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Original:Hollow Knight
Ano:2017•País:Austrália
Desenvolvedora:Team Cherry•Distribuidora: Team Cherry

Já temos muitos anos que os primeiros jogos das séries Metroid e Castlevania foram lançados. Mais do que marcantes no mundo dos games, ambos foram revolucionários, responsáveis por criar um subgênero específico, o Metroidvania, marcado principalmente por seus grandes mapas interconectados, a recompensa pela exploração, o ganho de novas habilidades, o backtracking (idas e voltas constantes no mapa) e, principalmente, a incrível sensação de descobrir praticamente sozinho que caminho seguir. E embora este subgênero tenha se reinventado muito nos últimos anos, na maioria dos casos por meio de produções indies, Hollow Knight definitivamente merece um destaque especial aqui pelo quanto se tornou marcante para aqueles que o jogaram.

Com uma produção conturbada, Hollow Knight é daqueles produtos jogáveis que deram certo após uma campanha de sucesso na plataforma Kickstarter. Ainda assim, o financiamento coletivo não foi o suficiente para um desenvolvimento contínuo. Mesmo sendo um jogo indie, ele consumiu três anos de produção, contando ainda com uma série de adiamentos. Felizmente, podemos afirmar que o resultado ficou simplesmente encantador.

Hollow Knight bebe imensamente da fonte de sua origem metroidvania, num jogo de plataforma, ação e aventura envolvente como poucos. Nosso Cavaleiro Oco do título é um pequeno inseto que não sabe muito bem de onde veio e para onde deve ir, precisando mergulhar no antigo, e agora decadente, Reino dos Insetos para entender suas origens e como salvar este lugar de uma grande maldição.

É da exploração de Hollow Knight que vem sua maior satisfação. O mapa interconectado é simplesmente gigantesco, gerando por muitas horas um sentimento dificílimo de encontrar em jogos hoje em dia: o de se sentir perdido. Escolhendo não te dar os objetivos claramente, o jogo mostra após o começo que três “chaves” precisam ser encontradas para abrir um amedrontador portão. Como você vai conseguir esse feito? Isso é problema seu.

Lotado de conteúdo, lugares secretos para desvendar, colecionáveis para encontrar e habilidades para coletar, a aventura começa de verdade em Hollow Knight, onde é impossível não se viciar logo de cara pelo que é apresentado.

Das palavras para definir Hollow Knight, creio que nenhuma seja melhor que “sombrio e fascinante”. A direção artística do jogo é linda, criando ambientes belos, mas assombrados, repletos de inimigos, mas que ainda assim tomam sempre alguns minutos de seu tempo para apreciação e o inegável sentimento de “Mas o que aconteceu aqui?”, frequente em cada momento do jogo.

A trilha sonora é outro ponto envolvente. A música parece sempre cair perfeitamente em cada momento que o jogo propõe. Desde a depressiva descida na Cidade das Lágrimas, até as insanas batalhas no Coliseu dos Tolos, mas, principalmente, nas lutas contra chefes, onde a música faz parte expressiva do momento, sempre de modo significativo e explosivo.

Quando dizemos que Hollow Knight não é apenas mais um Metroidvania, afirmamos o quanto ele gosta de usar referências modernas em sua concepção, principalmente ao pegar emprestado elementos da série Dark Souls que criou um outro subgênero, o Souls Like. A dificuldade do jogo é sempre crescente, derrotar alguns inimigos e chefões pode levar simplesmente muito tempo. Além disso, pontos para salvar são raros, a viagem rápida não é das mais úteis e se você morrer, precisará encontrar sua alma onde foi derrubado para recuperar a integridade de seu recipiente de energia, além de seu dinheiro, bastante necessário para alguns upgrades.

Ainda assim, a dificuldade neste jogo tem uma atração maior do que nos jogos Souls Like. Se nestes, às vezes somos tomados pela frustração, em Hollow Knight ela até existe, mas cada inimigo derrotado nos dá uma estranha sensação de que nos tornamos mais inteligentes ali e nos dá ainda mais confiança para continuar, enquanto em souls like, um grande inimigo derrotado nos lembra que outro mais poderoso deve vir em breve.

O enredo do jogo também é contado no estilo Souls Like. Ao invés de diálogos e longos textos explicativos, tudo está nos detalhes, com a história sutilmente explicada em objetos ou passagens, o que dá até mesmo um tom Lovecraftiano ao enredo quando você começa a entendê-lo.

E embora nosso Cavaleiro Oco esteja numa jornada absurdamente solitária, com sua existência devotada unicamente para aquilo, o jogo possuí uma quantidade gigante de NPCs por todo o mapa, que lhe faz criar uma ligação especial com tudo aquilo.

Entre os poucos defeitos que podemos apontar, o fato é que para um jogo tão grandioso, Hollow Knight ousa pouco justamente em seu sistema de batalhas. Basicamente, os mesmos golpes que você tem no começo do jogo serão os que você usará até o final. O ferrão não muda nem mesmo quando recebe um upgrade, o que é até irritante, já que melhorá-lo ao máximo também é desafiador. Além disso, as técnicas especiais encontradas ao longo do jogo como o torpedo, se agarrar nas paredes e o pulo duplo são mais como ganhos para alcançar áreas que até então pareciam inacessíveis, o que também gera um exagerado backtracking. Mesmo perante isso, por um preço muito baixo nas plataformas em que está disponível, nada disso tira a beleza que é ter um jogo cujo gameplay pode lhe viciar por pelo menos 30 horas.

Hollow Knight beira um fenômeno. Fascinante, essa produção indie mostra como é possível ainda unir o melhor dos clássicos com elementos dos jogos mais marcantes das novas gerações, resultando num produto simples, belo, bem polido e que incrivelmente entrega muito mais do que promete.

O jogo está disponível para PC, PlayStation 4, Xbox One e Nintendo Switch.

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