3.3
(3)

Downrange
Original:Downrange
Ano:2017•País:Japão, EUA
Direção:Ryûhei Kitamura
Roteiro:Ryûhei Kitamura, Joey O'Bryan
Produção:Ko Mori, Ryûhei Kitamura
Elenco:Kelly Connaire, Stephanie Pearson, Rod Hernandez, Anthony Kirlew, Alexa Yeames, Jason Tobias, Eric Matuschek

Em menos de um minuto de Downrange, o espectador estará imerso numa situação de extrema tensão, tentando imaginar quem será a primeira vítima de um sniper, escondido no deserto. O temor pela explosão de uma cabeça ou um olho varado por um disparo se deve ao nome por trás da produção, o experiente Ryûhei Kitamura, que já entregou trabalhos sangrentos como Azumi (2003), O Último Trem (2008) e Ninguém Sobrevive (2012). A expectativa de ver corpos destroçados, corvos vorazes sobre carniças, esmagamento craniano e muito sangue, misturado ao óleo quente dos veículos, cumpre-se de maneira absoluta, permitindo que o temor se una à violência gráfica num casamento perfeito. Contudo, é o não saber terminar o que construiu até então de maneira satisfatória que conduz a um litígio inevitável.

Apresentado no Midnight Madness do Toronto International Film Festival (TIFF), no dia 10 de setembro, Kitamura imaginava que esse fosse o local ideal para carrosséis cinematográficos como esse, uma produção que brinca com o gênero e com as sensações do público. Essa “alta-voltagem” trouxe um misto de opiniões a respeito: houve quem considerasse o filme extremamente divertido, entrando facilmente para o hall dos suspenses ambientados em único lugar; enquanto aqueles que não viram razão de existir, como um longa de nível artístico zero, sem conteúdo e extremamente vazio. Entendo a segunda opinião, mas abraço com mais consideração a primeira, uma vez que ele não me incomodou em nenhum momento.

Um grupo de amigos tem a viagem encerrada prematuramente ao ter o pneu estourado em uma estrada deserta. Na dúvida de como resolver o problema, devido ao perfil de jovens mimados que nunca sequer precisaram enfrentar uma situação como essa, buscam sinal no celular e desenvolvem conversas fúteis sobre relacionamentos, uma selfie e intenções. Há o casal Todd (Rod Hernandez) e Sara (Alexa Yeames), além de Jodi (Kelly Connaire), Keren (Stephanie Pearson), Eric (Anthony Kirlew) e Jeff (Jason Tobias), o único que coloca a mão na massa e tenta fazer a troca. Quando percebe a razão pela qual o pneu furou, já é tarde: a câmera atravessa seu crânio (como na refilmagem de O Massacre da Serra Elétrica, com a caronista) para mostrar o estrago cometido pela bala. Jodi também é alvejada, bem em sua órbita direita, numa sequência lenta até que todo o grupo entenda do que se trata.

Keren e Sara, posteriormente Todd, usam o veículo como proteção, enquanto Eric se esconde atrás de um arbusto. O calor forte e a mínima possibilidade de movimento conduzem o grupo a decisões equivocadas pela sobrevivência imediata. Onde estaria escondido o assassino, e como se proteger de uma arma com uma poderosa mira, capaz de atingir um aparelho celular a uma longa distância? Eles tentarão encontrar sinal com o aparelho, entre outras ideias malucas que resultarão em mais disparos, momentos de angústia e dor e a expectativa rasteira de que alguém possa vir ajudá-los a enfrentar esse inimigo misterioso.

Enquanto estabelece esse interessante cenário, como se o espectador estivesse diante de uma mistura de Por um Fio e o Massacre da Serra Elétrica, Downrange aparenta uma leva verossimilhança, embora vez ou outra uma personagem – que nem sabia trocar um pneu – diz algo como “ele está usando um rifle, com silenciador, e por isso as balas não conseguem atravessar o veículo“. No entanto, ao invés de optar por manter o vilão camuflado, envolto numa atmosfera desconhecida, Kitamura e o co-roteirista Joey O’Bryan preferem não apenas mostrar a localização dele como lhe dar um aspecto grotesco, diferente do “rosto comum” de Kiefer Sutherland. E continua “estragando” o conteúdo ao incluir mais personagens, como um trio de policiais que vieram preparados para encontrar o tal atirador, e uma família em viagem.

Mais corpos espalhados na estrada seca podem até trazer uma dimensão mais violenta, mas contribuem para diminuir a tensão proposta inicialmente. E é uma ladeira perigosa que conduz não apenas o veículo dos jovens mas todo o produto em si, sem que Kitamura consiga evitar a transformação de seu trabalho numa caricatura ou uma crônica. Aquele Downrange tenso e atmosférico perde força, restando apenas vestígios de diversão – o que é uma pena pela capacidade já demonstrada pelo diretor. Um cuidado melhor no terceiro ato e a opção pela sugestão, e o filme poderia se destacar no gênero e merecer uma maior recomendação.

Uma boa ideia, com exageros e acréscimos desnecessários, Downrange ainda assim pode levá-lo a perder o fôlego, principalmente nos minutos iniciais. Pode embarcar nessa viagem, já sabendo que a chegada pode decepcionar mais do que o percurso.

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Média da classificação 3.3 / 5. Número de votos: 3

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5 Comentários

  1. Esse filme é bem divertido
    assisti esperando nada e isso me fez muito bem.

  2. bom dia, como faco para assisti o filme completo? um abraco

    1. Avatar photo

      Parece que nenhum serviço de streaming por aqui tem esse filme, José… Por enquanto só pirateando mesmo.

  3. Ryûhei Kitamura usou uma temática interessante, porém como Marcelo destacou, o filme se arrasta logo após os minutos iniciais, virando monótono, o cenário acaba prejudicando pois a interação no mesmo ambiente fica restringida, os personagens ficam engessados com suas atuações rasas, tornando o filme entediante. Poderiam ter utilizado cenas “flashback” dos personagens, criando uma ligação entre eles e o caçador. Acabou virando um filme arrastado, praticamente um curta em forma de longa.

  4. Não percam o tempo vendo essa bosta, no final o diretor nos deixa a ver navios, não explica quem é nem o porquê o sniper matava as pessoas. Só o que deixa a entender é que matava sem motivo…

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