Quantum Break (2016)

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Quantum Break
Original:Quantum Break
Ano:2016•País:Finlândia
Desenvolvedora:Remedy Entertainment •Distribuidora: Microsoft Game Studios

Com o pouco sucesso de Alan Wake na época de seu lançamento, a Remedy Entertainment precisou tomar um passo importante, descartar aquilo que era para ser uma franquia e apostar em algo totalmente novo. Assim, nasceu Quantum Break, com uma proposta extremamente ousada do estúdio e algumas mecânicas que estavam em desenvolvimento para o próprio Alan Wake 2. Mas mesmo com um grande número de pessoas interessadas em saber se a Remedy continuaria investindo em histórias de mistério e terror psicológico, Quantum Break chegava com uma proposta completamente nova, onde ficção científica e ação seriam os pontos chaves de sua campanha, junto a um grande enredo com ares de superprodução hollywoodiana.

Além disso, Quantum Break foi completamente abraçado pela Microsoft. A gigante da computação havia acabado de lançar o Xbox One e precisava de títulos exclusivos para competir com a cartela já consagrada da Sony, vendo neste novo jogo uma oportunidade de ouro. Mas a grande verdade é que justamente onde apostou para ser seu ponto forte é que Quantum Break mais falhou, com uma história absurdamente bem produzida e completamente sem graça na mesma proporção.

O jogo começa com o protagonista Jack contando sua história a investigadores para logo em seguida passarmos a vivenciá-la. Ao visitar um velho amigo chamado Paul numa universidade, Jack conhece um projeto idealizado por Paul que a princípio foi iniciado por seu irmão, Will, que envolve a criação de um novo elemento da tabela periódica e sua aplicação para viajar no tempo. Quando Paul testa a máquina do tempo na presença de um Jack fascinado, Will aparece tentando boicotar o projeto devido ao seu grande perigo. No clichê acidente que se sucede no laboratório, Jack e Paul são bombardeados pelo elemento, ganham poderes de controle temporal e se tornam antagonistas, quando um Paul mais velho surge representando uma mega corporação interessada na máquina e Jack precisa corrigir o lapso temporal criado pela mesma máquina que ameaça a realidade de ser totalmente destruída por um tempo não mais contínuo.

Parece enrolado, né? Mas na verdade é tudo exageradamente bem explicado. Além da história em si contada por longas cutscenes, existem centenas de documentos ao longo do jogo para serem coletados e que completam as lacunas do enredo. E chega a ser impressionante a qualidade da minissérie em live action inserida no jogo. Diferente da maioria das vezes em que esse recurso é usado em games, aqui o investimento foi pesado para passar uma real credibilidade. Mas não adianta, a própria minissérie é cansativa e não parece acrescentar realmente ao enredo. No geral, a história de Quantum Break é um tanto quanto mal trabalhada e batida, soando desinteressante e com razoáveis furos nas teorias de viagem no tempo, o que retirou o brilho até mesmo do investimento em atores para o game. E olha que uma equipe da Remedy consultou até mesmo um cientista que havia trabalhado no CERN para lhes ensinar como escrever a trama de tal forma fiel à física teórica atual.

De fato, há nomes de peso aqui. Shawn Ashmore (o Homem de Gelo da franquia X-Men) foi usado para ser o protagonista Jack, enquanto o aclamado Mindinho de Game of Thrones, Aidan Gillen, encarna o vilão Paul. Dominic Monaghan (de O Senhor dos Anéis) e Courtney Hope (que viria a protagonizar Control), completam a lista nos papéis de Will e Beth.

Mas se o gigantesco investimento em enredo de Quantum Break deixou a desejar no seu resultado final, o mesmo não se pode dizer de sua jogabilidade.

Os cenários são muito bem desenvolvidos, o gráfico é um ótimo exemplo do poder da geração em seu início e a sensação de caos completo com a ameaça de fim do mundo até funciona nos momentos chaves do jogo.

Como um jogo de ação em terceira pessoa, podemos andar, correr, pular e usar superpoderes que são de longe a melhor coisa de Quantum Break. Na variedade de habilidades temporais de Jack podemos criar uma esfera que congela o tempo, retroceder o tempo, usar escudos de energia, lançar rajadas de energia, obter supervelocidade, além de uma série de inúmeras armas de fogo à disposição. E todos os visuais das habilidades são lindas, inclusive os efeitos a la Max Payne para a morte de alguns inimigos.

Mas nem tudo é perfeito, inclusive com muitas mecânicas que ficaram datadas rapidamente. Às vezes, o uso das habilidades parece não muito bem lapidado, junto a dinâmica do jogo e o sistema de cobertura que é simplesmente uma droga. E mesmo com o sistema de upgrade das habilidades e a campanha não sendo tão longa, ele se torna enfadonho em seus momentos finais, principalmente devido a fraca inteligência artificial dos inimigos, junto a uma última batalha de chefão simplesmente ruim de doer, onde o que parece ser um desafio na verdade é uma gigantesca gama de problemas das habilidades não funcionarem bem no cenário proposto.

Situações tediosas são bem comuns também, além de puzzles que não exigem muito dos jogadores. Para se ter uma ideia de como a preocupação em equilibrar enredo com jogabilidade afetou o resultado final, o primeiro arco do jogo possui quase uma hora e tem apenas 15 minutos de ação real, o que tropeça fácil nos jogadores casuais que em geral curtem ir direto para o gameplay. E essas situações são repetidas inúmeras vezes, com vários momentos “vazios”, onde o controle do personagem pelo cenário só vai servir para incrementar o desenvolvimento da história. Tudo isso numa campanha que leva entre 10 a 13 horas para ser terminada, com pouco fator replay.

Ainda assim, Quantum Break foi considerado um sucesso de vendas pela Microsoft e mesmo com as críticas pontuais, a Remedy saiu ainda mais fortalecida para seu ambicioso e monumental projeto que viria a seguir, o jogo Control, que fecharia sua informal “trilogia” de jogos de mistérios. Mas é interessante relatar que os números de vendas de Quantum Break nunca foram revelados e uma sequência foi raramente colocada em discussão, mesmo ele tendo sido o primeiro jogo da Microsoft em 2016 a conseguir alcançar o primeiro lugar na tabela de vendas do Reino Unido e o jogo mais vendido para uma nova propriedade intelectual dos Xbox Game Studios na geração passada.

O que é uma pena. Seria excelente ver uma continuação desse jogo onde sua jogabilidade estivesse completamente otimizada e sua história simplesmente não se levasse tanto a sério.

Quantum Break está disponível para Xbox One, Xbox Series e PC. 

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Samuel Bryan

Jornalista, acreano, tão fã de filmes, games, livros e HQs de terror, que se não fosse ateu, teria sérios problemas com o ocultismo. Contato: games@bocadoinferno.com.br

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