Darkman - Vingança Sem Rosto
Original:Darkman
Ano:1990•País:EUA Direção:Sam Raimi Roteiro:Sam Raimi, Chuck Pfarrer, Ivan Raimi, Daniel Goldin, Joshua Goldin Produção:Rob Tapert Elenco:Liam Neeson, Frances McDormand, Colin Friels, Larry Drake, Nelson Mashita, Jessie Lawrence Ferguson, Dan Hicks, Ted Raimi, Nicholas Worth |
“Agora eu sou todos e não sou nenhum. Por toda parte e em parte nenhuma. Eles me chamam de Darkman…”
Sam Raimi é um diretor muito competente e acima de tudo versátil, mas, se existe algum ponto de transição entre o seu trabalho em Evil Dead e o feito em Homem-Aranha, este se chama Darkman – Vingança Sem Rosto, filme que contém alguns elementos que nos remetem as duas produções, numa visão pessoal do aclamado diretor para o mundo dos super-heróis com toques de terror B, ação e comédia, sempre valorizando o que existe de mais importante no cinema: o fator diversão.
Podemos dizer que uma das grandes sacadas de Raimi na concepção de Darkman é justamente seu pensamento de que os heróis não são tão bons e justos quanto nos quadrinhos, afinal todos temos os nossos pecados. Assim, o filme torna-se obrigatório para quem gosta deste tipo de atitude, e, especialmente para quem conhece apenas o trabalho de Sam Raimi pós-Homem-Aranha.
Na história, Robert Durant (Larry Drake, de Hospício Maldito, 2001) é o líder de uma organização criminosa que está utilizando seus “métodos persuasivos” para desocupar toda uma área da cidade com o objetivo de permitir que o magnata Louis Strack Jr. (Colin Friels, de Cidade das Sombras, 1998) dê o golpe imobiliário do século, construindo um grande empreendimento, e Durant em troca ficaria com o controle do crime organizado. Durant tem um hobby estranho e típico de um vilão muthafucka: coleciona os dedos de todos os que mata, arrancando-os com seu cortador de charutos.
Peyton Westlake (Liam Neeson, de A Casa Amaldiçoada, 1999) é um feliz cientista que se relaciona com a bela Julie Hastings (Frances McDormand, futura vencedora do Oscar por Fargo) e tenta criar uma espécie de pele artificial líquida para ajudar os queimados, mas, em suas pesquisas, não conseguiu superar a barreira dos 99 minutos – após este tempo a pele se torna instável e literalmente derrete. E seu laboratório fica justamente na área de interesse de Strack, além disto sua namorada possui um documento que incrimina o magnata.
Não tarda para os caminhos de Durant e Peyton se cruzarem e, quando isto acontecer, o doutor levará a pior. O laboratório é vitima de uma violenta explosão e Peyton sairá literalmente voando pelos ares, sendo dado como morto.
Bem, Westlake não está morto só que é como se estivesse, pois seu rosto ficou totalmente desfigurado e suas mãos idem. Encontrado em uma encosta e encaminhado para um hospital para queimados, sem identificação, ele é submetido a um tratamento experimental onde seus nervos que levam os sinais de dor para o cérebro são cortados, para evitar a dor lancinante de suas lesões. O efeito colateral (tinha que ter um, é claro) é a fúria descontrolada pelo excesso de adrenalina que pode provocar força sobre-humana.
Desta forma Westlake consegue fugir e se estabelece em um galpão condenado, onde prossegue as pesquisas para encontrar a estabilidade na pele liquida, principalmente porque o assunto se tornou pessoal agora, enquanto busca uma forma de se vingar de Durant e reconquistar Julie.
Ok, temos a construção do herói, sua motivação e então fica sobrando as cenas de ação, certo? Errado. As cenas de ação existem aos borbotões e a conclusão é fantástica, no entanto o filme não se limita a elas: enquanto busca aperfeiçoar suas pesquisas com equipamentos muito mais precários, Westlake começa a se passar pelos capangas de Durant e pelo próprio Durant, espalhando discórdia entre eles e colocando empecilhos para a conclusão dos planos dos vilões dentro do prazo de 99 minutos. Genial a forma com que Darkman treina as vozes de seus imitados – só não explica como ele fica mais gordo ou mais alto com esta técnica, mas são apenas detalhes não é?
