Irmãs Diabólicas (1972)

4.8
(6)

Irmãs Diabólicas
Original:Sisters
Ano:1972•País:EUA
Direção:Brian De Palma
Roteiro:Brian De Palma, Louisa Rose
Produção:Edward R. Pressman
Elenco:Margot Kidder, Jennifer Salt, Charles Durning, William Finley, Lisle Wilson, Barnard Hughes, Dolph Sweet, Olympia Dukakis

O início da década de 1970 foi um período de transição na carreira de Brian De Palma. O cineasta vinha de uma série de trabalhos vistos como “indies”, inspirados no cinema francês de então. Foi com uma incursão no gênero suspense por meio do bom e estranho Sisters, lançado no Brasil como Irmãs Diabólicas em 1972, que se deu o início de sua fase de maior amadurecimento, e que culminaria em alguns clássicos, como Carrie (1976) e Dressed to Kill (1980).

Essa fase, lembrada como “hitchcockiana” pelo fato de De Palma levar a “inspiração” em Hitchcock às últimas consequências, abrange bem o “catálogo” de assuntos favoritos do diretor, que envolvem, principalmente, voyeurismo, obsessão e perturbações psíquicas. Em Sisters já temos um dos primeiros bons resultados dessa mistura não tão desconhecida assim do público de suspense e terror.

A trama foi inspirada por uma notícia de jornal lida por De Palma em 1966, sobre duas gêmeas siamesas russas que, ao passo em que se encontravam muito bem no que diz respeito à saúde física, começavam a apresentar distúrbios psíquicos. Um prato cheio para um bom suspense, e Brian De Palma o narra de maneira magistral em Sisters.
Ele começa apresentando Danielle, vivida por Margot Kidder (estrela de muitas produções nessa época), atriz canadense que está de passagem pelos Estados Unidos para um trabalho, e que, por essa razão, conhece Phillip, também ator. Os dois têm um encontro romântico onde várias situações estranhas se apresentam, sendo a mais latente delas a instabilidade de Danielle e a perseguição que sofre por seu “ex-marido”.

Nesse ínterim, Phillip vai para a casa de Danielle, onde a estranheza se aprofunda: descobrimos que Danielle tem uma irmã doente, que nunca vemos, e que as duas travam uma relação igualmente estranha a la “Baby Jane”. No ápice da cena, Phillip é assassinado por uma das irmãs, e descobrimos que o ex-marido é marido e médico de uma delas, e que uma testemunha viu o crime e está ávida por fazer a denúncia.

Brian De Palma aqui já ensaia aquilo que levaria à perfeição em Dressed to Kill. A cena do assassinato de Phillip, inclusive, “equivale” à cena do assassinato de Kate Miller, personagem de Angie Dickinson em Vestida para Matar: uma cena longa, tão despretensiosa quanto hipnotizante, mas que engana. O suspense carrega nossa atenção num crescendo que culmina com um crime, e, para arrematar (o espectador, lógico), uma testemunha.

A partir daí, temos o melhor do “cinema hitchcockiano feito pelo de Palma”. Seguimos então a testemunha, a jornalista Grace Collier (Jenniefer Salt), que não apenas viu o crime pela janela de seu apartamento, como também vê nisso uma oportunidade de ascensão na carreira (uma mulher branca que mata um homem negro e esconde o corpo).

Brian De Palma desperta sentimentos estranhos. É curioso observar como ele repete todas as sutilezas de Alfred Hitchcock, e é igualmente fantástico constatar como ele chega à perfeição muitas vezes justamente nisso. O interessante é que De Palma sempre “atualiza” pautas que ficavam apenas nas entrelinhas nas produções do Hitchcock, e com isso seus filmes crescem ainda mais.

Dentro de uma carreira cheia de picos e depressões, Sisters é um bom item dentro da filmografia do Brian De Palma. É um ponto de transição que já contém o puro sumo de sua arte, e que será superado pelo próprio ainda algumas vezes ao longo de sua carreira.

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Pedro Emmanuel

Cearense, jornalista, quase geógrafo (ainda cursando), meio praieiro e ligeiramente antissocial. Minha viagem é aprender o máximo possível sobre a vida e sobre a morte, e assim ir assimilando alguns mistérios da existência. Vivo como se fosse um detetive, mas minha mente vagueia muito. Sou fã de Star Trek, Jefferson Airplane, e do Massacre da Serra Elétrica original.

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