Como Sobreviver a um Ataque Zumbi
Original:Scouts Guide to the Zombie Apocalypse
Ano:2015•País:EUA Direção:Christopher Landon Roteiro:Carrie Lee Wilson, Emi Mochizuki, Christopher Landon, Lona Williams Produção:Andy Fickman, Todd Garner Elenco:Tye Sheridan, Logan Miller, Joey Morgan, Sarah Dumont, David Koechner, Halston Sage, Cloris Leachman, Niki Koss, Hiram A. Murray, Drew Droege, Patrick Schwarzenegger, Blake Anderson, Elle Evans, Matty CardaropleLukas Gage, |
Um ano antes do lançamento de Como Sobreviver a Um Ataque Zumbi (Scouts Guide to the Zombie Apocalypse, 2015), os realizadores convidaram diversos influencers para participar de algumas cenas do filme, principalmente a que envolve uma tal “festa secreta“. Foi uma maneira inteligente de atrair olhares para o que acreditavam que seria uma das produções de zumbis mais divertidas e notadas dos últimos tempos, agradando a geração youtuber e rivalizando com Zumbilândia e Todo Mundo Quase Morto. Não chegou próximo a eles e nem a outras paródias com mortos-vivos, e ainda foi um desastre no box office (custou U$24 milhões e conquistou U$16 em sua passagem nos cinemas), mas se configurou um agradável passatempo, com algumas boas gags entre momentos constrangedores.
Foi a primeira direção notória de Christopher Landon, depois de ter se envolvido com o roteiro de Atividade Paranormal 2, 3 e 4 e dirigido o spin off Atividade Paranormal: Marcados pelo Mal (2014). Graças ao ritmo humorístico apresentado, ele conseguiria créditos para comandar outras produções em parceria com a Blumhouse como A Morte te dá Parabéns, a continuação, além de Freaky: No Corpo de um Assassino. Como Sobreviver a um Ataque Zumbi tem um roteiro desenvolvido pelo próprio, com o apoio de Emi Mochizuki e Carrie Lee Wilson, e passou rapidamente nos cinemas brasileiros no 12 de novembro de 2015.
A cena inicial é irritante de tão ruim. Depois de mostrar a dancinha ridícula de faxineiro, este aproveita a saída de um cientista de um laboratório com pesquisas importantes (nem importa quais são estas) para mexer em coisas indevidas e soltar o respirador de um homem moribundo para depois ser atacado por ele. Atirado para cima diversas vezes e transformado em zumbi, ele morde o cientista, iniciando a já habitual propagação de um vírus que transforma pessoas em criaturas canibais (escutei um bocejo?). Segue-se com a apresentação do trio de personagens jovens condutores das principais ações da história: os escoteiros Ben (Tye Sheridan), Carter (Logan Miller, de Escape Room 2: Tensão Máxima) e Augie (Joey Morgan), além do líder Rogers (o veterano David Koechner).
Enquanto Augie está prestes a ser premiado com a Medalha Condor pelos alcances como escoteiro, Ben e Carter já planejam abandonar o grupo, conscientes que a vestimenta seja uma indicação de castidade. Ben acidentalmente atropela um veado – remete a um dos episódios sangrentos de Cabana do Inferno (Cabin Fever, 2002) -, apenas para que o animal morto desapareça algum tempo depois, e possamos conhecer o interesse amoroso do protagonista, Kendall (Halston Sage, de Goosebumps: Monstros e Arrepios), que vem a ser a irmã de Carter, e foi ofuscada por uma outra personagem feminina.
No caso, a garçonete Denise (Sarah Dumont), que trabalha em um bar de striptease e anteriormente ajudou os rapazes a conseguir bebidas – ela segue o estereotipo da garota experiente com os rapazes virgens, comuns em comédias adolescentes. Quando os ataques de dezenas de zumbis começam, ela se une aos três escoteiros para ajudá-los a salvar Kendall e avisar os jovens que estão na tal festa secreta sobre a necessidade de sair da cidade. Para descobrir o local, eles cantam com um zumbi (sequência divertida que remete a Todo Mundo Quase Morto) e partem para a casa de Carter em busca do diário de Kendall. E é lá que acontecem os momentos mais hilários do filme, desde o ponto em que um dos escoteiros é atacado pela versão zumbi da vizinha, a sra. Fielder (Cloris Leachman), que tenta morder o rapaz no traseiro sem dentadura, até o momento em que precisam fugir com a ajuda de um trampolim.
O que vem a partir de então são apenas clichês e mais clichês, seja pelo heroísmo exagerado, pela paixão que supera a situação apocalíptica e personagens dispostos a se sacrificarem pelo bem da cidade. Se por um lado a química entre os rapazes traz um bom resultado, com destaque para a atuação de Augie no seu confronto com um gato-zumbi, por outro, os demais personagens são apenas descartáveis, servindo como apoio aos principais, como a insistente versão zumbi do escoteiro Rogers. E o que mais atrapalha no enredo é o fato de grande parte do elenco tentar a todo momento provocar risadas, com quotes que não combinam com o estado desolador e trapalhadas que diminuem a força da narrativa. É sempre muito mais interessante em filmes que misturam terror com humor – são pelo menos os mais funcionais – quando os vilões e todos os demais agem com desespero e seriedade numa oposição aos heróis idiotas.
Entre mortos e perdidos, falhas e atuações caricatas e peitos de uma policial zumbi, Como Sobreviver a um Ataque Zumbi é um convite a conhecer o ponto de virada na filmografia até então assustadora de Christopher Landon. Se não esperar uma obra que irá modificar seus conceitos e nem trará grandes novidades, pode ser que se veja como parte da turma dos escoteiros perdedores no confronto contra zumbis.
Eu amo esse filme