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Esta é a Sua Morte
Original:This Is Your Death / The Show
Ano:2017•País:EUA
Direção:Giancarlo Esposito
Roteiro:Noah Pink, Kenny Yakkel
Produção:Christopher D'Elia, Giancarlo Esposito, Michael Klein,
Elenco:Josh Duhamel, Giancarlo Esposito, Famke Janssen, Caitlin FitzGerald, Sarah Wayne Callies, Chris Ellis, Lucia Walters, Brooke Warrington, Jaeden Noel, Garry Chalk, Giles Panton, Scott Lyster, Sean Tyson, Johannah Newmarch, Cory Gruter-Andrew, Lawreen K. Yakkel

(Des)respeitável público, no ar mais um campeão de audiência para trazer aquilo que você mais gosta de ver e acompanhar: tragédias, acidentes fatais, denúncias e altas doses de violência. Não é a premissa de um programa sensacionalista (lê-se exploitation moderno), mas de boa parte do que se vê na TV, não por culpa de seus realizadores, mas da plateia, a mesma que ocupava as arenas onde gladiadores se combatiam até a morte, desde épocas remotas. É levar ao espectador aquilo que desperta seu interesse, quando reduz o carro diante de um acidente numa via, com seus celulares a postos, ou quando grita para quem um suicida se atire de um prédio. Por que não incentivar um suicídio ao vivo, com a proposta de arrecadar valores para seus familiares?

O dramático thriller Esta é a Sua Morte traz esse tapa na cara na sociedade. Durante a cena final do reality showMarried to a Millionaire“, que consistia em levar a vencedora e se casar com um homem rico, a perdedora saca um revólver, mata o futuro marido e ameaça a que venceu, embora esta esteja protegida pelo apresentador, e então explode os próprios miolos. Visto inicialmente como herói, Adam Rogers (Josh Duhamel, da minissérie 11.22.63 e da franquia Transformers) concede uma entrevista a um programa jornalístico, comandando por James Franco, e assume que fez o ato de proteção, preocupado com a audiência e não com a vítima.

Temporariamente desempregado, ele participa de uma reunião com a executiva Ilana Katzenberg (Famke Janssen) e a produtora Sylvia (Caitlin FitzGerald), quando surge a proposta de um novo programa, que exibiria o suicídio ao vivo de pessoas desesperadas. Inicialmente contra a ideia, ele concorda em assumir as rédeas, desde que a intenção seja a valorização da vida e não a simples exibição da morte. Como era de se esperar, Esta é a Sua Morte faz um grande sucesso na exposição dos mais criativos suicídios – desde afogamento a tiros e facadas -, levando a sociedade a se dividir entre os que enxergam o programa como um grande valor e os que são contrários à violência em horário nobre.

Enquanto Adam muda as regras de cada programa, seguindo seu próprio discurso particular e oferecendo a chance do público dar dinheiro à família da pessoa morta, o enredo, de Noah Pink e Kenny Yakkel, aos poucos mostra a dura vida de um homem, Mason Washington (Giancarlo Esposito, que é também o diretor do filme), que não consegue lidar com as contas, mesmo com dois empregos e trabalhos muitas horas por dia. Depois que é mandado embora dos dois, para desespero de sua família, as dificuldades aumentam, dando pistas de que ele pode vir a ser um dos mais importantes participantes do programa. Outra personagem que ganha destaque é Karina (Sarah Wayne Callies, de The Walking Dead e Do Outro Lado da Porta), a irmã de Adam, que sofre pelo vício a medicamentos entre outros problemas psicológicos e tenta convencer o irmão de que Esta é a Sua Morte pode ser ruim para as pessoas que assistem, por explorar sua dor e perda.

Estas pessoas estabelecerão o conflito psicológico de Adam e os demais envolvidos, promovendo debates sobre o que deve ou não ser mostrado na televisão e até onde uma morte pode ser bonita, exatamente por estimular a valorização da vida. Assim, Esta é a Sua Morte se constrói em um efetivo e tenso drama, com uma direção impecável, um elenco de primeira e boa equipe técnica, para expor a crueza do ser humano, disposto a se divertir com a desgraça alheia até o momento em que ela toca a sua campainha.

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1 comentário

  1. Bom filme que mostra a exploração do desespero e miséria em busca do ibope. Retratando também o quanto a TV manipula, influencia e maneja seus espectadores e até onde a falta de perspectiva pode fazer alguém entrar nessa “cadeia alimentar”. Esta é a sua Morte não pode se comparar a um clássico como Rede de Intrigas (1976), onde os personagens eram manipulados por números e estatísticas em detrimento à sanidade, mas merece ao menos uma conferida.

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