4.6
(5)

O Portão (1987) (4)

O Portão
Original:The Gate
Ano:1987•País:EUA, Canadá
Direção:Tibor Takács
Roteiro:Michael Nankin
Produção:John Kemeny
Elenco:Stephen Dorff, Christa Denton, Louis Tripp, Kelly Rowan, Jennifer Irwin, Deborah Grover, Scot Denton, Ingrid Veninger, Sean Fagan

Um simpático clássico da década de 1980. A produção dona deste elogio responde pelo nome de O Portão (The Gate, 1987), ou como foi rebatizado em DVD, provavelmente por um descuido da distribuidora nacional, O Portal. A película canadense é um daqueles filmes que não faltava na prateleira das antigas (e saudosas) locadoras de VHS, e quase todo mundo que era criança / adolescente naquela época já assistiu. Trata-se de uma obra que conseguiu criar uma angustiante preparação para o clímax, como poucas vezes se viu no gênero.

Para quem nunca assistiu ao filme, O Portão é até bem simples. Durante um fim de semana, os amigos Glen (Stephen Dorff) e Terry (Louis Tripp) abrem, acidentalmente, um portão que liberta antigos demônios que querem criar um reino de caos na Terra. Mas para que os capetas consigam colocar o plano em prática, as criaturas precisam realizar dois sacrifícios humanos. Glen e cia precisam evitar que isso aconteça.

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O Portão poderia ter sido mais uma produção como tantas outras que foram lançadas e logo desapareceram. Mesmo não tendo sido um mega sucesso de bilheteria, ou crítica, o filme agradou ao público em geral. Com uma trama sem maiores novidades, coube ao diretor Tibor Takács, que anos depois faria Mosquito Man (2005), conseguir trabalhar com o roteiro de Michael Nankin de forma a prender a atenção do público. Na verdade, grande parte da qualidade de O Portão está justamente em esperar que os principais eventos aconteçam, o que provoca no telespectador a boa e velha tensão.

Primeiro, somos apresentado a Glen, que mora com a irmã Al (Christa Denton), e os pais em uma típica casa de um agradável subúrbio. A trama não se preocupa em localizar geograficamente o filme, até porque não é necessário. Estamos em qualquer subúrbio, de qualquer cidade do Canadá ou dos EUA. Acompanhamos a rotina de Glen com o amigo Terry, dois pré-adolescentes que passam os dias escutando música e procurando o que fazer.

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A filha mais velha Al é a típica adolescente dos filmes daquela época. Com compras e homens na cabeça, passa o tempo com as amigas e organiza uma festa quando os pais decidem viajar. Tais apresentações não são rápidas, como em um prólogo, mas tomam até boa parte da introdução do filme. O espectador acompanha tudo e vai quase se sentindo como um integrante da família ou um terceiro amigo de Glen e Terry.

Construção

Com o desenrolar da trama, uma árvore do quintal de Glen é arrancada e, no local das raízes, deixa um estranho buraco. Os dois amigos acabam, por acidente, lendo palavras demoníacas que abrem o portão de antigos deuses do mal. O interessante de O Portão é justamente não jogar tudo isso de uma única vez. Após o episódio da árvore, coisas estranhas começam a acontecer na casa como uma sessão de levitação e a morte do cachorro da família.

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Nada muito assustador, certo? Mas é o suficiente para ir construindo um clima de inquietação. E um dos melhores momentos da trama é justamente durante uma noite quando os personagens percebem que algo realmente estranho está acontecendo, afinal ser puxado por mãos para debaixo da cama já é um pouco demais para chamar de coincidência. Tal sequência acontece aproximadamente na metade do filme, quando já estamos presos pelo enredo. A partir deste momento, a película joga o telespectador em uma prazerosa montanha russa de sustos e medo.

Visto hoje, O Portão é um filme bastante envelhecido. Não só no quesito modismo, visto principalmente no figurino das atrizes, mas nos seus efeitos de stop-motion. No entanto, a construção da trama consegue ser superior a muita produção lançada recentemente com efeitos digitais de última geração. Talvez o grande segredo do filme seja brincar com elementos simples, como o medo do escuro. É semelhante a quando se é criança e se está assistindo a um filme de terror tarde da noite e de repente falta luz na rua. Mesmo com a lanterna em mãos, é possível ficar com receio de caminhar pelos cômodos da casa. O diretor Takács nos conduz justamente por este caminho.

