Gruesome Stuff Relish / Offal – Unburied Repugnance (2020)

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Banda:Gruesome Stuff Relish / Offal
Ano:2020•País:Espanha, Brasil
Álbum:Unburied Repugnance
Estilo:Death Metal
Selo:Black Hole Productions

O death metal sujo com temática influenciada no universo de horror surgiu há mais de 30 anos com os mestres do Repulsion e depois deles muitas músicas do estilo foram gravadas nessas três décadas. Dentre os lançamentos que se destacam nesse período, muitos fazem parte da discografia do Gruesome Stuff Relish e do Offal, como exemplo, os discos Horror Rises From The Tomb (GSR – 2006) e Macabre Rampages And Splatter Savages (Offal – 2010). Dessa forma, o resultado de um split com essas duas bandas não poderia ser diferente: um lançamento destruidor para gore freak nenhum botar defeito.

A capa do CD é de encher os olhos (de sangue) e foi criada nos moldes dos grandes clássicos do cinema de terror, representando fielmente o que esperar desse split: horror, morte, medo e destruição. A identidade visual horripilante da capa se alastra pelo encarte (que tem uma ilustração exclusiva para cada letra do disco) e toma conta da contracapa, além do selo da mídia e interior da caixa acrílica. O resultado dessa obra deixa claro que todos os envolvidos no processo de produção direcionaram os elementos para o mesmo destino, os fãs e colecionadores da música macabra.

A abertura do disco fica com o Gruesome Stuff Relish explodindo tímpanos com Last Cannibal Tribe, uma referência clara ao clássico sanguinário Cannibal Holocaust (1980), do diretor Ruggero Deodato, e à safra maligna de filmes com o tema canibalismo que impregnou o cinema italiano no final da década de 1970. Na sequência, a apocalíptica Dawn of the Mummified Corpses, que faz um alerta pertinente à humanidade: não incomode o descanso eterno dos mortos vivos, ou eles se erguerão de suas sepulturas em busca de carne humana. OK, recado dado. Não vamos incomodar o sono sagrado dos defuntos.

Curse of the Morbid Crypt é a terceira música do disco e apresenta uma composição empolgante que merece ser escutada com o volume no talo, repetidas vezes. As bases são bem estruturadas, o ritmo segue de maneira natural e o refrão com blast foi feito com o único propósito de sangrar pessoas no mosh. E fechando a parte do GSR, A Matter of Time, uma faixa curta e simples, mas de tirar o fôlego, assim como uma facada certeira na garganta. O trio espanhol surpreendeu com a qualidade dessas quatro pérolas da sonoridade horripilante.

Os paranaenses do Offal iniciam suas atividades no CD com Guts for the Blood Freak, uma aula de death metal com riffs matadores, viradas de bateria inimagináveis e um refrão que vai despertar uma legião de gore freaks cantando com as mãos para cima nos shows da banda. Um dos pontos altos do disco está na segunda metade dessa música, um trecho doom “cravado” que alterna os vocais guturais e rasgados, em um dueto mortal.

Funcionando como um interlúdio entre as duas hecatombes do Offal, a apocalíptica Crypt of Fulci, com participação de Slasher Dave (vocalista do Acid Witch), é um instrumental que recria de maneira brilhante a sonoridade das trilhas clássicas do cinema de horror, com um efeito diabólico e hipnotizante. Escutar essa música em ambientes públicos com um machado na mão pode aguçar seu ímpeto assassino e despertar o Jack Torrance que existe em você. O título, obviamente, é uma merecida homenagem ao diretor italiano Lucio Fulci, que dispensa apresentações.

E fechando o incrível Unburied Repugnance com chave de ouro (manchada de sangue), a épica Inferno of Hexed Impieties, maior faixa do disco. Essa pérola da musicalidade horrenda começa com um mosh despretensioso surgindo de um fade e segue marcando com pedal duplo até converter em um bate estaca nervoso acompanhado de uma linha de guitarra altamente inspirada no death metal da velha escola. Segue assim até a segunda metade da música, um doom ácido com levada cadenciada que vai fritar o cérebro do infernauta e fazer o líquido pútrido escorrer pelos ouvidos.

O split do Gruesome Stuff Relish com o Offal veio na contramão do movimento, uma vez que o metal extremo contemporâneo está impregnado de materiais sem sal, compostos com guitarras artificiais e baterias robotizadas que geram obras sem identidade e plastificadas. Ao contrário dessa nova onda, Unburied Repugnance é um disco autêntico, com composições sinceras e criativas, muito bem produzido e com execução impecável. Vida longa ao Gruesome Stuff Relish, ao Offal e à gloriosa usina de putrefações sonoras Black Hole Productions.

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Juliano Jacob

Editor do IG Livros Insanos, colunista da Goblin TV e criador do projeto death/doom H.O.R.R.O.R

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