Pranto Maldito
Original:Llanto Maldito
Ano:2021•País:Colômbia Direção:Andres Beltran Roteiro:Andres Beltran; Anton Goenechea Produção:Jim Brown, Robert A. Foti, Jules Rivera, Robert Seibert Elenco:Jerónimo Barón, Paula Castaño, Alanna de la Rossa, Andres Londono, Carolina Ribón |
Em uma última tentativa de restabelecer um casamento abalado por uma tragédia familiar, o casal Sara e Óscar decide passar alguns dias em uma cabana isolada no meio de uma densa floresta, levando junto os filhos Alicia e Tomas. Contudo, uma série de eventos bizarros, como o som de uma mulher chorando durante a noite ou alguns hematomas inexplicáveis que surgem no filho, aumenta o clima de tensão entre eles. Um destino aterrorizante parece despontar para o casal, que deverá superar suas mágoas e enfrentar a presença fantasmagórica de uma mãe que chora desesperadamente a perda de seu bebê. Fugir deixa de ser uma alternativa quando a única rota de saída é misteriosamente bloqueada.
Talvez a particularidade mais interessante em produções de horror rodadas em países com pouca tradição no gênero seja a originalidade e a chance do espectador conhecer a cultura local (costumes, crenças e rituais religiosos, por exemplo) representada de um ponto de vista autoral e com o mínimo daquelas interferências externas que costumam estabelecer as regras e os formatos aos quais estamos acostumados. Ou seja, histórias não contadas, criaturas desconhecidas ou mitologias do folclore regional são quase sempre muito bem recebidas pela crítica e pelos fãs, além de enriquecerem um gênero que vive de repetição já faz algum tempo.
Infelizmente toda esta teoria não é aplicada à produção colombiana Pranto Maldito, especialmente porque o longa se inspira em uma lenda chamada La Tarumama que é muito similar a conhecida La Llorona (já levada aos cinemas sem muito êxito pela turma de James Wan em A Maldição da Chorona e com um brilho maior pelo cineasta guatemalteco Jayro Bustamante, em A Chorona, ambos em 2019). As duas lendas latinas falam sobre fantasmas de mães que perderam seus filhos e posteriormente assombram povoados com seu choro incessante e assustador. Além disso, todo o restante do enredo envolvendo natureza, cabana, casal em crise e o espectro atormentado termina, para o espectador, como um forte deja vu, sem qualquer característica ou traço de originalidade.
Pranto Maldito, que teve seu lançamento adiado para 2021 por causa da pandemia, foi distribuído com exclusividade em streamming pelo selo HBO Max Originals – que no Brasil também apresentou outra produção colombiana, a série original de terror Mil Colmilhos, sobre um pelotão de militares que enfrenta uma entidade desconhecida ao adentrar a floresta Amazônica.
O filme foi dirigido e co-escrito por Andrés Beltrán, com roteiro de Anton Goenechea. A dupla, que traz no currículum séries da Netflix como Distrito Selvagem (teve quatro episódios dirigidos por Andrés em 2018) e Fronteira Verde (Anton escreveu dois dos 8 episódios da primeira temporada), entregam um produto tecnicamente razoável, apesar do orçamento reduzido e das dificuldades impostas pela pandemia no ano de 2020.
Porém, o roteiro é convencional e preguiçoso, aparentando alguma má-vontade principalmente nos momentos em que oferece soluções fáceis e pobres para os problemas propostos. Também não esperem personagens bem desenvolvidos, bons diálogos, reviravoltas, momentos de tensão e muito menos um clímax arrebatador.
O elenco é formado por Andrés Londoño (de Fear the Walking Dead e Narcos – México) e Paula Castaño (da série Jack Ryan), interpretando o casal em crise e pelos atores mirins Alanna de la Rossa e Jerónimo Barón como os filhos. Apesar do potencial e experiência do time, a performance em geral é retraída e mesmo nas cenas em que a carga dramática poderia ser mais intensa, o resultado é impessoal e nada emocionante. O conceito proposto pelos realizadores sobre uma família em sofrimento pelo divórcio cuja sanidade é abalada por eventos sobrenaturais poderia render momentos mais intensos e dramáticos, caso o texto ajudasse e houvesse uma entrega menos artificial dos atores.
A ambientação e o cenário compõem um fator positivo, embora ainda pudesse ser melhor trabalhada se os realizadores utilizassem tomadas abertas que reforçassem o tamanho e imponência da floresta. E mesmo sendo recorrente no horror, uma cabana cercada por milhares de árvores é sempre um ambiente sombrio e opressor, que realça a fragilidade dos personagens humanos, muitas vezes conduzindo-os a um estágio de insanidade, principalmente quando aliado a um ofensor sobrenatural.
Em relação aos efeitos visuais e maquiagem, eles são minimamente utilizados. Há um momento em que La Tarumama é vista em maiores detalhes e a maquiagem revela-se um pouco contestável, o que não deve satisfazer aos mais exigentes. Outra sequência, esta sim, bem interessante, é o momento em que a mãe em transe se alimenta das brasas da fornalha. Mas na maioria das vezes, o fator sobrenatural é reduzido a ruídos, murmúrios e vultos. Uma destas cenas é um lamentável copy and paste de uma passagem de Invocação do Mal 2: o garotinho Tomas está sozinho no seu quarto quando “alguma coisa” dentro de uma barraca infantil empurra os carrinhos de brinquedo de volta em sua direção.
Enfim, Pranto Maldito é uma produção colombiana que aposta no drama e no terror psicológico, mas que peca pela falta de originalidade ao exagerar na repetição de fórmulas já utilizadas antes no gênero.
achei a critica interessante
vou conferir
obrigado