A primeira coisa que me vem a cabeça quando paro para pensar em Darkman é o trabalho minucioso de Raimi tanto na cadeira da direção quanto na história que criou para o filme (roteirizado por Chuck Pfarrer, Ivan Raimi, Daniel Goldin, Joshua Goldin e pelo próprio Sam), a profundidade do anti-herói Darkman, sua sede de vingança e as alucinações decorrentes dela.
As técnicas de efeitos especiais, mesmo com um orçamento maior, nos fazem lembrar muitas vezes de A Morte do Demônio de uma maneira nostálgica que funciona muito bem. E não são só nos efeitos, na caracterização de Darkman (por sinal com uma excelente maquiagem) e em diversos enquadramentos do herói vemos técnicas similares.
O elenco está afiadíssimo e Liam Neeson comanda com naturalidade em uma bola dentro, afinal a primeira escolha de Raimi era Bruce Campbell para o papel do herói. Como os produtores não estavam seguros se Campbell conseguiria fazê-lo decentemente Neeson foi contratado e Campbell ficou com aquela ponta que todos já esperavam (e a propósito, que ponta fantástica!). Também fazem pequenas pontas os diretores John Landis (Um Lobisomem Americano em Londres, 1981), William Lustig (da trilogia Maniac Cop), Scott Spiegel (Um Drink no Inferno 2, 1999) e William Dear (do clássico da Sessão da Tarde Espião por Engano, 1991). A dupla de vilões, interpretados por Colin Friels e Larry Drake são a personificação dos vilões de quadrinhos que conhecemos de longa data: impiedosos, caricatos, exagerados com planos mirabolantes e uma aversão sem tamanho pelo herói, e os atores conseguem esta transmissão para o público, tanto que conseguiram ressuscitar Robert G. Durant para a parte dois. Por falar em sequências, pensando na lucratividade financeira de Darkman, foram feitas duas continuações bastante inferiores e com Arnold Vosloo (o Imhotep de A Múmia, 1999) no papel principal. Infelizmente apesar de ser um bom ator, Vosloo não tem o mesmo carisma de Neeson e isso pesa muito para o lado ruim da balança.
E existem falhas? Sem dúvida, até porque não há nenhuma inovação maior e se trata apenas de uma fórmula antiga aplicada da maneira correta, entretanto a produção é envolvente de tal forma que é necessário ter muito mau humor para condenar este filme. É diversão de primeira – violenta, sombria e engraçada – que vai te cativar com certeza.
CURIOSIDADES
– Além de Bruce Campbell (que também narrou alguns dos “gritos” dos personagens que morrem), John Landis, Scott Spiegel, William Dear e William Lustig, também fazem participações em Darkman como os irmãos de Sam, Ted e Ivan Raimi e a atriz Jenny Agutter, de Um Lobisomem Americano em Londres;
– Sam Raimi originalmente queria basear o filme no personagem dos quadrinhos “O Sombra“, mas por não conseguir os direitos criou Darkman;
– Durante a perseguição no helicóptero, Durant diz “No more Mr. Nice Guy“. Esta é uma referência ao filme Shocker (1989) de Wes Craven;
– Na casa de Durant pode ser vista a cabeça risonha do alce utilizada em Evil Dead 2 em uma parede atrás dele;
– Os atores Bill Paxton e Gary Oldman foram cotados para o papel de Peyton Westlake;
– Julia Roberts quase pegou o papel de Julie Hastings, porém declinou na última hora devido ao seu papel no filme Uma Linda Mulher e precisou ser substituida. Demi Moore foi considerada e Bridget Fonda chegou a fazer um teste;
– O papel de Louis Strack foi oferecido a Richard Dreyfuss e James Caan, que recusaram;
– A distribuidora Universal, como estratégia de divulgação, doou 5 mil dólares para a escola Strack Middle School localizada na cidade de Klein, estado do Texas. O nome da escola tem o mesmo nome do vilão do filme;
– Depois do lançamento nos cinemas, foi discutida a possibilidade de Darkman se tornar uma série de TV, mas a ideia não frutificou;
– O orçamento foi estimado em 16 milhões de dólares e rendeu mais de 48 milhões mundialmente;
OLHEM O MONSTRO DE CIRCO ,OLHEM O MONSTRO DE CIRCO ,CINQUENTA CENTAVOS PARA VER A ABERRAÇÃO .
clássico imortal do cinema,tenho em dvd ,pena não ser dublado em português como no vhs.