The 100 – 7ª Temporada (2020)

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The 100 - 7ª Temporada
Original:The 100 - Season 7
Ano:2020•País:EUA, Canadá
Direção:Ed Fraiman, Alex Kalymnios, Dean White, Tim Scanlan, Ian Samoil, P.J. Pesce, Michael C. Blundell, April Mullen, Marshall Virtue, Amanda Tapping, Bob Morley, Antonio Negret, Ed Fraiman
Roteiro:Kass Morgan, Jason Rothenberg, Jeff Vlaming, Drew Lindo, Charmaine De Grate, Georgia Lee, Alyssa Clark, Kim Shumway, Miranda Kwok, Nikki Goldwaser, Kim Shumway
Produção:Georgia Lee,
Elenco:Eliza Taylor, Paige Turco, Bob Morley, Marie Avgeropoulos, Lindsey Morgan, Richard Harmon, Tasya Teles, Shannon Kook, Henry Ian Cusick, Jarod Joseph, Luisa d'Oliveira, Sachin Sahel, Sean Maguire, Tati Gabrielle, Lola Flanery, Ivana Milicevic, Ashleigh LaThrop, Bethany Brown, Chuku Modu

Antes mesmo do início da sétima temporada, o criador, Jason Rothenberg, já anunciava que seria a última. O décimo sexto episódio e centésimo da série encerraria as aventuras apocalípticas dos jovens, liderados pela inconsequente Clarke (Eliza Taylor), em sua estada na lua já habitada por humanos, que veneravam uma família de deuses chamados Primes, no conflito contra os rebeldes Filhos de Gabriel. No episódio final da sexta temporada, Octavia (Marie Avgeropoulos) desapareceu, assim como Bellamy (Bob Morley), levado por figuras invisíveis, e a novata Hope (Shelby Flannery) não parece saber a razão por estar ali. Os mistérios que envolvem a tal “Anomalia” serão a principal linha narrativa da temporada, enquanto Clarke, Indra (Adina Porter), Raven (Lindsey Morgan), Emori (Luisa D’Oliveira) e John Murphy (Richard Harmon) também estarão tendo problemas no Santuário: o que deveria ser o fim da guerra apenas segmentou a população entre os que ainda veneram Russell (JR Bourne), os que seguem Gabriel (Chuku Modu) e os prisioneiros da nave, mantidos por Diyoza (Ivana Miličević).

Na verdade, como se descobre, a tal Anomalia na verdade é uma ponte para atravessar mundos. Uma espécie de “Buraco de Minhoca“, que permite que aqueles que atravessam possam viajar entre planetas – uma solução mais prática do que a criogenia e as viagens espaciais. Para ativá-la é necessário uma pedra, repleta de símbolos, que, traduzidos adequadamente, conduzem à exploração. Enquanto o processo é apresentado, Octavia e Diyoza atravessam a passagem a um planeta-prisão, um paraíso tropical para onde são enviados os que resistem a “transcendência” e não acreditam na “última guerra“, nas palavras do Discípulo Anders (Neal McDonough) antes de despertar o pastor Bill Cadogan (John Pyper-Ferguson). Nesse planeta, Diyoza dará a luz a Hope, e as três irão conviver por dez anos – sim, o tempo sofre uma dilatação no local.

Os tais fanáticos Discípulos do Bardo buscam um código que permitirá a última guerra contra seres mais poderosos. Para tal, acreditam que Clarke, por ter habitado a Chama, possa ser a chave, mas, ao invés de simplesmente ir buscá-la, optam pelo caminho mais longo: ora, eles possuem o veículo de transporte, então por que em vez de sequestro e combate, em vez de levar um ou outro, simplesmente não vão ao encontro do grupo, ajudam a controlar as disputas no local e apresentam suas crenças? Eles possuem a tecnologia de armadura invisível e armas que soltam laser – não sei se seriam suficientes para a tal guerra -, mas nem mesmo o pastor conseguiu ter uma ideia tão simples quanto a do diálogo, da explicação.

