The 100 – 6ª Temporada (2019)

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The 100 - 6ª Temporada
Original:The 100 - Season 6
Ano:2019•País:EUA, Canadá
Direção:Ed Fraiman, Alex Kalymnios, Dean White, Tim Scanlan, Ian Samoil, P.J. Pesce, Michael C. Blundell, April Mullen, Marshall Virtue, Amanda Tapping, Bob Morley, Antonio Negret, Ed Fraiman
Roteiro:Kass Morgan, Jason Rothenberg, Jeff Vlaming, Drew Lindo, Charmaine De Grate, Georgia Lee, Alyssa Clark, Kim Shumway, Miranda Kwok, Nikki Goldwaser, Kim Shumway
Produção:Georgia Lee,
Elenco:Eliza Taylor, Paige Turco, Bob Morley, Marie Avgeropoulos, Lindsey Morgan, Richard Harmon, Tasya Teles, Shannon Kook, Henry Ian Cusick, Jarod Joseph, Luisa d'Oliveira, Sachin Sahel, Sean Maguire, Tati Gabrielle, Lola Flanery, Ivana Milicevic, Ashleigh LaThrop, Bethany Brown, Chuku Modu

Redenção. Basicamente essa foi a principal temática da sexta temporada da mutável The 100. Depois de cinco temporadas bem diferentes uma das outras, com os personagens principais agindo de maneira inconsequente, como se atentassem somente ao próprio umbigo, a proposta agora foi dar a eles um momento de buscar uma reflexão ou ter a oportunidade de pedir desculpas pelos erros cometidos – ainda que alguns destes tenham resultado em assassinatos em massa, a condução de alguns para duelos mortais (mesmo que sejam amigos ou até parentes) ou ainda uma explosão nuclear. Contudo, atitudes duvidosas voltaram a acontecer nesta nova temporada, assim como uma infeliz intenção de resgatar a temática da mudança de personalidade, já explorada anteriormente.

Na última cena da quinta temporada, houve o prólogo da sexta: Monty (Christopher Larkin) e a namorada Harper (Chelsey Reist) decidiram viver uma vida inteira pelo cuidado daqueles que foram deixados num estado de sono criogênico, até resultar em sua partida na velhice para que o filho do casal, Jordan (Shannon Kook), se ocupasse da função de despertar o grupo, depois que a Terra pudesse voltar a ser habitada. Sem essa possibilidade, o casal viu em Alpha um destino adequado para uma civilização às cegas, sabendo apenas, posteriormente, que se tratava de uma Lua e que ela já recebera humanos nas expedições iniciais.

Assim, os primeiros acordados – Clarke (Eliza Taylor), Bellamy (Bob Morley), John Murphy (Richard Harmon) e a namorada Emori (Luisa d’Oliveira) e Shaw (Jordan Bolger) descem ao local para buscar informações e verificar perigos, deixando Raven (Lindsey Morgan) na nave, assim como a Dra. Abigail (Paige Turco) e a sua preocupação com o ferido Marcus (Henry Ian Cusick). Assim, no episódio inicial, Sanctum, dirigido por Ed Fraiman, e que foi ao ar no dia 30 de abril de 2019, a exploração ao local, aparentemente inabitado, revela insetos perigosos, uma barreira intransponível e que resulta na morte de Shaw, e a chegada a um ambiente colorido, numa espécie de Paraíso utópico.

Notam algemas e correntes, assim como um livreto que informa sobre o perigo do “sol vermelho“, que libera no ar uma toxina que leva a pessoa a ter atitudes agressivas. Num conceito interessante, eles são mantidos separados, quando Emori é afetada, e depois sentem a diferença em Bellamy. Com a morte quase certa de Murphy, os cidadãos de Sanctum aparecem, com muitas crianças e uma aparente hospitalidade. Em um flashback, é mostrada a chegada dos primeiros habitantes e as consequências que envolveram a aparição do primeiro sol, no episódio Red Sun Rising, de Alex Kalymnios.

Enquanto na nave, agora aterrissada, Marcus se encontra em um estado moribundo, e obriga a Dra. Abigail a colocá-lo novamente para dormir, e Octávia (Marie Avgeropoulos) demonstra ainda traços de sua natureza agressiva; em Alpha, novos personagens, vistos como deuses, são apresentados, como o líder Russell (JR Bourne) e sua esposa Simone (Tattiawna Jones), além de Delilah (Ashleigh LaThrop), por quem Jordan se encanta. Ficam sabendo no terceiro episódio, de Dean White, sobre os Filhos de Gabriel, um grupo de rebeldes que se mantém afastado e são vistos como inimigos do santuário. Quem os conhece primeiro são Octávia e, a expulsa pelo passado de crueldades, a gravidíssima Charmaine Diyoza (Ivana Milicevic).

