Demoníaca
Original:The Dark and the Wicked
Ano:2020•País:EUA Direção:Bryan Bertino Roteiro:Bryan Bertino Produção:Bryan Bertino, Adrienne Biddle, Sonny Mallhi, Kevin Matusow Elenco:Marin Ireland, Michael Abbott Jr., Julie Oliver-Touchstone, Lynn Andrews, Tom Nowicki, Michael Zagst, Xander Berkeley, Ella Ballentine |
Existe algo ameaçador numa fazenda isolada no Texas, onde a solidão e o silêncio acompanham a rotina simples de um casal de idosos. Quando o velho (Michael Zagst) se aproxima dos seus suspiros finais, a manifestação macabra se torna ainda mais absoluta. Os filhos Michael (Michael Abbott Jr.) e Louise (Marin Ireland) chegam ao local para um reencontro pelos últimos cuidados do pai moribundo e dos tratos com o rebanho de ovelhas, percebendo a aparente exaustão da mãe (Julie Oliver-Touchstone), além de não serem apenas eles e a enfermeira (Lynn Andrews) que estão constantes ali. Essa é raiz do excepcional longa The Dark and the Wicked, de Bryan Bertino (de Os Estranhos, Perseguidos pela Morte e Um Monstro no Caminho), um dos filmes mais assustadores de 2020.
Em um ano atípico, em que boa parte das produções foram vistas em sistemas de streaming e online, poucas obras se destacaram como O Homem Invisível e Relic. The Dark and the Wicked correu discretamente por fora, apostando numa mistura de ingredientes certos como A Bruxa e Hereditário, mas com suas próprias características. O horror presente intensamente não precisa de vestimentas monstruosas, com a concepção de um demônio ou uma bruxa, e, sim, de sua perturbadora constância. Não há momentos em que os personagens se sintam sozinhos em suas tarefas, e as manifestações estabelecem um estado de loucura crescente e que levarão a situações muito mais assustadoras e pessimistas do que se imagina.
O estado de deterioração do moribundo é evidente e irreversível, porém nada assusta mais do que as cruzes que se encontram no ambiente e acompanham uma mãe que até então não abrigava uma condição religiosa. Convencida de que o demônio está agindo nesse ambiente tétrico, ela se mostra arrependida pela presença dos dois filhos, sabendo que a proximidade pode resultar numa herança em forma de pesadelo e traços de insanidade. Em dado momento, a mãe está ali preparando o jantar com os cortes ágeis dos legumes com a faca, permitindo uma antecipação por uma ação comum em outras obras do gênero. O grafismo da sequência, acompanhada da trilha grave, dá o tom do desespero da personagem, resultando em sua atitude drástica. O resultado não assusta tanto quanto a imaginação que envolve o modo como ela chegara até ali.
Com a perda da mãe, sem saber como reagir, os irmãos passam a entender ainda mais o que ela fez quando acham seu diário, com relatos de acontecimentos. O terror se desenvolve como a doença do pai em assombrações cada vez mais presentes, sem dar a eles momentos de calmaria, e elevando o estado de decadência psicológica. Seja numa aparição inexplicável durante o banho ou no vulto que flutua do lado de fora da casa; ou na visita de pessoas que não eram para estar ali, a intensidade reflete em atos de violência, que não poupam o público de cenas grotescas e de cerrar os olhos. Como uma teia “grudgeana“, todos os que tocam o espaço são amaldiçoados pela entidade para ampliar o horror em seus próprios domínios, sem escapatória.
Outros personagens aparecem ali apenas para se contaminarem pelo Mal. Um padre consciente (Xander Berkeley) ou o vizinho Charlie (Tom Nowicki) descobrem da pior maneira o quanto o terror pode ser transmissível como um vírus. Naquela que considero a cena mais incômoda, uma jovem (Ella Ballentine) aparece no local para trazer uma notícia sobre Charlie, revelando sua verdadeira natureza em sustos e uma expressão de satisfação e ódio.
Visto com as luzes apagadas e desacompanhado, The Dark and the Wicked pode também resultar em pesadelos no espectador, não sendo recomendado por aqueles que buscam produções que trazem respiros antes de mergulhá-los novamente numa depressão profunda e obscura. Aqui faltará oxigênio.
Pourra, o filme é fera.
Filme muito do mais ou menos. De diferente ele não tem nada, pelo contrário, abusou dos clichês e da minha paciência.
Haja boa vontade para ver algo além da mediocridade aqui!
Ah , eu adoro esse filme!
Lembro que achei por acaso no Filmow, assisti e indiquei para um amigo que gostou muito!
É o último filme de terror que achei muito bom, já que bons filmes andam beeem escassos de uns anos pra cá.
Exatamente, amei demais esse filme tbm, no meio de tanto filme genérico que sai. Me indica mais algum tão bom quanto esse ?
O padre não é vítima. Ele é a manifestação da entidade, assim como a neta de Charlie. Tanto que o telefone por ele passado é de um padre que nunca esteve no Texas e não conheceu a mãe deles.
Eu achei bem bizarro, a única parte que achei meio tosca é a da aparição na hora que Sr. tá pra se matar, e a parte da enfermeira tbm, no mais é um filme bem pessimista e angustiante.
Nossa realmente o filme é demoníaco enredo surpreendeu bem na linha hereditário e olhe lá se não for melhor um clássico
Excelente.
Que filme! Com certeza, o melhor de 2020, na minha opinião.
Consegue construir um clima tão tenso que você fica só esperando quando será o próximo golpe.
Fazia tempo que não via um filme que me causasse arrepios.
Ah, esqueci de comentar, o ritmo e modo de execução me lembraram “The Blackcoat’s Daughter” e “Hereditário”, embora sejam enredos diferentes.
Filmaço! Sem dúvidas o melhor de 2020.