Jurassic World: Acampamento Jurássico – 1ª Temporada (2020)

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Jurassic World: Acampamento Jurássico
Original:Jurassic World: Camp Cretaceous
Ano:2020•País:EUA
Direção:Zesung Kang, Michael Mullen, Eric Elrod, Lane Lueras, Dan Riba
Roteiro:Michael Crichton, Zack Stentz, Scott Kreamer, Sheela Shrinivas, Josie Campbell, Rick Williams, M. Willis
Produção:Steven Spielberg, Frank Marshall
Elenco:Paul-Mikél Williams, Sean Giambrone, Kausar Mohammed, Jenna Ortega, Ryan Potter, Raini Rodriguez, Jameela Jamil, Glen Powell, James Arnold Taylor

Os dinossauros de Michael Chrichton foram um dos principais entretenimentos cinematográficos da década de 90. Não apenas a recriação dos animais através de impressionantes efeitos especiais, mas por despertar a nostalgia das aventuras ao estilo stop-motion das décadas anteriores, com personagens lutando para sobreviver em um mundo selvagem, dominado por criaturas vorazes. Quem teve a oportunidade de acompanhar nas telas grandes produções como Jurassic Park: O Parque dos Dinossauros (1993), O Mundo Perdido: Jurassic Park (1997) e até o inferior Jurassic Park III (2001) sabe o verdadeiro sentido do cine-pipoca da melhor qualidade e que fazia jus à toda grandiosidade construída pela Sétima Arte ao longo de sua história. Depois foram feitos o reboot Jurassic World: O Mundo dos Dinossauros (2015), com mais ousadia, mas sem a mesma surpresa, e, por fim, Jurassic World 2: Reino Ameaçado (2018), preparando o terreno para o final da segunda trilogia. Mas, havia meios de explorar ainda mais o universo de Chrichton, e um deles foi o lançamento na Netflix da série Jurassic World: Acampamento Jurássico.

Por se tratar de uma animação, imagina-se que traria uma versão branda, engraçadinha e bem distante dos horrores promovidos pela perseguição de velociraptors inteligentes e pela agressividade do Tiranossauro Rex, dos pterodáctilos e pelas demais recriações. E é exatamente essa ilusão que traz o melhor do produto, quando você se surpreende ao ver personagens sendo devorados, o desespero dos adolescentes ao sentirem desprotegidos, desorientados e à mercê dos perigos que rondam a mata. É claro que a linguagem-animação se faz presente, com o linguajar jovial e sequências que seriam improváveis numa live-action, seja nos esquivos dos ataques ou nos enfrentamentos, porém é preciso enaltecer a fidelidade ao estilo original, os bons efeitos especiais e as referências à segunda trilogia.

Dos produtores Scott Kreamer e Aaron Hammersley, com produtores executivos, incluindo Steven Spielberg, Colin Trevorrow e Frank Marshall, e desenvolvido por Zack Stentz, Jurassic World: Acampamento Jurássico começa com a apresentação do protagonista Darius (na voz de Paul-Mikél Williams), um dino-nerd, que perdera o pai recentemente, mas que conquistou a chance de participar de um acampamento adolescente na ilha Nublar ao chegar ao final de um jogo em 3D, ao descobrir um jeito de se livrar do Tiranossauro Rex, atraindo velociraptors. Ele se une à influenciadora Brooklynn (Jenna Ortega), ao riquinho Kenji (Ryan Potter), à amigona de todos Sammy (Raini Rodriguez), à atleta Yasmina (Kausar Mohammed) e ao assustado Ben (Sean Giambrone), que, cheio de alergias e manias, nem entende porque está ali, para alguns dias de expedição nos bastidores do parque Jurassic World.

Embora Darius queira ter uma aventura com dinossauros, o cronograma do passeio envolve conhecer o laboratório de criação e a estrutura do grandioso parque. É claro que, como todo jovem curioso, o grupo vai acabar se envolvendo em situações de risco. A primeira delas acontece próximo à jaula dos velociraptors, quando o celular de Brooklynn é derrubado e Kenji resolve buscá-lo, precisando do apoio de Darius. Curiosamente, nessa sequência é possível identificar o famoso Blue, o xodó de Owen (Chris Pratt) na franquia. Aliás, toda a série traz referências aos demais filmes, com citação à Claire (Bryce Dallas Howard), além da presença do próprio Dr. Henry Wu (na voz de Greg Chun).

Como a série se passa concomitante aos eventos de Jurassic World: O Mundo dos Dinossauros, a falha que traz a liberação dos dinossauros no live-action é a mesma que acontece aqui, onde é possível até ver o momento em que o helicóptero de Masrani (Irrfan Khan), ao perseguir o Indominous Rex, cai no viveiro dos pterodáctilos. Perdidos na ilha, sem o apoio dos instrutores Rowie (Jameela Jamil) e Dave (Glen Powell), cabe aos jovens buscar um meio de chegar à balsa que conduzirá os frequentadores para fora da ilha, lutando para sobreviver aos ataques de dinossauros como o “inéditoCarnotauro, em locais ainda não (ou pouco) explorados na franquia como as instalações subterrâneas e o trem. Contudo, ainda que não traga mais sequências em ambientes vistos em Jurassic World, o público irá reconhecer alguns ambientes como o passeio com as girosferas e o interessante tanque do Mosassauro.

Em meio a essa jornada arriscada, há os conflitos comuns de convivência, principalmente quando Sammy revela sua verdadeira motivação para estar no acampamento, além do heroísmo exagerado, protagonizado principalmente pelo garoto do álcool em gel Ben. Ainda que promova uma cena tensa, é bastante improvável imaginar que ele seria capaz de andar pelo teto de um trem em movimento durante o ataque dos pterodáctilos. Por outro, vale sentir a evolução de personagens como a inicialmente irritante Brooklynn e da isolada Yaz, enquanto Kenji demonstra sua infelicidade por ter acesso a todos os seus sonhos, mas sem verdadeiros amigos.

Com direção de Zesung Kang, Michael Mullen, Eric Elrod, Lane Lueras e Dan Riba, a primeira temporada de Jurassic World: Acampamento Jurássico, com 8 episódios de pouco mais de vinte minutos, revela-se divertida, respeitando a natureza agressiva dos dinossauros e com boas cenas de aventura. Pode não ser recomendado para as crianças, ainda que não tenha sangue em profusão e nem corpos destroçados, e pode ser que o ritmo jovial também incomode os adultos. De qualquer forma, é sempre muito bom retornar a esse universo grandioso e incrível.

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Marcelo Milici

Professor e crítico de cinema há vinte anos, fundou o site Boca do Inferno, uma das principais referências do gênero fantástico no Brasil. Foi colunista do site Omelete, articulista da revista Amazing e jurado dos festivais Cinefantasy, Espantomania, SP Terror e do sarau da Casa das Rosas. Possui publicações em diversas antologias como “Terra Morta”, Arquivos do Mal”, “Galáxias Ocultas”, “A Hora Morta” e “Insanidade”, além de composições poéticas no livro “A Sociedade dos Poetas Vivos”. É um dos autores da enciclopédia “Medo de Palhaço”, lançado pela editora Évora.

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