O Diabo e o Padre Amorth (2017)

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O Diabo o o Padre Amorth
Original:The Devil and Father Amorth
Ano:2017•País:EUA
Direção:William Friedkin
Roteiro:William Friedkin, Mark Kermode
Produção:Mickey Liddell, Pete Shilaimon
Elenco:Gabriele Amorth, Robert Barron, William Friedkin

William Friedkin é, sem dúvidas, um dos nomes mais importantes do cinema de horror. Ao dirigir O Exorcista em 1973, não apenas apresentou ao mundo um dos mais impactantes filmes de gênero da história como garantiu que todos os filmes da mesma temática lançados posteriormente fossem comparados e julgados inferiores ao seu. Além disso, Friedkin levou o Oscar de Melhor Diretor por Operação França, em 1975. Quando estava com 76 anos, Friedkin lançou Killer Joe, em 2011, e aparentemente havia se aposentado.

De repente começaram a aparecer notícias de um projeto dirigido por Friedkin sobre exorcismo. Seria um remake? Uma sequência? Um projeto independente? Após notícias desencontradas, eis que foi anunciado que o novo filme de Friedkin é um documentário chamado O Diabo e o Padre Amorth, cuja proposta é de trazer pela primeira vez um exorcismo autêntico e real filmado pelo próprio diretor.

A proposta se mostrava no mínimo interessante. Infelizmente quando o filme foi lançado em abril de 2018, a decepção foi o grande sentimento diante do que foi visto. Antes de detalharmos o documentário, seria obvio imaginar que existe um abismo de diferença entre um exorcismo cinematográfico e um real. Ou seja, provavelmente ninguém estaria esperando por uma garota com a cabeça rodando e se masturbando com um crucifixo. O problema de O Diabo e o Padre Amorth é, na verdade, a própria premissa e a forma encontrada por Friedkin para tentar narrar o seu documentário.

O filme é narrado e apresentado pelo próprio Friedkin. No começo ele faz rapidamente aquela propaganda de O Exorcista destacando o fato do escritor do romance William Peter Blatty ter se baseado em um caso real para criar a sua obra. Ao seguir esta premissa, Friedkin apresenta o padre Gabriel Amorth, que foi por muitos anos o exorcista oficial do vaticano. Aos 91 anos, ele vai fazer o nono exorcismo em uma mulher italiana e este será registrado por Friedkin.

Conforme já explicamos, fica obvio que não teremos aqui um exorcismo cinematográfico, mas este é o menor dos problemas do filme. Em um documentário sobre exorcismo, falta alma ao projeto. Parece que estamos diante de um programa vagabundo de televisão sobre casos macabros com Friedkin aparecendo aqui e ali para explicar o que está acontecendo. Na verdade chega a ser deprimente ver o grande diretor fazendo caras e bocas de seriedade em algo tão raso.

Após o tal exorcismo, Friedkin vai procurar uma junta médica e alguns religiosos para a análise óbvia sobre o que eles acham daquele material. Mais uma vez vamos ter o embate ciência e religião, mas nenhum dos entrevistados chega a falar nada realmente de interessante. Aliás, nada de interessante acontece durante todo o documentário. Nisto o filme se arrasta por seus 68 minutos. Acreditem, parece que o filme tem quatro horas de duração tamanha a falta de rimo da sua narrativa.

SPOILER SPOILER SPOILER SPOILER SPOILER SPOILER SPOILER SPOILER

O filme caminha para o seu final onde não se pode esperar mais nada da obra até que somos brindados com o momento mais picareta de todos quando o diretor vai encontrar a tal mulher exorcizada em uma igreja. Convenientemente ele não leva a sua câmera, mas narra com detalhes o que teria acontecido. Friedkin explica que a mulher estava possuída, gritando, com comportamento não-humano e se arrastando pelo chão… Zzzzzzzzzzzz…

FIM DO SPOILER FIM DO SPOILER FIM DO SPOILER FIM DO SPOILER

A sensação que fica ao final do filme é de tempo perdido o que é uma pena dentro de uma proposta que poderia render um grande produto audiovisual. Infelizmente Friedkin trocou os pés pelas mãos ao tentar fazer algo com o material filmado. É chato, é entediante, é desinteressante, é picareta, é deprimente, não agrega nada, é sem ritmo. E aqui vai a forma mais real de classificar O Diabo e o Padre Amorth: é muito pior do que O Exorcista 2.

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Filipe Falcão

Jornalista formado e Doutor em Comunicação. Fã de filmes de terror, pesquisa academicamente o gênero desde 2006. Autor dos livros Fronteiras do Medo e A Aceleração do Medo e co-autor do livro Medo de Palhaço.

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