Assim, a sétima temporada se conduz nessas duas narrativas: a exploração de planetas como o cemitério Nakara, colocando Clarke e os demais numa região gélida, combatendo aranhas em uma caverna. Sorte deles é que a pedra que abre a ponte não estava muito distante, e o acesso não chega a ser complicado; e Etherea, onde Bellamy e o discípulo Doucette (Jonathan Scarfe) recriam o filme Inimigo Meu; e o Santuário, com os conflitos que envolvem outra possível contaminação por radiação e a transformação de Russell no Comandante agressivo Sheidheda. Este dará bastante trabalho aos poucos no seu crescimento interno e liderança, representado na sua adoração (seria mais aceito se fosse o Prime e não o tal guerreiro) pelo xadrez.

Como era de se esperar em um final de série, The 100 decepciona. Se por um lado a trama soube estabelecer um link entre as temporadas – a relação com os abrigos, com O Segundo Amanhecer e o drivers de mente de Becca (Erica Cerra), cuja trajetória é finalmente conhecida, fazendo as conexões que mostram tudo como parte de uma coisa só, por outro, criou-se uma confusão entre os vários plots e também apresentou algumas conveniências em seus roteiros. O pior de todos os arcos é o que traça o destino de Bellamy: independente do que acontece fora dos domínios da série, o personagem era, ao lado de Clarke, Murphy e Raven, um dos principais. Além de ter uma participação bastante reduzida, a ação de sua melhor amiga não se justificou. Ora, por que ela não atirou na perna? O que a morte dele evitou, sendo que ela acabou tendo que fugir sem os tais desenhos? E é incrível como Octavia e Echo (Tasya Teles) aceitaram sua atitude numa postura típica de fim de série, algo bastante improvável pelo apresentado nas temporadas.

Com tantos personagens, era de se imaginar que muitos ficaria perdidos por ali. Madi (Lola Flanery) também teve um destino melancólico, e, para piorar, sem se acertar com Clarke depois de sua última briga; e o que dizer de Emory e John? Da prisioneira que simplesmente aceita o que Raven fez para depois agir como uma parceira? A relação conturbada entre Indra e Gaia (Tati Gabrielle)? Até Gabriel, que, aficionado pela Anomalia e pela descoberta dos códigos, de repente, chega ao final da série sem mais se importar. Enfim, foram muitas pontas soltas e relações que não se concluíram muito bem. No entanto, nada podia ser mais bobo e banal que o último episódio.

Dirigido pelo próprio Jason Rothenberg, a partir de um roteiro de sua própria autoria, “A Última Guerra” foi ao ar em 30 de setembro de 2020. Nele, há o encontro do pastor com o que seria Deus ou o Juiz, na forma de sua filha. Ainda será visto como Abby (Paige Turco), a pessoa mais importante para Raven (oi?), e principalmente Lexa (Alycia Debnam-Carey) para Clarke. Como último teste, eles devem convencer a entidade que os humanos merecem a transcendência e não a extinção. Tudo vai depender de um discurso inflamado daquela que sempre foi favorável às guerras, para que as pessoas se tornem luzes brilhantes e árvores de enfeite de ano-novo. Nem todos terão essa felicidade, independente de suas ações terem sido em prol do amor pelos amigos.

Com a possibilidade de anúncio de um spinoff prequel – algo que espero que não aconteça – The 100 se conclui de maneira boba e sem graça. Uma série que sempre se inovou, mesmo inspirada em produtos já existentes – nesta, a semelhança com Stargate e Dark foi imensa -, e partiu para narrativas curiosas merecia um final mais adequado, por tudo pelo qual os personagens passaram, principalmente a protagonista. Mesmo sabendo da distância das narrativas para o livro de Kass Morgan, o conceito até que era interessante e promoveu momentos divertidos e emocionantes, mas a luta chegou ao fim quase sem méritos.

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Marcelo Milici

Professor e crítico de cinema há vinte anos, fundou o site Boca do Inferno, uma das principais referências do gênero fantástico no Brasil. Foi colunista do site Omelete, articulista da revista Amazing e jurado dos festivais Cinefantasy, Espantomania, SP Terror e do sarau da Casa das Rosas. Possui publicações em diversas antologias como “Terra Morta”, Arquivos do Mal”, “Galáxias Ocultas”, “A Hora Morta” e “Insanidade”, além de composições poéticas no livro “A Sociedade dos Poetas Vivos”. É um dos autores da enciclopédia “Medo de Palhaço”, lançado pela editora Évora.

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