A Noite Devorou o Mundo (2018)

1.8
(10)

A Noite Devorou o Mundo
Original:La nuit a dévoré le monde
Ano:2018•País:França
Direção:Dominique Rocher
Roteiro:Dominique Rocher, Jérémie Guez, Pit Agarmen
Produção:
Elenco:Anders Danielsen Lie, Golshifteh Farahani, Denis Lavant, Sigrid Bouaziz, David Kammenos, Jean-Yves Cylly, Nancy Murillo, Lina-Rose Djedje

Inspirado em um romance homônimo, escrito por Pit Agarmen, A Noite Devorou o Mundo (La nuit a dévoré le monde) é uma produção francesa, com direção de Dominique Rocher, que traz uma nova visão de um mundo devastado por uma praga que transformou a humanidade em mortos comedores de carne humana. Como é um subgênero explorado à exaustão, a trama se beneficia de sua condição claustrofóbica e bem próxima do real. Não há heróis, nem uma jornada de travessia por ruas desertas, repletas de veículos tombados e corpos espalhados. Aqui o horror se estabelece de maneira solitária e, consequentemente, insana.

Sam (Anders Danielsen Lie) chega ao apartamento de sua recente ex-namorada Sarah (Golshifteh Farahani), no momento em que ela recebia amigos numa festa. Após ser hostilizado pelo novo companheiro, o rapaz se tranca no escritório para resgatar suas fitas cassetes. Com um sangramento no nariz e a promessa de que a garota iria aparecer para falar com ele, Sam acaba cochilando numa cadeira. Na manhã seguinte, acorda para um mundo devastado por uma epidemia. Sangue e móveis revirados, caos e sinais de violência, no primeiro contato com a rua ele é atacado e logo percebe que a melhor coisa a fazer é se manter ali mesmo.

Vasculha os apartamentos, marca as portas onde há infectados, e separa alimentos e acessórios para sua sobrevivência. As ruas são tomadas pelos mortos, e as tentativas de seus vizinhos, testemunhadas pela janela do apartamento, mostram que as chances em um confronto direto são mínimas. Assim, Sam passa a viver ali mesmo, tentando manter a mente sã, através do contato com o morto-vivo Alfred (Denis Lavant), preso no elevador do prédio. O “amigo” é o interlocutor de seus desabafos como a bola de vôlei Wilson foi para Tom Hanks, em Náufrago.

Situações inesperadas irão contribuir para sua loucura, e a busca por uma saída parece ser a única solução provável. Mas será que ainda existem pessoas normais nessa realidade pós-apocalíptica? Quando a escassez de alimento começa a assombrá-lo, pesadelos e o heavy metal  o mantem vivo, mesmo sabendo que tendem a tornar tudo ainda mais perigoso e ameaçador.

Com uma narrativa lenta e poucos diálogos, o enredo de Jérémie Guez, Guillaume Lemans e do próprio Rocher, faz um grande esforço para deixar a trama acesa por meios de ocorrências que mudam a rotina do protagonista. Funcionam até bem, se o espectador, acostumado com um gênero sangrento e movimentado, souber aproveitá-las, colocando-se na situação do personagem. O problema está exatamente aí, na caracterização de Sam: algumas atitudes bobas do rapaz dificultam a empatia com o público. O modo como desdenha dos mortos, provocando-os através das batidas na bateria e nos gritos, é capaz de incomodar até mesmo quem acompanha sua loucura.

Com uma estreia discreta nos cinemas no dia 5 de julho, A Noite Devorou o Mundo pode ser recomendado para quem aprecia enredos mais simples, conduzidos por uma atmosfera de claustrofobia e isolamento. Vale uma conferida!

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Marcelo Milici

Professor e crítico de cinema há vinte anos, fundou o site Boca do Inferno, uma das principais referências do gênero fantástico no Brasil. Foi colunista do site Omelete, articulista da revista Amazing e jurado dos festivais Cinefantasy, Espantomania, SP Terror e do sarau da Casa das Rosas. Possui publicações em diversas antologias como “Terra Morta”, Arquivos do Mal”, “Galáxias Ocultas”, “A Hora Morta” e “Insanidade”, além de composições poéticas no livro “A Sociedade dos Poetas Vivos”. É um dos autores da enciclopédia “Medo de Palhaço”, lançado pela editora Évora.

3 thoughts on “A Noite Devorou o Mundo (2018)

  • 24/07/2018 em 07:41
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    O filme é bem melancólico, deprimente e sem nexo no final, porém achei coerente com o enredo…terminei de assistir e me senti um bosta pelo final desinteressante. Senti que perdi muitos minutos achando que seria melhor…

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    • 13/04/2020 em 18:47
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      Achei um filme descartável! Um dos piores sobre zumbis que eu já vi. Sem sentido , vazio que não acrescenta nada ao gênero. Incoerente e cheio de conveniências do roteiro perdi um tempo precioso assistindo essa bomba ! Assistam e vejam a monotonia tomar o lugar do terror.

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  • 16/07/2018 em 09:56
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    Eu curti esse filme, tem uma pegada diferente.
    Mas não entendi qual foi a do zumbi do elevador quando Sam o solta e nem o final com a câmera pelos telhados…

    Resposta

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