Em The Face Behind the Glass, de Tim Scanlan, acontece um ritual entre os deuses, chamados Primes, para a transformação de Delilah na princesa Priya Desai VII, porém, para infortúnio de Jordan, que já havia iniciado um namorico com ela, a garota volta com outra personalidade. Então, no seguinte, The Gospel of Josephine, de Ian Samoil, a curiosa Clarke, na tentativa de conquistar o direito de seu grupo de permanecer no lugar, acaba sendo vítima de Russell, que prepara seu corpo para o renascimento de Josephine. Entende-se, finalmente, que os pioneiros de Sanctum desenvolveram uma maneira de continuarem vivos, numa espécie de drive, que, depois da morte da hospedeira, que seja portadora do “sangue da noite“, ele é introduzido na nuca, apagando a memória atual para dar vida aos entes da família – um conceito que repete a terceira temporada e a influência da A.L.I.E (Erica Cerra), e que enfraquece a, até então, criativa série The 100.

Clarke passa a ser Josephine, e os que descobrem essa nova condição ou são mantidos presos (Bellamy) ou aceitam a proposta de viver para sempre (Murphy e Emori). Enquanto o grupo tentar decidir o que será feito, após aceitar a perda da amiga, a protagonista vive um conflito interno contra sua inimiga, Josephine (Sara Thompson), e reencontra algumas das suas perdas como o próprio Monty e o pai, Jake (Chris Browning). Poderiam ter explorado outras como Finn Collins (Thomas McDonel) e Lexa (Alycia Debnam-Carey), que foram memórias igualmente impactantes para a garota. Contudo, deve-se ressaltar a interessante Direção de Arte pela possibilidade de reconstrução da nave original e dos desenhos nas paredes do dormitório de Clarke.

E a trama, a partir de então, segue esse conflito de resgate da personalidade da protagonista, o combate aos rebeldes – com exceção de Gabriel (Chuku Modu), que parece curioso em decifrar um fenômeno na Lua chamado “Anomalia” e que resulta na transformação de Octávia – e os próprios cidadãos de Sanctum, numa curiosa relação com o fanatismo religioso. Além da irmã de Bellamy, a própria Clarke, que fizera bobagens imensas na temporada anterior pela filha Madi (Lola Flanery), a Dra. Abigail, que sofrera pelo vício, e outros encontram a oportunidade de se redimirem pelas falhas cometidas, mesmo que isso possa resultar num último suspiro. Sim, como acontece sempre na série, outros personagens importantes irão partir nesta temporada, em momentos dramáticos e intensos.

É importante mencionar outro ponto curioso deste sexto ano, que é a loucura que começa a torturar Madi. Parece que houve uma provável intenção de torná-la uma vilã, tal qual Octávia, mas que não foi adequadamente explorado. E a temporada por fim se concluiu com uma ampliação do mistério da Anomalia e o que isso pode ou não ter influenciado Octávia. É esperado uma exploração ainda maior dessa Lua antes de iniciar um novo apocalipse, embora os realizadores, como o criador Jason Rothenberg, inspirado nas publicações de Kass Morgan, querem sempre deixar mensagens que mostram que a grande ameaça à humanidade são os humanos.

Ainda divertida, The 100 perde alguns pontos por não conseguir completamente se reinventar – e ainda faz uso de conceitos bobos como o de injetar ou beber um líquido para simplesmente se transformar em um “sangue da noite” e hospedeiro. Agora é só torcer que a sétima temporada também sirva de redenção para roteiristas, para que tragam ideias diferentes ao invés de reciclar velhos temas.

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Marcelo Milici

Professor e crítico de cinema há vinte anos, fundou o site Boca do Inferno, uma das principais referências do gênero fantástico no Brasil. Foi colunista do site Omelete, articulista da revista Amazing e jurado dos festivais Cinefantasy, Espantomania, SP Terror e do sarau da Casa das Rosas. Possui publicações em diversas antologias como “Terra Morta”, Arquivos do Mal”, “Galáxias Ocultas”, “A Hora Morta” e “Insanidade”, além de composições poéticas no livro “A Sociedade dos Poetas Vivos”. É um dos autores da enciclopédia “Medo de Palhaço”, lançado pela editora Évora.

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