Rabid (2019)

3.5
(10)

Rabid
Original:Rabid
Ano:2019•País:Canadá
Direção:Jen Soska, Sylvia Soska
Roteiro:John Serge, Jen Soska, Sylvia Soska
Produção:Paul Lalonde, John Vidette, Michael Walker
Elenco:Laura Vandervoort, Benjamin Hollingsworth, Ted Atherton, Hanneke Talbot, Stephen Huszar, Mackenzie Gray, Stephen McHattie, Kevin Hanchard, Heidi von Palleske, Joel Labelle, C.M. Punk, Edie Inksetter, Jen Soska

Se você para pensar na velocidade em que são feitos os remakes, é de se estranhar que um novo Enraivecida na Fúria do Sexo só tenha visto a luz do dia pouco mais de quarenta anos depois. Talvez viria em um momento mais oportuno entre o lançamento de Extermínio, Rec e Vírus, embora a sua proposta tenha um certo valor, na situação atual em que o mundo se encontra. Mesmo sendo contrário às refilmagens, é possível que você tenha um certo interesse em mais uma produção que antecipa o apocalipse, com vilões que se assemelham aos zumbis. Ainda mais sabendo que o longa foi co-dirigido pelas irmãs Soskas, Jen e Sylvia, de American Mary (2012), e com produção de Michael Walker, Paul LaLonde e John Vidette.

O longa abre com uma referência direta ao original ao mostrar a nova Rose (Laura Vandervoort) observando um outdoor da empresa de moda onde trabalha, com a imagem idêntica à cena de abertura do clássico de David Cronenberg. Bonita, embora com o rosto levemente marcado por um acidente que vitimou a família, ela se sente exageradamente a patinho feio do local onde trabalha, sendo incomodada até pelo patrão, Gunter (Mackenzie Gray). Ao sair para uma balada com a amiga Chelsea (Hanneke Talbot) a convite do fotógrafo Brad Hart (Benjamin Hollingsworth), ela descobre que o rapaz está fazendo um favor a ela, e, abalada, sofre um grave acidente. E bota grave nisso!

Desfigurada, com o rosto que expõe a dentição, depois de sair dos cuidados do Dr. Keloid (Stephen McHattie) – referência ao original -, ela busca um meio experimental em uma clínica de reconstrução facial, comandada pelo Dr. William Burroughs (Ted Atherton), que utiliza um tecido artificial na composição dos locais atingidos. A cirurgia é um sucesso absoluto, tanto que corrige até mesmo as marcas que tinha do outro acidente, devolvendo a auto-estima e a confiança. No entanto, o próprio doutor sugere que ela siga a risca uma certa dieta, que envolve a ingestão de um líquido, escondido em garrafas.

Quem conhece o enredo sabe que Rose passará a se alimentar de carne e sangue, vitimando um outro paciente da clínica e outras pessoas que cruzarem seu caminho. Não saberá dos crimes cometidos, imaginando que se trata de sonhos pós-cirúrgicos, ao passo que a doença começará a se espalhar pela cidade. No entanto, diferente do filme de 1977, os infectados também desenvolvem deformidades, com as cineastas explorando efeitos especiais de maquiagem que, com um pouco mais de cuidado, poderia buscar parentesco em O Enigma de Outro Mundo. Já Rose não apenas possui tentáculos que despontam de sua axila e até da própria boca, como também apresenta aberturas no rosto que distorcem o maxilar.

Enquanto o original já colocava a cidade inteira em quarentena antes da metade do filme, a situação vai sendo didaticamente apresentada na nova versão, numa crescente que só se configura como pandemia no último ato. Outra grande diferença é que na refilmagem há um vilão, com características 007anas, faltando apenas a risada após o discurso de domínio mundial, enquanto no longa de Cronenberg apenas Rose é mostrada como tal. Aliás, o vampirismo é bem mais acentuado pelas irmãs Soskas, deixando em evidência a busca da protagonista pelo líquido vital, enquanto o de 77 remetia às produções com zumbis.

O que realmente incomoda no remake é a narrativa explicativa, além de algumas quebras de ritmo com os sonhos de Rose. Um deles, inclusive, traz referência às assustadoras freiras de Silent Hill, que os fãs do games perceberão rapidamente. Se Laura Vandervoort está bem no papel da protagonista, por outro lado incomodam as atuações de Benjamin Hollingsworth e principalmente Mackenzie Gray, sem que ambos transmitam adequadamente as expressões que caracterizam seus personagens – não há emoção, apenas exagero e frieza.

Bastante inferior ao longa de Cronenberg, Rabid é apenas mediano, com alguns poucos momentos que podem justificar a conferida. Não há elementos do “body horror“, nem a sedução de Mary Chambers.

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Marcelo Milici

Professor e crítico de cinema há vinte anos, fundou o site Boca do Inferno, uma das principais referências do gênero fantástico no Brasil. Foi colunista do site Omelete, articulista da revista Amazing e jurado dos festivais Cinefantasy, Espantomania, SP Terror e do sarau da Casa das Rosas. Possui publicações em diversas antologias como “Terra Morta”, Arquivos do Mal”, “Galáxias Ocultas”, “A Hora Morta” e “Insanidade”, além de composições poéticas no livro “A Sociedade dos Poetas Vivos”. É um dos autores da enciclopédia “Medo de Palhaço”, lançado pela editora Évora.

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