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Outro ponto de destaque é o design das pequenas criaturas que saem do buraco no jardim da casa de Glen. Mesmo para quem já viu toda espécie de monstro, gárgula, seres mutantes, aliens, coisas e outros seres, os de O Portão conseguem estar entre os mais feios (e por isso mesmo, assustadores) bichos já vistos no cinema de horror.

Mirins

Um outro ponto de destaque e que sempre foi usado pelo cinema de horror é o fato de utilizar crianças, nos seus 12 ou 13 anos, como personagens principais. Esse fator talvez auxilie pelo fato de pré-adolescentes, ou mesmo crianças serem, geralmente, personagens fáceis de provocarem simpatia no público. Quem não se lembra de Carol Anne, de Poltergeist? Ou de Tommy Jarvis, de Sexta-Feira 13 – Parte 4?

Talvez já faça parte do inconsciente coletivo o fato de ver crianças como vítimas em potenciais, afinal, são mais frágeis do que homens e mulheres. Adultos podem entrar no braço contra o vilão e têm, tecnicamente, mais chances de sobrevivência. O fato dos heróis de O Portão terem lá seus 12 anos também ajuda na identificação de parte do público de gênero que, salvo raras exceções, começa cedo a assistir estes filmes. Nada melhor do que ver uma película na qual as vítimas / heróis têm as mesmas idades do público.

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O elenco, como é de costume, está exagerado, mas dá conta do recado. Do trio principal, Stephen Dorff foi o único que conseguiu ter uma filmografia respeitável participando de produções variadas como Blade – O Caçador de Vampiros (1998) e As Torres Gêmeas (2006). Já “a irmãChrista Denton não fez muita coisa depois de O Portão. Destaque para Louis Tripp, que faz a linha coadjuvante esquisito e que acaba roubando as cenas como o “entendido em demonologia” Terry. Pena que o ator também não teve muita sorte nos demais projetos nos quais tomou parte. As atrizes Kelly Rowan e Jennifer Irwin fazem as amigas de Al e proporcionam momentos hilários, como na cena na qual elas se trancam no armário com medo e improvisam cruzes e colares de alhos.

Apesar das boas características acima, nem tudo são flores em O Portão. O final apocalíptico poderia ser como o restante do filme, mais discreto e assustador. No caso, temos algo grandioso demais, o que quebra um pouco o interessante clima que havia sido construído. Alguns observadores mais cuidadosos podem reclamar da falta de figurantes no filme, uma vez que a vizinhança de Glen possui casas, mas não vemos moradores nas mesmas, ou carros nas ruas. Claro que tais observações não fazem com que toda a boa impressão inicial do filme vá para o lixo.

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Se O Portão é um dos filmes marcantes do gênero terror dos anos de 1980, o mesmo não se pode falar da sua sequência, feita cinco anos depois, pelo mesmo Tibor Takács, mas sem as qualidades que fizeram do original uma produção assustadora. Em O Portão 2 (The Gate II: Trespassers, 1992), Glen e Al se mudaram, mas Terry tem a brilhante ideia de continuar a fazer rituais na antiga casa do amigo para ter certeza de que os demônios estão presos no inferno. Claro que algo dá errado e Terry precisa salvar o planeta de ser invadido pelos pequenos demônios. Dá para entender porque Stephen Dorff não topou participar desta sequência.

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7 Comentários

  1. Vale ressaltar que o SBT exibia este filme com o título “O Portal do Inferno”.

  2. A primeira vez que assisti esta pérola foi em 1992, eu tinha 11 anos. Mieu primo tinha alugado a fita VHS e não sei quem levou em casa. Então eu e minhas irmãs, todos pirralhos resolvemos assistir… No começo foi mil maravilhas, tranquilo e divertido…Mas depois, quase cagamos nas calças! Pura adrenalina e muito medo! kkkkkkk
    Foi apavorante, ao ponto de nunca mais ter esquecido desta delícia de filme, mesmo depois de quase 30 anos!!

  3. Filme B de terror classico!!!!!!!!!!!Curtia muito quando adolescente se nao me engana passou muito no cine trash da Band!bom demais!vi que tem o dvd dublado a venda no ML!

  4. Eu adoro esse filme. Assistia sempre que passava no Cinema em Casa. Sabem algum site que ainda exibe?

  5. Vi pela primeira vez ontem, está disponível no catálogo da Netflix. O que posso dizer? Que filme gostoso de ser ver, um filme cult, a cara dos anos 80. Curti cada momento do filme, e me senti mal por nunca ter visto ele. Elenco bom para a proposta do filme, um tom assustador, e tendo claras influências de Evil Dead. Muito bom!

  6. Clássico do cinema em casa , assiste varias vezes , muito bom.

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