Influência
Original:La influencia
Ano:2019•País:Espanha Direção:Denis Rovira van Boekholt Roteiro:Ramsey Campbell, Michel Gaztambide Produção:Ignacio Salazar-Simpson, Ricardo Marco Budé, Elenco:Manuela Vellés, Maggie Civantos, Alain Hernández, Claudia Placer, Emma Suárez, Daniela Rubio, Ramón Esquinas, Felipe García Vélez, Mariana Cordero, Marta Castellote, Carles Cuevas |
A indústria de cinema espanhola, sempre bem conceituada pelas contribuições ao gênero, sejam pelos curtas que sempre fazem parte do Festival Boca do Inferno ou pelos longa-metragens que assombram a TV pequena, produziu em 2019 o filme Influência (La influencia), numa parceria com a Netflix. Homônimo ao primeiro trabalho do Boca do Inferno, de 2018, este é mais um terror que envolve casas assombradas, mistério, possessão e bruxaria, mas que sempre resultam em boas pedidas. O comando é de Denis Rovira van Boekholt, em sua estreia na direção de longas, desenvolvido a partir de um argumento dele mesmo, com Daniel Rissech e Michel Gaztambide para adaptar o romance de Ramsey Campbell, lançado em 1988.
A trama começa com o retorno de Alicia (Manuela Velles), com seu marido Mikel (Alain Hernández) e a filha Nora (Claudia Placer), ao casarão em que cresceu, com o objetivo de ajudar sua irmã Sara (Maggie Civantos) a cuidar da mãe Victoria (Emma Suárez) em um estado de coma irreversível. Com péssimas lembranças de sua infância, ajudadas por diversos flashbacks que mostram comportamentos estranhos até mesmo numa simples aparação das unhas, Alicia só está ali por respeito à irmã, diferente de seu marido que já procura emprego e começa a criar vínculos no local.
Como pede a fórmula, coisas bizarras passarão a fazer parte da rotina e todas parecem circundar a pequena Nora, que enxerga uma maltrapilha menina, Luna (Daniela Rubio), nos arredores a influenciando negativamente. A morte gratuita de um eletricista, apenas para facilitar o enraizamento de Mikel, além de aparições, móveis que se movimentam e o olhar arregalado da dormente…tentam despontar os arrepios que o espectador procura. Não são suficientes. Se a atmosfera ameaçadora é gradualmente boa, por outro lado os perigos não aparentam trazer tantos problemas aos ocupantes da residência – ou, se trazem, poderiam ser facilmente resolvidos.
O que se percebe é um enredo que parece mais interessante nos flashbacks do que no tempo presente, como os rituais de bruxaria envolvendo as crianças – a sequência do espelho desponta bons calafrios. Até tem uns momentos curiosos como os que trazem Nora, sob a influência da vilã, permitindo que seu corpo seja invadido para incomodar Sara e um pobre cachorro. A sequência dela carregando o machado é bem dirigida, ainda que a atuação da pequena seja exagerada. Outra boa cena é a que ameaça a vida de Mikel num remake da morte do marido de Victoria, algo jamais perdoado pela bruxa.
No entanto, nada pode ser mais decepcionante que o final, tanto o que traz o clímax no quarto de Victoria como a desnecessária sequência no hospital. Ainda que tenha traços pessimistas, o que sempre é bem-vindo no gênero, a construção da cena é muito óbvia, com a intenção clara de apresentar uma assinatura do Mal para posteriormente usá-la como um link no segundo final. Até mesmo fica difícil aceitar a sobrevivência de uma personagem após uma queda de uma grande altura, para brevemente se restaurar para um outro susto.
Embora bem realizado em diversos aspectos, Influência deixa claro suas referências e a falta de criatividade do produto, mostrando que os envolvidos também foram influenciados por outras obras, mas não souberam explorar os aprendizados adquiridos, resultando em um filme sem grandes surpresas e desprovido de alma.