é bem bacana.

    Resposta
  • 05/12/2017 em 23:15
    Permalink

    Obrigado pela crítica e os spoilers. Era só isso que eu queria saber. Nem vou gastar tempo assistindo. Pra mim a franquia devia ter terminado no quarto filme, no máximo.

    Resposta
  • 05/12/2017 em 02:56
    Permalink

    Se você é igual eu que gosta de TODOS os filmes da franquia com certeza irá gostar desse também . Agora , se você tem essa mesma opinião que só os 3 primeiros são bons e o restante é ruim , pra que ver esse então ?

    Resposta
  • 05/12/2017 em 00:34
    Permalink

    Excelente crítica. Assisti hoje e faço minhas as suas palavras.

    Resposta

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *