4.8
(4)

The Devil Below / Shookum Hills
Original:The Devil Below / Shookum Hills
Ano:2021•País:EUA
Direção:Bradley Parker
Roteiro:Eric Scherbarth, Stefan Jaworski
Produção:Alejandro De Leon, Diego Hallivis, Julio Hallivis, Andres Rosende
Elenco:Alicia Sanz, Adan Canto, Will Patton, Zach Avery, Chinaza Uch, Jonathan Sadowski, Jesse LaTourette, William Mark McCullough, Alpha Trivette, Tom Proctor

Um dos capítulos mais interessantes da História do Mundo envolveu a corrida espacial entre Estados Unidos e União Soviética para promover a exploração do espaço, durante a Guerra Fria. Do mesmo modo em que ambas as potências buscavam lançar foguetes para chegar à Lua, também o mesmo aconteceu pela busca do ponto mais profundo do Planeta Terra. As tais expedições ao centro da Terra, com a inspiração da obra clássica de Jules Verne, duraram até meados dos anos 90 quando a, então Rússia, desenvolveu no Círculo Polar Ártico o Poço Superprofundo de Kola, considerado o buraco mais profundo já feito, com uma estrutura em torno de 12 km. Com a exploração, surgiram lendas sobre moradores de regiões próximas serem capazes de ouvir “o som do inferno“, produzido por almas torturadas, em registros que podem ser encontrados em sites sensacionalistas de terror por aí. De acordo com a proposta do filme The Devil Below aka Shookum Hills, Kola tem como rival outro buraco feito na América.

Na verdade, essa relação no filme é bem discreta e envolve outra circunstância que motiva uma expedição no argumento de Eric Scherbarth, que deu origem ao roteiro co-escrito por Eric Scherbarth e Stefan Jaworski. Em uma região de mata queimada nas montanhas dos Apalaches, um incêndio ocorrido em um vilarejo durante trabalhos desenvolvidos em minas é considerado um acontecimento inexplicável. Segundo relato, mil pessoas desapareceram na região, restando apenas o tal buraco profundo e que permitiria o acesso ao Inferno. Um grupo de pesquisadores, entre geólogos e outros cientistas, contrata o serviço de exploração da experiente Arianne (Alicia Sanz, que esteve na primeira temporada de Um Drink no Inferno), uma espécie de Lara Croft pouco amigável.

Ela conduz o experiente Darren (Adan Canto) e o novato Terry (Jonathan Sadowski), além de Shawn (Chinaza Uche) e Jaime (Zach Avery), com aquela famosa parada clichê em um estabelecimento, onde um estranho irá sugerir que ela deve voltar para casa. Na insistência, o grupo é perseguido por locais, comandados pelo ex-empresário Schuttmann (Will Patton, o oficial Hawkins de Halloween, 2018), que perdeu o filho no prólogo. Assim que avançam até o local, passando por portões eletrificados e uma cidadela abandonada, até alcançar a principal entrada, eles resolvem liberar a passagem, protegida apenas por uma grade de ferro. Terry é puxado para o interior do buraco, não tão profundo quanto deveria ser, e os demais terão que combater monstros que habitam as profundezas à espera de uma oportunidade de andar pela terra.

Embora toda a mitologia seja interessante, ela não é tão bem realizada no longa de Bradley Parker. Como se pode perceber pela trama, é quase uma versão adulta do oitentista The Gate – O Portão, substituindo os monstrinhos por criaturas humanoides, além de excluir religiosidade e sentido apocalíptico. Ao mesmo tempo que pode interessar aos fãs de filmes de monstros, o enredo, repleto de clichês, não protege suas falhas. Uma delas é a sem sentido ação de Schuttmann, depois que se descobre a ameaça. Ora, por que não se armaram com um gigantesco arsenal e invadem de vez o buraco para matar os monstros, uma vez que, apesar de resistentes, eles não são indestrutíveis? E havia outras formas mais eficazes para fechar de vez o buraco para impedir curiosos do que a proteção de uma simples cerca elétrica ou uma grade.

Atraídos pelo som e uma caracterização que remete a animais subterrâneos, embora fiquem na obscuridade todo o filme, as tais ameaças passam a eliminar as personagens, a partir dos menos importantes. Não há momentos de tensão, nem sequências gráficas de sangue e morte, apenas o combate aparentemente desigual. Os efeitos são aceitáveis, dentro do que se espera, à exceção da sequência que traz a criatura-chefe, propositadamente meio onírica para não evidenciar suas limitações.

Enfim, com o perdão do trocadilho, The Devil Below é apenas mais um filme de monstros como muitos vistos por aí, sem profundidade ou justificativa de recomendação.

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