4.3
(7)

Miss Violence
Original:Miss Violence
Ano:2013•País:Grécia
Direção:Alexandros Avranas
Roteiro:Alexandros Avranas, Kostas Peroulis
Produção:Alexandros Avranas, Vasilis Chrysanthopoulos
Elenco:Themis Panou, Reni Pittaki, Eleni Roussinou, Sissy Toumasi, Kalliopi Zontanou, Constantinos Athanasiades, Chloe Bolota.

Olá, querido leitor! Espero que alguém dentre os que já tenham conferido algumas das minhas críticas aqui no Boca do Inferno tenha se atentado ao fato de que prefiro escrever sobre obras que geralmente fogem do usual quando adentramos na temática “filmes de horror”. Fico muito satisfeita em trazer aqui tramas que escancaram a malignidade do ser humano e conseguem explorar nosso medo mais profundo não fazendo nada mais que retratar feridas infectadas da nossa própria sociedade doente.

Neste longa em especial, somos convidados a desvendar os motivos por trás do suicídio de uma menina ao completar seus 11 anos de idade. Assim como a polícia que investiga o caso, questionamos a versão da família que insiste em dizer que foi apenas um acidente e, como meros espectadores, apenas observamos os segredos obscuros que os fazem continuar com suas vidas perfeitamente organizadas.

Miss Violence é um filme lento. Fugindo dos padrões Hollywoodianos o roteiro dos gregos Alexandros Avranas e Kostas Peroulis não se apressa em revelar os conflitos já no primeiro ato ou de se explicar demais. É por esse clima angustiante em primeiríssimo plano, opressor com enquadramentos extremamente sugestivos e ambíguo ao ponto de confundirmos os graus de parentesco entre os membros familiares que a atenção é presa já na primeira cena.

O trabalho de direção e de fotografia são muito eficientes em construir a atmosfera inquietante utilizando a dessaturação das cores e tons opacos que tiram muito da vida que existe na tela. O retrato de uma Grécia fria que reflete a crise financeira enfrentada pelo país nos últimos anos é o pano de fundo da dualidade das vidas incolores de pessoas com sorrisos histéricos e rotinas infelizes; que demonstram ternura e são capazes de aplicar castigos desumanos em quem deveriam proteger.

São os detalhes – uma obsessão com notas escolares, uma porta fechada, um carro parado sempre no mesmo lugar – que vão tornando a violência como personagem central, obrigando o espectador a desviar o olhar mesmo que não haja cenas explícitas de crueldade. Quando a verdade se escancara, somos tomados pela dúvida: que diabos de família é essa?

Nas aulas de cinema na faculdade aprendi que geralmente gostamos de filmes em que conseguimos estabelecer alguma conexão com a nossa própria realidade e com personagens que possamos construir uma espécie de identificação projetiva. Dificuldades financeiras, controle patriarcal, opressão feminina, exploração infantil: temas que afastam a muitos e instigam a outros. De qualquer modo, o fato é que é muito difícil se manter apático com a dor envolta nessa verdade.

Miss Violence é um trabalho sombrio, perturbador, mas que sem cenas de catarse ou momentos aterrorizantes pode privar espectadores de conhecerem uma trama apavorante e despertar questionamentos importantes sobre famílias aparentemente perfeitas. A realidade miserável que ele denuncia é revoltante e apesar de seus méritos, a sensação de desconforto pode fazer com que seja preferível não assisti-lo novamente. A dica é que você fuja um pouco do tradicional e se permita conhecer uma obra sobre violência que não é fácil de assistir, tampouco gratuitamente violenta.

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Média da classificação 4.3 / 5. Número de votos: 7

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4 Comentários

  1. Eu achei muito bom para mim 8/10
    mais um que vivo recomendando

    1. Quem garante que não foi o outro site que copiou o dela?

  2. Sua melhor resenha, Bianca.
    Expressou muito do que eu senti quando assisti esse filme, porém discordo numa coisa. Daria 5 caveiras, pois a que se propõe esse filme, ele é perfeito.
    Ta aí um filme lento que me pegou.

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